SEU NOME É GAL

Ao partir, Gal Costa não deixa só saudades! Deixa em cada uma de nossas células o ressoar citoplasmático da sua voz e do seu canto eterno, sem fim nem começo, como a vida!

Antônio Serpa do Amaral Filho/Foto: Julia Rodrigues/ divulgação
Publicada em 10 de novembro de 2022 às 11:37
SEU NOME É GAL

Nascida e batizada Maria das Graças Costa Penna Burgo, Gal era uma bárbara, uma Doce Bárbara! De barbarismo brasileiro, mestiça, negra e mameluca, era de sua performance exclusiva um certo cantar doce e libertário que sorrateiramente foi entranhando em nossos corações como uma poção mágica inebriando a geração da gente, ávida por bênçãos de poesia, liberdade, amor e encantamento naquela quadra contextual de um Brasil ainda encalacrado no Poder do Coturnos.

O que ela tinha de bonito por fora, talhada sob medida para se exibir glamurosamente como uma deusa da mitologia tropical, tinha de belo por dentro, como um exemplo de bondade excessiva do Criador, outorgada a algumas poucas criaturas na face da terra. Já era metaverso bem antes da tecnologia se apoderar desse verbete. Tridimensional, tinha no seu ser em si a inquietude do pensamento criativo, o mistério do sentir holístico e o pulsar transformador da ação artística fervorosa, bem assentada no profundo da espiritualidade de quem nasceu na Bahia de todos os santos.

Se o Tropicalismo foi Gal, Gal foi também o Tropicalismo!  Se a Bossa-Nova se fez Gal, Gal também consubstanciou a Bossa-Nova! João Gilberto deu-lhe régua e compasso, e asa, e sonhos, e horizonte, e tempero de magia, e luz, e espiritualidade em grande monta para que ela viesse a ser o amálgama liquidificador de todos os matizes musicais da criatividade tupiniquim. O raio fulminante de sua voz infinita relampeou em todos os quadrantes vívidos da Música Popular Brasileira!

Perde-se no imemorial do tempo as mil faces do seu cantar manso, intimista, cheio de malemolência, lúdico, translúcido, sensual, politizado, revolucionário, vigoroso, terno e sublime como um coral e anjos e pecadores!

Ao partir, Gal Costa não deixa só saudades! Deixa em cada uma de nossas células o ressoar citoplasmático da sua voz e do seu canto eterno, sem fim nem começo, como a vida!

Nós, por exemplo... com artistas conterrâneos como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé – até o corrente show As várias pontas de uma estrela (2021).

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Comentários

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    ely gonçalves lobato 14/11/2022

    boa tarde sou do núcleo de vigilância hospitalar de humaitá como faço pra fazer um acesso

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