Quem tem o fascismo à espreita tem pressa

'Qualquer governante do campo democrático, nos dias que correm, terá sempre à espreita uma extrema-direita antidemocrática, babando ódio', diz Bepe Damasco

Bepe Damasco
Publicada em 15 de julho de 2023 às 11:13
Quem tem o fascismo à espreita tem pressa

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em Brasília - 27/06/2023 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

“Oi, tudo bem? Bom dia. Como vão as coisas no ministério? Gostaria de lembrar que faltam só três anos e meio para o fim do mandato.”

Segundo gente que circula pelos bastidores de Brasília, essa tem sido a saudação recorrente do presidente Lula aos seus ministros.

Guiado por sua reconhecida sabedoria política, Lula sabe que não há termos de comparação entre o Lula 1, Lula 2 e o Lula 3.

É que o Brasil mudou. E mudou para pior. .

Qualquer governante do campo democrático e popular, nos dias que correm, terá sempre à espreita uma extrema-direita antidemocrática, babando ódio, mas com densidade eleitoral e expressão política e social.

Devido a um conjunto de fatores que ocupariam o espaço de pelo menos dez artigos, a desgraça brasileira de hoje reside na constatação de que parcela considerável, embora minoritária, da população do país comunga dos valores mais sombrios e repulsivos do neofascismo nativo.

Além de seu compromisso histórico de melhorar a qualidade de vida do povo, a pressa obsessiva de Lula, que, diga-se de passagem, vem rendendo frutos, já que em apenas seis meses já apresenta um respeitável rol de realizações, decerto está relacionada à urgência de desgastar e isolar a oposição bolsonarista

Primeiro Lula cuidou de trazer de volta parte da base popular perdida para o obscurantismo ao recolocar de pé todos os programas sociais exitosos da era petista, além do aumento da faixa de isenção do imposto de renda e do resgate da política de valorização do salário mínimo.

Mirando os estratos médios e os formadores de opinião, Lula não descuidou de ações de revalorização da cultura, da ciência e de defesa do meio ambiente, setores destroçados nos quatro anos do governo anterior, bem como da retomada do protagonismo do país na cena internacional.

A inflação está em queda acentuada, o desemprego arrefece, a moeda nacional se valoriza, enquanto as arrombadas contas públicas começam a entrar nos eixos com o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária (que era tabu) avançando no Congresso rumo à aprovação final prevista para o começo do segundo semestre.

Restam como nós a serem desatados exatamente as principais cidadelas da extrema-direita: o agronegócio, os militares e os evangélicos neopentecostais.

Reportagem interessante recentemente publicada pelo portal UOL mostra como Lula atua nessas frentes.

Como não se faz omelete sem quebrar os ovos, o governo Lula teve que aceitar, na PEC da reforma tributária, não só a confirmação da isenção tributária das igrejas, mas sua ampliação para as entidades ligadas a elas. Era a condição da bancada evangélica para votar a favor.

Do ponto de vista republicano e da justiça tributária, uma tremenda bola fora, sem dúvida. Mas o governo avaliou ser um mal menor diante do risco de derrota da reforma tributária.

Em relação às Forças Armadas, Lula não abre mão de fazer valer a função constitucional dos fardados, investindo na sua despolitização.

Em que pese seja ainda notável o contingente de militares golpistas nas três forças, a política de despolitização vai ganhando terreno, impulsionada pelo cansaço da caserna gerado pela insanidade bolsonarista.

Por outro lado, o volume extraordinário de recursos destinado pelo governo ao Plano Safra é uma aposta do Planalto para reverter a situação em outro terreno hostil e extremamente reacionário, que é o agronegócio.

São ações tópicas e ainda tímidas se confrontadas com o desafio enorme de se avançar nesses bastiões do extremismo. Mas revelam um Lula cada vez mais antenado, em busca da superação dos muitos obstáculos políticos encontrados pelo caminho.

Bepe Damasco

Jornalista, editor do Blog do Bepe

Comentários

  • 1
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    José Antônio Borja 17/07/2023

    Graças à sabedoria da maioria dos brasileiros, bolsonaro (minúsculo) levou um solene pontapé no traseiro, sendo defenestrado do Planalto pelo povo e da política pelo TSE. Lixo no lixo. E será esquecido diante de sua mediocridade e práticas nazifascistas. Talvez meia dúzia de desmiolados (entre eles o S. Pires) prossiga babando seus cullones fedorentos, mas isso só nos diverte, diante da inexpressividade desses.

  • 2
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    edgard alves feitosa 16/07/2023

    a "esquerda" (aquela que se esbaldou no MENSALÃO e no PETROLÃO, juntamente com sua caterva que chamava de "BASE ALIADA ou ALUGADA), arrota "democracia", arrota "pacificar a Nação", arrota "tolerância", mas quando se reporta aos OPOSITORES os classifica de "extrema direita antidemocrática" ou de "fascistas"; provando a total intolerância e radicalismo da esquerda, uma vez que esta se arroga a única detentora da Democracia, como se não houvesse mais ninguém a defender a Democracia; com relação à Reforma Tributária, primeiro NÃO HAVERÁ DIMINUIÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA; pelo contrário, abriu-se uma porteira no arcabouço que permite que os Estados e Municípios criem "contribuições"; segundo, a Reforma não vai entrar em vigor após sua aprovação, LEVARÁ ALGUNS ANOS PARA TER SEUS EFEITOS; conclusão: A REFORMA TRIBUTÁRIA APENAS JUNTOU VARIOS IMPOSTOS EM POUCOS, ISTO É, TROCOU SEIS POR MEIA DUZIA, POIS, REPITA-SE, NÃO HAVERÁ REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA.....e para conseguir isso O GOVERNO DE LULA ESTÁ FAZENDO ACORDOS COM TUDO E TODOS, LIBERANDO BILHOES EM EMENDAS, COISA QUE TANTA CONDENAVA.....TANTO BERRAVA NO GOVERNO ANTERIOR.....LOGO LOGO LULA ESTARÁ SENTADO NO COLO DO CENTRÃO..........

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