No próximo dia 28 de maio, é celebrado o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, data importante para conscientização e debate sobre um tema crucial para a saúde pública no Brasil.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), todos os dias, aproximadamente 830 mulheres morrem de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto em todo o mundo. No Brasil, em 2022 a taxa de mortalidade materna voltou aos patamares pré-pandemia, com índice de 57 mortes a cada 100 mil nascidos vivos.
As principais causas de óbitos entre gestantes no país são a hipertensão gestacional (pré-eclâmpsia), hemorragias pós-parto (com destaque para a atonia uterina), infecções puerperais e tromboembolismo.
“Entender cada uma dessas condições, saber como preveni-las e ter acesso às opções de tratamento mais modernos e eficientes são alguns pontos fundamentais para melhorar essas estatísticas e salvar vidas, já que muitas dessas mortes são evitáveis”, alerta Fabiana Ruas, ginecologista obstetra e Coordenadora da Maternidade do Hospital São Luiz Anália Franco, na zona Leste de São Paulo.
Historicamente, a pré-eclâmpsia é a principal causa de morte materna no mundo. Caracterizada pela elevação da pressão arterial durante a gravidez, a doença pode ser identificada precocemente durante a realização do pré-natal, por meio da aferição da pressão e avaliação durante as consultas.
Entre os principais sintomas estão dor de cabeça, dor na boca do estômago, alterações na visão e inchaço dos membros inferiores.
"Garantir um pré-natal regular e adequado para todas as gestantes, identificar mulheres com maior risco (histórico de pré-eclâmpsia, hipertensão crônica, diabetes, obesidade, gravidez múltipla, entre outros), recomendar aspirina em baixa dose a partir do segundo trimestre para aquelas com risco elevado, uso de medicamentos anti-hipertensivos específicos para gestantes e o monitoramento da pressão arterial tem sido fundamentais para a redução das complicações relacionadas à pré-eclâmpsia", comenta Dra. Fabiana Ruas.
Como prevenção é essencial adotar hábitos saudáveis durante a gestação, com alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.
Dados do Ministério Saúde apontam que a hemorragia pós-parto (HPP) é a segunda causa de morte materna no Brasil. Ela ocorre quando há uma perda de sangue de 500ml ou mais nas 24 horas seguintes ao parto.
"A principal causa de HPP é a atonia uterina, onde o útero não se contrai após o nascimento do bebê, podendo trazer grandes riscos para a mãe, como a necessidade de transfusão sanguínea, retirada do útero e até a morte”, explica a ginecologista obstetra.
No processo gestacional o útero concentra uma grande quantidade de sangue. Ao retirar a placenta, a contração do órgão é responsável por “fechar” os vasos sanguíneos e iniciar a coagulação. “No entanto, se isso não acontece corretamente pode levar a um sangramento excessivo”, ressalta a médica.
A prevenção e tratamento da atonia uterina foram significativamente aprimorados com o desenvolvimento de novos medicamentos, tecnologias, técnicas de manejo durante o parto, protocolos de atendimento e capacitação das equipes assistenciais.
"A principal novidade para tratamento da atonia uterina é o Sistema JADA, indicado para casos onde a medicação não surte o efeito desejado. Ele é aplicado facilmente por meio vaginal e conectado a um aspirador a vácuo, responsável por criar pressão negativa dentro do útero, reproduzindo o mecanismo fisiológico de contração e auxiliando no controle do sangramento anormal”, explica Dra. Fabiana Ruas.
O Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, da Rede D’Or, foi a primeira maternidade do Brasil a utilizar essa tecnologia para contenção de hemorragia pós-parto, em fevereiro deste ano.
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