Primeiro sítio arqueológico descoberto na Serra da Capivara completa 50 anos

Na Toca do Paraguaio, arqueólogos encontraram dois indivíduos datados de nove mil anos. A descoberta contribuiu para a criação do Parque

ICMBio
Publicada em 22 de agosto de 2023 às 13:17
Primeiro sítio arqueológico descoberto na Serra da Capivara completa 50 anos

Foto: Acervo Parna da Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) comemora neste mês 50 anos da descoberta do primeiro dos oitocentos sítios arqueológicos existentes na unidade: a Toca do Paraguaio. As pesquisas, iniciadas na década de 1970, continuam até os dias de hoje.   

 A Toca do Paraguaio tem 70 metros de comprimento e é formada por arenito. Segundo a chefe do Parque, Marian Rodrigues, foram encontrados dois esqueletos humanos completos, com datações de aproximadamente nove e dez mil anos. Além disso, foram descobertos cerâmicas, fragmentos de rochas, sementes, minerais e um paredão com mais de 900 pinturas rupestres que ajudam a compreender o comportamento destes seres humanos. O indivíduo número 1, um homem teve estatura média estimada em 1,59 m, enquanto o indivíduo 2, uma mulher, teria 1,56 m.   

Estas descobertas contribuíram para desvendar aspectos importantes da ocupação humana nas Américas e permitem discussões mais aprofundadas sobre o tema. Em 2009, uma análise do crânio do indivíduo 1 mostrou similaridades com populações da Austrália e África, enquanto o do indivíduo 2, com as populações da Ásia ou de povos paleoamericanos. De acordo com os cientistas que realizaram a análise, o resultado reforça a hipótese de que duas populações morfologicamente diversas ocuparam as Américas. Além disso, as pesquisas identificaram diferenças culturais entre esses dois indivíduos a partir da disposição dos esqueletos, uma vez que a Toca do Paraguaio era uma sepultura.  

“A variedade de vestígios em um único contexto arqueológico possibilita análises dos modos de vida de quem ali habitou. É possível entender, em um enterramento, sobre rituais fúnebres, como o indivíduo morreu, a idade... “, explica Marian. “O material lítico indica os tipos de matérias-primas usadas para fabricar as ferramentas. Como em período pré-histórico não existe a escrita, estas são formas que temos de compreender os modos de vida dos humanos nesse período”, exemplifica.   

Os achados fundamentaram a hipótese da arqueóloga Niède Guidon, que defendeu que a ocupação das Américas ocorreu bem mais cedo do que se pensava. A teoria predominante era de que o homem chegou às Américas emigrando da Ásia pelo Estreito de Bering, há 15 mil anos. Porém, as descobertas feitas no Parque Nacional da Serra da Capivara são de um período mais antigo: com vestígios humanos datando até de 48 mil anos. Além de revolucionar a ciência, os sítios históricos contribuíram para a criação do Parque, em 1979, com a finalidade de proteger a biodiversidade e os patrimônios históricos e culturais.    

Dia Nacional do Patrimônio Histórico e Cultural  

No dia 17 de agosto é celebrado o Dia Nacional do Patrimônio Histórico e Cultural em homenagem ao advogado, escritor e jornalista Rodrigo Melo Franco de Andrade, responsável pela criação do atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).    

O Parque Nacional da Serra da Capivara é um patrimônio histórico e cultural do Brasil, que é o conjunto de bens materiais e físicos que possuem importância histórica para a formação cultural da sociedade. São exemplos: obras de arte, pinturas, monumentos, cidades, parques naturais e sítios arqueológicos. 

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