Por que o PSDB está acabando e o PT está mais forte?
"O abandono da via democrática e a perda das bases de apoio na classe média levaram o PSDB à situação atual, apontada por Lula"
O PT e o PSDB protagonizaram as maiores disputas políticas no Brasil ao longo de 20 anos – de 1994 a 2014. O PSDB venceu duas eleições no primeiro turno, com FHC ganhando de Lula no primeiro turno – em 1994 e 1998. O PT venceu quatro vezes – 2002, 2006, 2010 e 2014 -, com Lula e Dilma Rousseff se elegendo presidentes do Brasil.
Desde então, essa polarização foi desarticulada, com o PSDB entrando em crise aberta. Derrotado pela quarta vez sucessiva, o PSDB decidiu apoiar o impeachment da Dilma, somando-se à extrema direita na nova ruptura da democracia.
Começou ali a crise que levou o PSDB à sua crise terminal atual. O partido se distanciou da prática democrática que tinha assumido desde a sua fundação, quando havia disputado democraticamente a presidência do Brasil em 6 eleições.
Enquanto que o PT se manteve fiel à democracia, lutou contra o impeachment da Dilma, que caracterizou como um golpe, por não ter nenhum fundamento legal. Por isso o PT, embora sofrendo os duros efeitos da repressão contra o partido, com a derrubada do governo da Dilma, a prisão do Lula, o impedimento do Lula ser candidato – tudo sem fundamento legal, como o próprio Judiciário reconheceu depois – seguiu resistindo.
Essa é uma diferença essencial, que explica por que o PT se fortaleceu, enquanto o PSDB caminhou para o seu fim. No entanto, há outra explicação, para compreender, antes disso, por que o PSDB perdeu quatro eleições, depois de ter ganho duas.
A razão está na opção do FHC quando, eleito presidente, optou pelo caminho trilhado já, naquele momento, pela social-democracia europeia, começando por Mitterrand, seguido por Felipe Gonzalez, de abandonar seu programa histórico, para aderir a uma modalidade de neoliberalismo.
O sucesso imediato de controle da inflação foi sucedido pelo fracasso pelo aumento das desigualdades e pela profunda recessão da economia. Não apenas FHC não conseguiu eleger seu sucessor, como o PSDB nunca mais ganhou eleições presidenciais.
Enquanto que o PT, com o governo do Lula, colocou em prática uma política anti-neoliberal, privilegiando as políticas sociais no lugar do ajuste fiscal; privilegiando os processos de integração regional ao invés dos Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos; resgatando o papel ativo do Estado, ao invés do Estado mínimo e da centralidade do mercado.
Foi um governo vitorioso, não apenas porque elegeu sua sucessora, mas também porque diminuiu as desigualdades sociais e regionais, a fome e a miséria, no país mais desigual do continente mais desigual do mundo. O PT se diferenciou assim amplamente dos governos do PSDB, tanto pelo conteúdo das suas políticas, quanto pelo sucesso político de conseguiu quatro triunfos eleitorais sucessivos para a presidência do Brasil.
Os dois partidos representavam assim duas políticas antagônicas: neoliberais do PSDB, anti-neoliberais do PT. O fracasso do governo de FHC e o sucesso do governo do Lula são as explicações de fundo dos destinos futuros do PSDB e do PT.
Mas foi a partir do abandono da via democrática pelo PSDB que o partido se condenou, definitivamente, à decadência irreversível. Ao mesmo tempo, suas bases de apoio nas classes médias foram se radicalizando para a extrema direita. Nas manifestações na Avenida Paulista, seus líderes naquele momento – Alckmin, Serra – eram rejeitados. Eles tinham passado a preferir líderes de extrema direita, entre eles o próprio Bolsonaro.
O abandono da via democrática e a perda das bases de apoio na classe média levaram o PSDB à situação atual, apontada por Lula. Enquanto o PT, aprofundando seu compromisso com a democracia, reafirmando um programa de governo anti-neoliberal, projetou a imagem do partido e do Lula como as mais fortes no Brasil de hoje.
Coronel foge para não explicar por que o Exército compra Viagra do laboratório que inundou o país de cloroquina
"Ao deixar deputados à espera de suas explicações, é possível que Anderson Berenguer tenha avaliado que deveria proteger a própria pele", escreve Denise Assis
Armas para reservistas sinalizam "Capitólio" de Bolsonaro
"O 'Capitólio' de Bolsonaro pode ter um roteiro diferente do de Trump", escreve Alex Solnik
Presidente do PSOL visita Porto Velho para discutir cenário eleitoral
Juliano Medeiros estará na cidade no sábado (11). O objetivo será alinhar estratégias eleitorais e iniciativas do partido para os próximos dois anos
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook