Respiração Bucal na Infância: o inimigo silencioso do Sono e do desenvolvimento
No entanto, respirar pela boca - sobretudo em pacientes pediátricos - pode ser o primeiro sinal de hipertrofia de adenoide,

Para muitos pais, é comum associar o “bocão aberto” de uma criança à preguiça ou a um hábito inofensivo. No entanto, respirar pela boca - sobretudo em pacientes pediátricos - pode ser o primeiro sinal de hipertrofia de adenoide, condição que, se não tratada, prejudica o desenvolvimento facial, a qualidade do sono e até o rendimento escolar.
Nesta matéria, a otorrino pediatra Dra. Renata Christofe Garrafa, da Clínica Garrafa, explica por que a cirurgia de Adenoidectomia pode ser a chave para recuperar a saúde e o bem-estar de pequenos respiradores orais.
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O sinal de alerta: por que respirar pela boca não é normal
Respirar pela boca deixa de ser um “mau hábito” quando passa a ocorrer de forma crônica, mesmo em repouso.
A adenoide - tecido linfoide localizado na parte posterior do nariz - faz parte do sistema imunológico infantil e tende a crescer naturalmente até cerca dos 6 anos de idade. Em sua forma normal, ela é um aliando da imunidade ao produzir anticorpos. Mas, segundo a Dra. Renata, “em algumas crianças, a adenoide ultrapassa o tamanho desejável e obstrui o fluxo de ar nasal e a drenagem de secreções. Respirar pela boca, nesse contexto, não é apenas desconfortável: é sinal de que algo precisa ser investigado. E quanto mais cedo for o tratamento, melhores serão os resultados.”
Quando o nariz deixa de ser o canal principal de respiração, os pequenos passam a manter a boca aberta. Com isso, o crescimento normal da face e dos dentes é alterado. Além disso, o aumento de adenoide, ao prejudicar a drenagem da secreção nasal, facilita a ocorrência de infecções.
Impactos no crescimento e no comportamento
O pediatra e o dentista frequentemente observam alterações no formato do rosto:
● Queixo projetado para frente e lábios entreabertos;
● Arcada dentária estreita, com mordida cruzada;
● Palato ogival (teto da boca muito arqueado);
Essas mudanças acontecem porque o desenvolvimento da maxila depende da passagem do ar pelo nariz, que expande a arcada dentária. Sem essa passagem de ar, a maxila ficará estreita, não tendo espaço adequado para o crescimento dos dentes e deixando o palato mais fundo. Além disso, ao manter a boca aberta, a língua ficará posicionada incorretamente e o queixo ficará projetado para frente e para baixo. “O crescimento oral e facial, portanto, se desenvolverão de forma inadequada”, relata a Dra. Renata.
Além da estética, a respiração bucal afeta diretamente o sono. Diversos estudos apontam que crianças respiradoras orais têm sono fragmentado, com ronco e pequenos despertares noturnos, o que leva a:
● Sonolência diurna e dificuldade de atenção na escola
● Irritabilidade e agitação
● Ritmo de crescimento desacelerado
“Observamos que, muitas vezes, a demora no diagnóstico de obstrução nasal impacta não só o corpo, mas também o comportamento e até o desenvolvimento cognitivo das crianças”, alerta a especialista.
Adenoide: estrutura normal que pode crescer demais
A adenoide é uma “estrutura de defesa” natural durante os primeiros anos de vida. Porém, em alguns casos, inflamações repetidas - causadas por alergias, infecções de vias aéreas superiores ou até predisposição genética - fazem com que esse tecido prolifere em excesso.
“Explico aos pais que a adenoide funciona em conjunto com o sistema imune infantil. Mas, quando essa estrutura cresce demais, ela gera um bloqueio permanente das vias nasais. Nesses casos, ela deixa de ser uma aliada e passa a ser um problema de saúde”, resume a otorrino para crianças.
O diagnóstico começa no consultório, com história e exame clínico. Após, será realizado exame de raio x ou uma videonasofibroscopia, técnica que permite visualizar o tamanho da adenoide e sua relação com a rinofaringe.
Adenoidectomia: o passo a passo da cirurgia
Quando a obstrução é significativa e a criança apresenta sintomas persistentes, a adenoidectomia - remoção cirúrgica das adenoides - pode ser indicada. Segundo a Dra. Renata, trata-se de um procedimento de baixa complexidade, realizado em ambiente hospitalar, com duração média de 30 minutos e alta no mesmo dia. Os principais pontos são:
1. Anestesia geral: a criança permanece confortável, sem dor e segura durante toda a cirurgia.
2. Técnica endoscópica: o cirurgião acessa a adenoide com uso de vídeo, sem cortes externos, reduzindo sangramento e trauma.
3. Hemostasia cuidadosa: controle do sangramento com cauterização, sem necessidade de tamponamento.
4. Alta precoce: em geral, as famílias recebem alta entre 12 e 24 horas após o procedimento.
“A adenoidectomia modernizada pelo advento da endoscopia oferece recuperação rápida e sem dor, permitindo que a criança retome as atividades em poucos dias”, destaca Dra. Renata.
Pós-operatório e orientações essenciais
Para garantir o sucesso e minimizar riscos, os cuidados após a cirurgia são tão importantes quanto o procedimento em si:
● Repouso: atividades leves nas primeiras 48 horas; evitar esportes e atividades intensas por 3 semanas.
● Evitar exposição ao sol e ambientes muito quentes nas primeiras 3 semanas.
● Monitoramento: retorno ao otorrinolaringologista em 7–10 dias para avaliação.
Essas orientações costumam ser bem aceitas pelas crianças, que em poucos dias voltam a dormir com o nariz desobstruído e a ter energia para brincar.
É sempre necessário remover as amígdalas?
Muitas famílias se perguntam se, junto à adenoide, deve-se retirar também as amígdalas (amigdalectomia). A decisão depende do tamanho das amigdalas e do histórico de infecções:
● Amígdalas volumosas, que também contribuem para o bloqueio de ar na faringe, são avaliadas em conjunto com a adenoide.
● Repetidas amigdalites, com uso excessivo de antibióticos, podem justificar a retirada conjunta.
“Cada caso é único. Nossa prioridade é preservar ao máximo as defesas naturais das crianças, removendo somente o tecido que atrapalha a respiração e o bem-estar delas”, explica otorrinolaringologista.
Além da cirurgia: acompanhamento multidisciplinar
Mesmo após a adenoidectomia, o tratamento pode não terminar no centro cirúrgico. Uma equipe multidisciplinar pode ser necessária, especialmente nos casos de crianças tratadas mais tardiamente, ou seja, que já apresentam alterações orais, faciais ou de crescimento:
● Fonoaudiólogo: reeducação da respiração nasal e postura da língua.
● Dentista ou ortodontista: correções odontológicas ligadas à mordida e ao desenvolvimento ósseo.
● Alergista: controle de rinite alérgica ou outras condições que inflamam as vias aéreas.
● Pediatra: monitoramento do crescimento geral e orientação nutricional.
Esse cuidado integrado potencializa os resultados, garantindo que a criança respire adequadamente e se desenvolva de forma plena.
Respirar pela boca não é apenas um hábito desconfortável: é um sinal de alerta para a saúde infantil. A adenoidectomia, quando bem indicada e realizada por mãos experientes, pode restaurar o padrão respiratório nasal, favorecer o crescimento facial harmônico e melhorar a qualidade do sono - traduzindo-se em melhor desempenho escolar e estabilidade emocional.
“A satisfação de ver uma criança que antes vivia cansada e irritada poder se desenvolver e brincar alegremente é o que me motiva todos os dias”, conclui Dra. Renata Garrafa.
O diagnóstico precoce e uma abordagem personalizada - com ou sem cirurgia - podem transformar noites de sufoco em descanso tranquilo para toda a família.
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