Remédio é palanque político, enquanto os brasileiros comuns entopem hospitais, utis e cemitérios

Nem o uso medicinal da maconha causou tantas brigas, algumas furiosas, se determinado remédio pode ser usado ou não; se salva ou não; se mata ou não

Sérgio Pires
Publicada em 20 de maio de 2020 às 08:38
Remédio é palanque político, enquanto os brasileiros comuns entopem hospitais, utis e cemitérios

Não há, nos anais recentes da Medicina e da Ciência, ao menos no Brasil de um século para cá, histórico de que algum medicamento tenha sido transformado em mote ideológico e de palanque eleitoral. Nem o uso medicinal da maconha causou tantas brigas, algumas furiosas, se determinado remédio pode ser usado ou não; se salva ou não; se mata ou não. Talvez algo parecido só tenha acontecido quando Osvaldo Cruz determinou medidas drásticas no combate à febre amarela, no início do século 20. Brincando com vidas humanas e colocando seus interesses ideológicos e pessoais, acima da preocupação maior com a busca de alternativas para a cura do corona vírus, a hidroxicloroquina é a salvadora do mundo para alguns e a vilã enviada pelo demônio para outros. Sem meios termos. A possibilidade de que ela tenha efeitos positivos e ajude, junto com outros medicamentos, a derrotar a Covid 19, não interessa a um grupo de cientistas, médicos, mas, muito mais, a palpiteiros que exigem que sua opinião se sobreponha, não importa quantos morram ou quantos vivam. De outro lado, fanatizados também, querem o uso indiscriminado da droga, como se ela não tivesse todos os riscos que um medicamento como pode ter, para o corpo humano. Como pano de fundo, mais uma vez uma guerra ideológica, enquanto o vírus se espalha, coloca milhares de brasileiros nos hospitais, centenas deles nas UTIs, todos superlotados e mata outros milhares. Médicos e cientistas se digladiam pelas redes sociais, cada um defendendo exatamente o oposto do outro. “Não tem qualquer indício de que a cloroquina acabe com o vírus”, defende um dos lados. “Ela já salvou milhares de vidas”, vocifera o outro. Enquanto isso, no meio da pandemia, ficam os pobres coitados de sempre, joguetes nas mãos dos que preferem vê-los mortos e enterrados, a abrir mão de suas convicções.

Pessoas sérias, algumas que dedicaram toda a sua vida para salvar vidas; gente decente, gente de boa índole, médicos, cientistas, pesquisadores, pessoas que fazem parte de uma casta especial da Humanidade e que nasceu para dedicar-se aos outros, de uma hora para outra se transforma, muda seus objetivos, transfigura-se, para entrar na louca discussão político/medicinal (existe um termo desses no vasto linguajar da língua Portuguesa?), porque nosso país e parte do mundo estão assim, rachados ao meio. Mas o Brasil dividido é o das elites e não pelo povo pobre e sofredor. Esse está desempregado, faminto, sem perspectiva e sem futuro, enquanto os que têm seus salários garantidos estão em férias, recebendo religiosamente sua grana. A fome passa longe desses que não precisam abrir a porta do seu comércio ou vender seu cachorro quente na esquina para sobreviverem.  Esses, os trabalhadores, os empresários desesperados, os desempregados, esses podem morrer, sem saber a quem recorrer, enquanto os graúdos decidem se eles podem ser salvos ou não por esse ou aquele medicamento, porque o importante é a ideologia, não a busca de salvar quem está precisando ser salvo. Uma tristeza!

TRUMP, BOLSONARO, DANIEL PEREIRA...

Ainda sobre o mesmo tema: o presidente Donaldo Trump está tomando cloroquina há pelo menos dez dias. Como prevenção, já que não está com a Covid. O presidente Bolsonaro defende o uso indiscriminado da droga, embora não se sabia se ela resolve apenas alguns poucos casos da doença ou se realmente é o caminho para combater a Covid 19. Aqui em Rondônia, as discussões se alastram. A Sesau já autorizou o uso do medicamento, em casos em que médico e paciente assim o decidem e há sim resultados positivos, embora não em todas as situações. Quem usou cloroquina durante anos (por ter sido vítima de várias malárias), diz que o medicamento tem efeitos colaterais, alguns para a vida toda. É o caso, por exemplo, do ex governador Daniel Pereira, que teve a doença várias vezes (assim como seus familiares) e a combateu com cloroquina. Diz que até hoje tem problemas estomacais e não pode tomar qualquer tipo de bebida de álcool, por exemplo, que sofre intensamente. Nessa história toda, enquanto não surgir um medicamento definitivo e eficaz (o que pode demorar um ano ou até anos), o uso da cloroquina pode ser um bom caminho, desde que sob intenso cuidados médicos e com dosagens supercontroladas. Mas isso não interessa para o debate, é claro. O que interessa mesmo é a ideologia de cada um. Dependendo dela, a cloroquina serve ou deve ser jogada no lixo.

ALE PEDE FIM DE TANTAS MORTES EM GUAJARÁ

Até a terça-feira à noite, 49 casos registrados e 18 mortes. Ou seja, 36,7 por cento das poucas pessoas contaminadas pelo corona vírus em Guajará Mirim morreram, certamente atingindo o maior percentual de óbitos não só em Rondônia, mas também em todo o país. Em nível estadual, a média de mortes sobre o total de casos está em torno de 3,7 por cento. No país inteiro, ela sobe para perto de 7 por cento. Ou seja, a situação em Guajará é de pânico, em função desses números assustadores. Foi por isso que o assunto explodiu como uma bomba na Assembleia Legislativa. O presidente da casa, deputado Laerte Gomes e o representante de Guajará no Parlamento, o deputado dr. Neidson, que também é médico, pediram a intervenção urgente do Governo do Estado, via Secretaria de Saúde, no sistema municipal de Guajará, para tentar conter essa pequena tragédia que o município está passando. Requerimento nesse sentido foi aprovado na noite desta terça. Para se ter ideia e apenas para comparar, Porto Velho tinha até terça-feira, 1.855 casos e 57 mortes, ou 3 por cento do total de afetados pela doença. Ariquemes teve 171 casos e duas mortes, até essa terça. Ou seja, o caso de Guajará é grave e a Sesau está estudando as formas de como deverá agir para tentar conter esse índice de mortalidade tão acentuado naquela cidade.

ZÉ DIRCEU VOLTA AO XILINDRÓ

Entra, fica um pouco e sai. José Dirceu, que já foi guerrilheiro e que se tornou um dos homens mais poderosos do país no governo Lula, voltou para a cadeia. É a quarta vez que ele volta ao xilindró, para cumprir penas por corrupção e várias outras acusações. Ele cumpriu pena de agosto de 2015 a maio de 2017. Foi solto. Voltou para a cadeia e passou apenas 30 dias atrás das grades, entre maio e junho de 2018, sendo solto novamente por decisão do STF. Agora a Justiça Federal não acatou recursos dos advogados de Dirceu e ele está preso de novo. Até quando, ninguém sabe!  Zé Dirceu foi um dos expoentes do petismo, seu mentor intelectual e o criador do Mensalão, que, denunciado pelo então deputado Roberto Jefferson, deu origem a uma série de investigações., que acabaram destroçando a estrutura de roubalheira que dominou o país durante os mandatos de Lula, principalmente, mas também no período em que Dilma Rousseff comandou o país. 

EM DOIS MESES, DE UM PARA 2.413 CONTAMINADOS

Quando estaremos livres dessa terrível Covid 19, que colocou o mundo prostrado, que levou e continuará levando milhares e milhares de vidas e que, ainda, está prestes a causar o maior dano da História à economia de centenas de países, entre os quais, infelizmente, o nosso Brasil? Perigosa, sem cura até agora, sem perspectiva que acabe antes de atingir milhões de pessoas, a doença se espalha como poucas vezes se viu em décadas, senão séculos. Para se ter ideia do quão assustadora ela é, basta se ver os números de Rondônia. Numa quinta-feira, dia 19 de março, foi registrado o primeiro caso da doença no nosso Estado. Exatos 60 dias depois, na terça, dia 19 de maio,  já tínhamos mais de 2.413 casos; 265 internados e nada menos do que 88 mortes. Na noite dessa terça, contudo, o número de contaminados, internados e de mortos subiu de novo. Foram novos 370 casos e 11 mortes a mais em apenas um dia. A boa notícia é que, do total de afetados pela doença, nada menos do que 831 pessoas estão recuperadas e voltando às suas vidas normais. Isso representa mais de 34,5 por cento de pessoas que superaram a Covid 19. Rondônia se antecipou, com várias medidas contra o corona vírus, mas ainda estamos sofrendo muito. Até quando? Essa é a resposta que todos esperamos...

ELEIÇÔES: ADIAMENTO SIM, PRORROGAÇÃO NÃO!

Está por um fio a data de 4 de outubro para a eleição municipal deste ano. Tanto Câmara Federal quanto o Senado vão criar comissão conjunta, na semana que vem, para analisar o assunto e buscar uma alternativa viável, transferindo o pleito para uma data a ser definida. Embora nada ainda esteja concretamente definido, já haveria pelo menos um consenso: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que a grande a maioria dos líderes da Casa defende o adiamento, desde que os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores não sejam prorrogados. Fazer eleição única em 2022, acabando com a gastança com política a cada dois anos, nem pensar.. Maia informou que o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, deve anunciar a criação de um grupo de trabalho conjunto, para decidir a questão. O TSE, ao menos por enquanto, continua mantendo o 4 de outubro como a data do pleito. Mas ao que tudo indica, a eleição será empurrada para final de novembro ou meados de dezembro.

UM DEPUTADO CURADO, OUTRO CONTAMINADO

O deputado Eyder Brasil, que foi testado positivo para o corona há duas semanas, encerrou sua quarentena e está livre da doença. Num vídeo divulgado nas redes sociais, anunciou que novo exame feito agora, comprova que ele  não tem mais o vírus. Ficou todo esse tempo em quarentena, inclusive longe da esposa e do filho recém nascido. No vídeo, Eyder diz que tomou cloroquina, junto com outros medicamentos e que  está totalmente livre da terrível doença. Agora, surge outro parlamentar que estaria começando a quarentena, também por ter resultado positivo. Trata-se do deputado Geraldo de Rondônia, cuja base eleitoral é Ariquemes. Aliás, é nesta cidade que se registrou o maior número de casos depois da Capital, até o início da tarde dessa terça-feira. São 168 casos confirmados, 127 curados (ou 76 por cento de pessoas que já superaram a Covid 19) e apenas uma morte. Restam portanto apenas 41 pessoas que ainda estão ou hospitalizados ou cumprindo quarentena, em Ariquemes

SOS RONDÔNIA E ENERGISA: SOLIDARIEDADE NA PANDEMIA

Campanhas beneficentes, ações de solidariedade e preocupação com os mais vulneráveis têm sido constantes no Brasil, nesse momento de pandemia. Aqui em Rondônia não é diferente. Um exemplo: ação conjunta SOS Rondônia, entre a Associação dos Magistrados de Rondônia, a Ameron;  Associação do Ministério Público de Rondônia e Associação dos Delegados de Polícia, distribuiu em torno de 200 cestas básicas aos ribeirinhos da região do Baixo Madeira, entre as localidades de Nazaré, Renascer, Tira Fogo, Laranjal, Prainha e São José da Praia, no final de semana. Outra iniciativa louvável é da Energisa, que está dando atenção especial no atendimento a idosos. A empresa está fazendo um grande movimento, envolvendo colaboradores da empresa, familiares e amigos. O sistema aumenta os valores doados, porque a Energisa coloca 1 real para cada real doado pelos participantes da iniciativa. a campanha beneficiará 38 instituições nos 11 estados onde a empresa distribui energia elétrica. Em Rondônia, toda a atenção será dada à Casa do Ancião São Vicente de Paula. Para participar, as pessoas devem realizar as doações através do site: https://evoe.cc/energiadobem.

PERGUNTINHA

Quanto tempo ainda você acha que o comércio aguentará com suas portas fechadas, até que comece uma quebradeira geral das pequenas e médias empresas em Rondônia e no Brasil?

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