Psiquiatras alertam sobre sinais para prevenção ao suicídio em live pelo Cremero

Entre as causas externas de mortalidade, o suicídio encontrava-se na sombra dos elevados índices de homicídio e de acidentes com veículos, 7 e 5 vezes maiores

Assessoria
Publicada em 25 de setembro de 2020 às 13:37
Psiquiatras alertam sobre sinais para prevenção ao suicídio em live pelo Cremero

No Brasil, até pouco tempo, o suicídio não era visto como um problema de saúde pública. Entre as causas externas de mortalidade, o suicídio encontrava-se na sombra dos elevados índices de homicídio e de acidentes com veículos, 7 e 5 vezes maiores. No entanto, a necessidade de se discutir a violência, de modo geral, trouxe à tona o problema do suicídio. Os psiquiatras Dr. Humberto Müller, Dr. Aparício Carvalho, Dr. Robinson Machado e Dr. Ivo Lauro Dickow, estiveram reunidos nesta quinta-feira em uma mesa redonda virtual transmitida pelo canal do Youtube do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero) abordando o assunto com propriedade.

De acordo com o médico e também Diretor-Secretário Núcleo de Psiquiatria de Rondônia (NPR), Dr. Humberto Müller, o que se percebeu ao longo dos anos foi que quanto menos se falou sobre o tema mais aumentava os casos. “O Brasil figura entre os dez países que mais registram suicídios. E o mais lamentável dizer é que a maioria dos casos podiam ter sido evitados através da cura ou controle com tratamentos adequados. Quase 100% eram portadores de doenças psiquiátricas ou transtornos mentais, e dados apontam as três mais recorrentes respectivamente, como depressão e transtorno bipolar, dependência química e esquizofrenia”, esclareceu o psiquiatra.

Também presente na conversa esteve o médico psiquiatra e Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB/RO), Dr. Aparício Carvalho, que reforçou a importância de tornar público as informações adequadas que envolvem questões de prevenção ao suicídio. “Essa doença é tratável e precisamos quebrar o preconceito tornando o assunto claro e acessível a serviço da população. Essas quatro instituições, Núcleo de Psiquiatria de Rondônia (NPR), AMB/RO, Cremero e Programa de Residência Médica de Psiquiatria do Hospital de Base se unem para tal, na busca de sempre encontrar caminhos e soluções para reduzir os impactos que temos visto na nossa sociedade”, garantiu Dr. Aparício Carvalho.

A visão de dentro do Casulo

O Presidente do Cremero Dr. Robinson Machado relatou sobre o impacto da pandemia na potencialização dos transtornos mentais e que o fato dos ambulatórios dessa e das demais especialidades terem sido suspensos em atenção ao Covid-19, as pessoas foram desassistidas no momento em que mais precisavam. “As pessoas não estão sabendo lidar muito bem com essa situação. Como psiquiatra, na minha concepção, suicídio é a falta de fé e esperança no amanhã. A pessoa sente uma dor tão grande na alma e sem saber externar procura o suicídio como fuga. Em média, 90% não querem morrer, mas querem cessar a dor de qualquer forma. É nesse momento que é preciso esclarecer que existe um caminho e a procura por profissionais capacitados é o melhor a se fazer. Com o retorno dos ambulatórios, temos tentado mostrar que a pandemia veio e está passando. E que precisamos extrair dela a importância de retornarmos para a simplicidade dos momentos e relacionamentos”, acrescentou.

Completando as participações na reunião, o Supervisor do Programa de Residência Médica de Psiquiatria do Hospital de Base Dr. Ivo Lauro Dickow apresentou um comparativo destacando o isolamento social e seus riscos. “O afastamento social, o ‘ficar preso dentro de casa’ como a transformação da lagarta no casulo até vir a ser borboleta, apontou para duas vias: de um lado a de um crescimento positivo de autoconhecimento e reflexão, de outro lado, o reverso em lidar com uma situação tão crítica de problemas existenciais. Os serviços disponíveis e responsáveis pela psiquiatria no nosso Estado no pós pandemia será fundamental para auxiliar as pessoas a saírem de casa, na tentativa de sair leve. Estamos desde já a disposição da população”, finalizou o psiquiatra.

Comentários

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    Rui Carlo 28/09/2020

    Em meus anos em acompanhamento de grupos de autocidas, percebi que tratar desse assunto com não-suicidas é uma medida excelente para prevenção, contudo, para as pessoas que desenvolvem síndromes não acredito ser muto viável - primeiro porque a maioria das pessoas não consegue entender o que leva pessoas a cometerem ou tentarem, ou simplesmente elaborarem exaustivamente, o ato.

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