Quem é o dono do C.P.A?
Diálogo, paz, respeito e fraternidade deviam ser seguidos pelos governantes corretos. Chega de guerras e de ódio!
A sigla CPA significa Centro Político-Administrativo e se localiza em Porto Velho, a suja e imunda capital de Roraima. Foi idealizado e construído pelo ex-governador de Rondônia Ivo Cassol, aquele do “Império da Roça”, entre os anos de 2008 e 2010 e foi inaugurado por volta do ano 2011 já por Confúcio Moura e teria custado na época aos cofres públicos a bagatela de 175 milhões de reais. Algo em torno de uns 350 milhões de reais em dinheiro de hoje. O dono do CPA é, portanto, todo o povo de Rondônia, uma vez que foi erguido com o dinheiro dos impostos pagos por todos os contribuintes do Estado. Não pertence a nenhum governador nem a nenhum governo de plantão, que são passageiros. Esta semana, assim que eclodiu a guerra entre Israel e o Hamas lá no Oriente Médio, o CPA apareceu com uma imensa bandeira do Estado judeu.
Não se sabe, por enquanto, quem mandou hastear aquele “pavilhão estranho” aos rondonienses e também aos brasileiros de um modo geral. A bandeira de Israel é muito bonita e até combina com as cores dos prédios do CPA. Mas está errado fazer isso. É completamente fora de propósito uma simples, pobre e incivilizada província de um país qualquer hastear a bandeira de uma nação estrangeira em um prédio público. E os palestinos? Por que também não foram agraciados com a sua bandeira sendo hasteada no CPA de Porto Velho? Nada contra Israel e muito menos contra os palestinos, mas assuntos internacionais e política externa são temas que devem ser tratados pelo governo federal através do Ministério das Relações Exteriores. Além do mais, quando um governo, ainda que regional e sem nenhuma importância, toma partido numa guerra pode ferir interesses.
O governo de Rondônia não pode apoiar Israel nem a Palestina nessa guerra insana. Até porque esse Estado tem o privilégio de ser a “pátria” de vários descendentes de judeus e também de muitos “árabes-libaneses-palestinos”. Todo rondoniense devia se orgulhar, e muito, das famílias Gorayeb, Roumiê, Toufic Matny, da família Hijazi (do restaurante Almanara), da família Esber (da Gráfica Imediata) e de tantos outros como por exemplo a família Hussein da professora Magda lá de Vilhena. Muitos judeus também deram infinitas contribuições a Rondônia, ao Brasil e ao mundo. Os dois povos são muito importantes no conturbado momento em que vivemos. Cabe a qualquer governo, regional ou nacional, prezar pela paz entre eles e contribuir para isso. Mas hastear uma bandeira de apenas um lado pode incitar a violência desnecessária e ser injusto com o outro lado.
Tomara que esta insanidade não seja ainda resquícios do Bolsonarismo enrustido em algumas pessoas radicais e inconvenientes. “O Hamas não é a Palestina. O Hezbollah não é o Líbano. Al-Qaeda não é o Paquistão. O Talibã não é o Afeganistão. As FARC’S não são a Colômbia. O Boko-Haran não é a Nigéria. O Estado Islâmico não é o Iraque, assim como o Bolsonarismo não é o Brasil”. Pela lógica e em nome da paz e do respeito, aquela bandeira hasteada no CPA de Porto Velho deveria ser retirada dali imediatamente. Já não chega a vergonha que Rondônia e todos nós daqui passamos quando a Assembleia Legislativa do Estado, do nada e sem nenhum critério, deu o título de cidadão honorário a Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel? Como disse o cristão Papa Francisco: “em uma guerra, devemos tomar apenas um lado, o da paz”. Diálogo, paz, respeito e fraternidade deviam ser seguidos pelos governantes corretos. Chega de guerras e de ódio!
*Foi Professor em Porto Velho.
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Comentários
O autor trata em seu brilhante texto, Rondônia com se fosse Roraima.
Falou tudo professor, para um governo e um parlamento que ainda não entenderam os limites de seus papeis e o papel plural em representar a população.
Mas vai explicar isso a esse povo que ainda não desceu do palanque e que só estão a envergonhar nosso estado.
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