Presidente da Energisa esclarece dúvidas de vereadores e prefeito em reunião na Prefeitura
Encontro serviu para apresentação de detalhes dos investimentos e modo de funcionamento da empresa
REUNIÃO no gabinete da Prefeitura tratou diversos assuntos e sanou dúvidas envolvendo a Energisa
O presidente da Energisa Rondônia, André Theobald, respondeu a várias dúvidas do prefeito Eduardo Japonês e dos vereadores em reunião de cerca de duas horas no Gabinete da Prefeitura. Nova reunião será realizada ainda em novembro para a negociação da dívida da Prefeitura com a empresa.
Estiveram na reunião os vereadores Ronildo Macedo, presidente da Câmara, França Silva, Rafael Maziero, Samir Ali, Professora Valdete, Leninha do Povo, Carlos Suchi e Rogério Golfetto, bem como os secretários de Planejamento, Ricardo Zancan, Comunicação, Jovino Lobaz, além da procuradora geral do município, Marcia Helena Firmino e a chefe de gabinete, Margarida Duarte.
Diversos assuntos foram abordados, através de questionamentos dos parlamentares e do Executivo. A reunião começou com uma exposição técnica do presidente da empresa. Abaixo, segue relato do encontro, na íntegra.
MÃO DE OBRA - André iniciou a reunião explicando os investimentos que a empresa está fazendo no aumento de mão-de-obra especializada para melhora da prestação de serviços. “Alinhamos com o Sistema S que eles formariam três turmas de especialistas para que possamos contratar, com aulas em Porto Velho, Ji-Paraná e Vilhena. São 4 meses de formação e mais 45 dias de treinamento em campo. Isso vai nos ajudar a suprir a demanda de 600 técnicos que precisamos atualmente”, conta.
A Energisa também firmou parceria com o Exército, tanto em Porto Velho como em Guajará-Mirim, investindo em equipamentos para treinamento dos eletricistas. Nos quartéis os ex-soldados poderão aprender nova profissão relacionada ao setor de atuação da concessionária.
Todos os estudantes, através de treinamento em linhas elétricas, transformadores e postes educativos, poderão aprender na prática o dia-a-dia da empresa. Estes equipamentos para laboratório de ensino custaram cerca de R$ 1 milhão para entrar em funcionamento.
A empresa afirmou ainda que apoia a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na realização de projeto piloto em Porto Velho com jovens de 14 a 16 anos. Serão formados 500 jovens oriundos de bairros distantes do Centro para que a Energisa dê oportunidade de primeiro emprego aos que se formarem.
André revelou também que 92% dos contratados da empresa são de Rondônia e que fará muitas contratações em breve para que o serviço possa melhorar.
INVESTIMENTOS - “Até o ano que vem iremos instalar 24 subestações. Nos últimos 30 anos a Ceron havia instalado somente cerca de 60 subestações”, contou André ao comentar os investimentos que a empresa está fazendo no Estado.
Em Vilhena, apenas no ano de 2019 a Energisa explicou já ter investido R$ 3,1 milhões através do programa Luz para Todos, do Governo Federal, na zona rural. Recentemente também inaugurou nova rede elétrica que custou R$ 1,5 milhão e está promovendo a substituição de equipamentos das subestações para poder evitar as quedas de energia.
Estão previstos ainda R$ 3,4 milhões de investimentos na instalação das lâmpadas de LED, como informado previamente pela equipe técnica há alguns dias para melhorar a eficiência energética do município.
DÍVIDAS - André explicou que a reunião era apenas um encontro de cortesia, de uma hora de duração, assim como fez e continuará fazendo em várias outras cidades rondonienses durante a semana. Para tratar especificamente da dívida da Prefeitura com o município, o setor jurídico da Energisa revelou que mantém marcada para novembro uma reunião entre Executivo, Energisa e Câmara para definir, de uma vez por todas, a negociação a ser adotada.
“Temos que fazer a boa prestação de serviços mas esse é um assunto diferente da dívida que já está judicializada e transitada em julgado. Discutiremos os números em detalhes da dívida com o município em novembro”, disse o presidente.
Mesmo assim, estimulado pelos vereadores, André entrou no assunto e falou sobre essa dívida e também sobre a negociação da Energisa com o Governo do Estado para quitar seu próprio débito com Rondônia. “A dívida original é de R$ 359 milhões e há mais quase R$ 900 milhões em juros e multas, o que resulta em R$ 1,49 bilhão. No entanto, o Estado nos deve R$ 700 milhões oriundos de dívida da Caerd”, revelou o presidente.
A dívida se formou quando a Ceron não fez recolhimento do ICMS em anos passados. Atualmente se propõe desconto de 85% do valor de juros e multas da Caerd e do Estado, para pagamento do restante à vista. O Estado, segundo André, por sua vez deverá pagar à Energisa o valor que deve em 180 meses com carência de 18 meses. “Essa negociação, que está em análise na Assembleia Legislativa, vai dar R$ 12 milhões para Vilhena, conforme o rateio entre os município”, disse.
Em relação à negociação da Prefeitura com a Energisa, André classificou as tratativas como excelentes. “A negociação que o prefeito Eduardo Japonês fez ficou ótima. Pois estamos dando muito desconto e possibilidade de pagamento parcelado em muitas vezes. A condição de negociação do Estado com a Energisa é muito pior do que a que fizemos com a Prefeitura de Vilhena. Se fizéssemos a negociação com vocês nos mesmos termos que o Estado fez com a gente, Vilhena teria que pagar à vista R$ 34 milhões mais 15% dos juros e multas, o que dá mais R$ 7,8 milhões. Nós estamos dando desconto e parcelamento, é uma negociação ótima”, contou.
AUMENTOS NA CONTA DE ENERGIA - André analisou uma conta de energia para os presentes. Explicou que de cada R$ 100 de uma conta, apenas R$ 19 são da Energisa. “Em sua conta de energia, apenas o valor da Distribuição de Energia é nosso. Tarifa de energia elétrica é congelada, não muda, o contrato de concessão define o valor e não altera depois. Dezembro acontece um reajuste tarifário, data determinada pela Aneel. Os impostos descritos aqui não têm nada a ver comigo, pois são do Governo Estadual e Federal”, explicou.
Segundo André, o aumento é explicado por vários fatores concomitantes. “O pagamento de fornecedores atrasados custou cerca de R$ 1 bilhão. Isso, obrigatoriamente, teve de ser feito de uma vez. Somado a isso, aconteceu uma crise hídrica no país e ainda tivemos 3 anos sem alterações na bandeira tarifária e sem reajustes na conta do Estado. Menos de 1% do aumento foi para a Energisa. Se fosse outra distribuidora qualquer, seria a mesma situação”, garantiu.
Junto de seu corpo técnico, André frisou também que o período seco aumenta muito o consumo de energia aparelhos elétricos de resfriamento. “Analisem os últimos 36 meses. Sempre houve aumento na época de muito calor em Rondônia. Nos colocamos à disposição para fazer análise in loco de 100 casos da cidade, como amostra, para verificação de medidores e estudo do histórico de consumo dos últimos 36 meses. Podemos fazer uma força-tarefa, se desejarem”, assegurou.
PREFEITO E VEREADORES - O prefeito Eduardo Japonês elogiou a atitude do presidente de procurar as prefeituras do Estado pessoalmente. “É digno de elogios o senhor buscar diálogo aberto com as cidades. Vir aqui e explicar é importante. Fiz questão de convidar os vereadores para que essa explanação fosse ainda mais ampla, já que eles representam a população”, agradeceu Japonês.
Ricardo Zancan lembrou que a dívida do município com a Energisa tem trânsito em julgado e que, se não for negociada e cobrada em precatórios, a Prefeitura será obrigada a pagar toda a dívida em 10 anos. “O valor vai para quase R$ 50 milhões, sem a negociação, e com prazo curto. Atualmente estamos negociando pagamento em 25 anos com valor menor”, disse.
Ronildo Macedo, presidente da Câmara, solicitou informações sobre a dívida da Energisa com o Estado e lembrou que tão importante quanto a Prefeitura pagar é o município receber sua parte da dívida da empresa com o Estado.
A vereadora Professora Valdete demonstrou insatisfação com a qualidade da prestação de serviços à população e levou contas de energia, que foram analisadas por André durante sua fala. Samir questionou o presidente quanto à uma dívida que a Ceron tinha com a Prefeitura, mas que foi cancelada, em um caso envolvendo postes de madeira e a Vigilância Sanitária. O presidente admitiu desconhecer o caso.
Carlos Suchi disse que funcionários estão tratando mal os consumidores e hostilizando os consumidores. Theobald pediu que o vereador encaminhe todos os casos para a empresa tomar as providências cabíveis.
Rafael Maziero cobrou informações sobre a negociação da Prefeitura com a empresa, quando foi informado que uma reunião inteiramente sobre o tema será feita no início de novembro. Leninha também trouxe demandas de moradores que teriam sofrido com aumentos na conta de energia com três vezes o valor normal. Rogério Golfetto fez coro à vereadora e usou sua empresa, que tem refrigerador, como exemplo, ao demonstrar que o consumo aumentou, sem ter feito instalações adicionais
A imprensa pôde fotografar e filmar parte do encontro, mas o presidente da Energisa, como já havia sido informado, não concedeu entrevista aos jornalistas que aguardaram sua saída do gabinete. No entanto, se dispôs a receber as dúvidas para responder por texto.
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