Para detectar a Covid-19, Fiocruz Rondônia atende indígenas com a realização de testes rápidos

Foram realizados 593 testes rápidos para a detecção do vírus SARS-CoV-2 na população visitada. Os casos considerados suspeitos são encaminhados para acompanhamento dos profissionais que atuam na saúde indígena

José Gadelha Fotos: Esio Mendes e Casai/Guajará-Mirim Secom - Governo de Rondônia
Publicada em 21 de dezembro de 2020 às 14:31
Para detectar a Covid-19, Fiocruz Rondônia atende indígenas com a realização de testes rápidos

ldeias visitadas ficam na área de fronteira com a Bolívia

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz RO) realizou mais um mutirão para atendimento de indígenas em oito aldeias, localizadas nos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, região de fronteira com a Bolívia. A ação contou com parceria do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei/Porto Velho), e Casa de Saúde Indígena (Casai/Guajará-Mirim), dando continuidade aos trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos em comunidades indígenas de Rondônia e estados vizinhos, no enfrentamento da Covid-19, com a realização de testes rápidos para detectar a doença.

Em cinco dias, foram realizados 593 testes rápidos para a detecção do vírus SARS-CoV-2 na população visitada. Os casos considerados suspeitos são encaminhados para acompanhamento dos profissionais que atuam na saúde indígena.

Atualmente, a Casai de Guajará-Mirim é responsável pelo atendimento de 60 aldeias, o que corresponde a cerca de sete mil indígenas, distribuídos nessas duas cidades (Guajará-Mirim e Nova Mamoré).

Com o surgimento da pandemia, provocada pelo novo coronavírus, as dificuldades na assistência à saúde indígena foram reforçadas. “Foi preciso reforçar o nosso trabalho com a contratação de uma equipe de resposta rápida, para fazer o acompanhamento presencial e oferecer um atendimento individualizado nas aldeias”, pontua José Lemos, enfermeiro e coordenador técnico da Casai de Guajará-Mirim.

Segundo o coordenador, uma das principais dificuldades é a distância de algumas localidades, como é o caso da aldeia Ricardo Franco, que faz fronteira com a Bolívia, e a equipe leva 10 horas de viagem de barco para chegar ao destino. Já, a Aldeia São Luiz, que fica localizada às margens do rio Pacaás Novos representa outro grande desafio, pois durante a estiagem, a equipe leva até cinco dias para chegar ao local. No período chuvoso, o mesmo trajeto pode ser feito em até sete horas de barco.

De acordo com o presidente do Conselho Local de Saúde Indígena, Edmilson Oro Waram Xijein, a população indígena foi pega de surpresa com a pandemia e “esse trabalho realizado em parceria com a Fiocruz Rondônia ajuda a compreender como está o avanço do vírus em nossas aldeias e, ao mesmo tempo, indica para as autoridades responsáveis pela saúde indígena os caminhos que devem ser adotados em atenção à nossa realidade”, argumenta o líder indígena.

Dados oficiais da Casai/Guajará-Mirim informam que desde o começo da pandemia, 700 indígenas de Guajará-Mirim e Nova Mamoré contraíram a Covid-19, e um óbito foi registrado na aldeia Mangueira, no rio Mamoré. Edmilson Xijein relata que essa é uma das localidades que geram maior preocupação, tendo em vista o aumento de novos casos, e espera que novas iniciativas como esta da Fiocruz RO possam contemplar a população indígena da região.

A pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz RO, Deusilene Vieira, chefe do Laboratório de Virologia Molecular, que coordenou o mutirão, informa que outras aldeias indígenas de acesso fluvial serão visitadas no início do próximo semestre, na região de Guajará-Mirim. “Esse é um compromisso social que assumimos e a nossa missão é promover a assistência à saúde também dos povos indígenas, principalmente nesse contexto da pandemia em que estamos vivendo”, finaliza.

A ação da Fiocruz RO contou com a participação das colaboradoras Alice Sabatino, do Controle de Qualidade, a enfermeira e tecnologista em Saúde Pública Simone Mendes, e Vanessa Modesto, do Laboratório de Virologia Molecular.

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