Povo Cinta Larga concilia produção de castanha e proteção da floresta
O objetivo é fazer com que os indígenas mantenham a produção, além colaborar para que, no pós-pandemia, as etnias invistam em processos de geração de renda
"A gente tem tudo para abranger a agricultura familiar mantendo a cultura do nosso Povo Cinta Larga. E a Coocasin provou que tem esse legado de ensinar o índio a trabalhar, a ganhar seus R$ 1.500,00 por mês, a segurar o seu dinheiro. Então tem como ele viver melhor. E a nossa cooperativa vem provando isso, tirando indígenas da criminalidade, da bebida, das drogas." Com essas palavras, João Cinta Larga, presidente da Cooperativa Extrativista de Castanha Indígena (Coocasin), define a importância da coleta e beneficiamento da castanha produtiva para a autonomia de sua comunidade.
A produção de castanha do povo Cinta Larga vai atingir 80 toneladas na safra 2020-2021, na Terra Indígena Roosevelt, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Para realizar a coleta da castanha nos milhares de hectares de castanhais, os indígenas Cinta Larga contam com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a aquisição de ferramentas, a instalação de maquinário para o beneficiamento da castanha, o transporte da produção e a capacitação dos indígenas.
Para o presidente da Funai, Marcelo Xavier, o povo Cinta Larga soube desenvolver a atividade extrativista de forma a conciliar o ganho econômico com a preservação da floresta no território indígena. “É importante reconhecer a integração entre atividade sustentável, geração de emprego e renda e qualidade do produto. A conservação da floresta também agrega valor à castanha, o que confirma a força de projetos sustentáveis realizados pela comunidade indígena”, afirma Xavier.
A produção da castanha gera emprego para cerca de 280 famílias indígenas que garantem sua renda com a comercialização do produto para os estados de São Paulo, Santa Catarina e Goiás, além dos municípios de Rondônia. Em 2020, os Cinta Larga venderam parte da produção para o Programa Estadual de Aquisição de Alimentos (PAA/RO). “A nossa expectativa para os próximos anos é ampliar ainda mais esse mercado. Nós já estamos com uma conversa bem avançada com os compradores dos Estados Unidos e temos certeza que essa conquista logo vai acontecer”, destaca o presidente da Coocasin, João Cinta Larga.
“Foi a primeira vez que os indígenas entregaram parte da produção da castanha ao Programa de Aquisição de Alimentos do estado de Rondônia. Isso demonstra a necessidade dos povos indígenas em diversificarem sua produção. Nosso produto agrega valor, tem um preço justo e estamos com a documentação em dia, sendo possível a participação nos demais programas de governo ofertados”, ressalta João Cinta Larga.
O coordenador-geral de Etnodesenvolvimento da Funai, Juan Negret Scalia, avalia ser fundamental o incentivo à inserção dos povos indígenas nas políticas de compras públicas e de preços mínimos. “Garantir um valor justo da produção, assim como garantir a possibilidade de venda aos mercados institucionais é fundamental para gerar renda a partir das cadeias produtivas sustentáveis e promover a conservação da biodiversidade”, conclui.
Nos últimos dois anos, a Funai investiu aproximadamente R$ 30 milhões em projetos voltados para a geração de renda nas aldeias e fortalecimento cultural dos povos indígenas, atendendo aos preceitos constitucionais de respeito aos usos, costumes e tradições de cada etnia. Os recursos foram destinados para ações que visam a autossuficiência das comunidades indígenas, como a aquisição de materiais de pesca, sementes, mudas, insumos, ferramentas e maquinário agrícola.
Desde o início da pandemia do novo coranavírus, em março de 2020, a Funai já investiu cerca de R$ 18 milhões em ações de etnodesenvolvimento nas aldeias de todo país. Os recursos foram destinados a atividades de piscicultura, roças de subsistência, colheita de lavouras, confecção de máscaras de tecido e artesanato, produção agrícola, casas de farinha, entre outros. O objetivo é fazer com que os indígenas mantenham a produção, além colaborar para que, no pós-pandemia, as etnias invistam em processos de geração de renda.
Série especial
Outros projetos que contam com o apoio da Funai têm apresentado resultados expressivos na transformação da realidade das comunidades indígenas, como a produção de grãos do Povo Paresi no Mato Grosso, a produção de camarão do Povo Potiguara na Paraíba e a produção artesanal dos indígenas Guarani no Sul do país. Esses projetos serão abordados em matérias especiais no portal da Funai durante o mês de abril deste ano. Acompanhe!
Governo de Rondônia dispõe de R$ 48 milhões para resgatar dívidas de precatórios e atender credores
A proposta está materializada no Edital nº 01/2021, publicado no último dia 7 de abril, e que vai normatizar o certame
Indenização de 50 mil reais para os profissionais da saúde que atuaram na linha de frente do combate a COVID-19
Contudo, essa compensação não abrangerá todos os profissionais e trabalhadores da saúde, ela é destinada àqueles que ficaram incapacitados permanentemente ou que foram a óbito em razão da COVID-19
Roberto Carlos ganha homenagem no site do Itaú Cultural em comemoração ao 80º aniversário do cantor
Todas as canções escolhidas pelos convidados ficam disponíveis em uma playlist criada na conta do Spotify do Itaú Cultural
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook