Pesquisa da UNIR aprimora processo de abate de peixes
O objetivo é implementar a técnica de eletronarcose para evitar o sofrimento animal, além de gerar economia para o produtor e melhoria na qualidade da carne do pescado abatido deste modo
Um estudo realizado por pesquisadores do campus da UNIR em Presidente Médici está elaborando protocolos para abate humanitário de peixes das espécies nativas amazônicas. O foco é no tambaqui e no pirarucu. O objetivo é implementar a técnica de eletronarcose para evitar o sofrimento animal, além de gerar economia para o produtor e melhoria na qualidade da carne do pescado abatido deste modo. “A cadeia do tambaqui abrange mais de seis mil pisciculturas em Rondônia, o que nos obriga a profissionalizar, tecnificar e otimizar a eficiência produtiva, de abate e processamento, garantindo qualidade e segurança comercial aos produtores e consumidores”, explica a professora Jucilene Cavali, do curso de Zootecnia da UNIR e coordenadora da pesquisa.
A técnica de eletronarcose é um procedimento de insensibilização (sedação) de peixes que consiste na utilização de correntes elétricas para deixar os animais inconscientes para o abate. “Por ser instantâneo, o método evita o sofrimento animal e garante a qualidade do pescado, que se mantém fresco por mais tempo, de cinco a sete dias, características que são demandadas quando se almeja a rastreabilidade do produto para nichos específicos de mercados importadores”, detalha a professora Jucilene.
De acordo com a pesquisadora, ainda não havia estudos sobre a corrente elétrica ideal a ser utilizada para peixes de médio e grande porte, e a maioria dos dados disponíveis eram relacionados à tilápia, um peixe menor e mais leve. Os peixes utilizados no estudo têm em média 2,5 quilos, caso do tambaqui, e 12 quilos, o pirarucu. O trabalho da equipe de pesquisadores consiste em definir parâmetros de corrente seguros para as duas espécies, além de avaliar o bem estar animal e a qualidade da carne no fim do processo.
Em Rondônia, ainda se utiliza a imersão dos peixes em água com gelo para causar insensibilização pré-abate. O processo, embora bastante popularizado, gera desconforto ao animal e reduz a qualidade do produto, conforme explicou Cavali. Contudo, para que a eletronarcose seja implementada nas pisciculturas e frigoríficos do Estado, são necessários investimentos em estrutura e equipamentos, além novos estudos. “A intenção é dar continuidade ao projeto com a avaliação de outras espécies de peixes amazônicos, como o pintado e até mesmo o jacaré”, adiantou a professora.
A pesquisa está em fase de conclusão e os resultados finais, contendo as especificações dos parâmetros para as duas espécies, serão divulgados em breve em revista acadêmica, com previsão de publicação para o primeiro semestre de 2022.
O trabalho é realizado por professores e alunos dos cursos de graduação em Engenharia de Pesca e Zootecnia, além do Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais (PGCA), e integrantes do Grupo de Pesquisas em Tecnologias Agroambientais, GPTA; Núcleo de Estudos em Peixes Tropicais, Nepet; e Agertek. Também estão envolvidos pesquisadores do doutorado em Sanidade e Produção Animal na Amazônia (PPGESPA/UFAC) e bolsistas Pibiti/UNIR/CNPq. A pesquisa também contou com a parceria de empresas privadas e pesquisadores da área de psicultura. Os abates realizados durante a pesquisa, por exemplo, aconteceram em pisciculturas e frigoríficos nos municípios de Uruá, Porto Velho e Itapuã do Oeste.
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