A Terceira Idade é cercada por crenças que nem sempre são verdadeiras. Para a faixa etária de 60 anos ou mais, que representava cerca de 10,9% da população brasileira, segundo o Censo do IBGE de 2022, há a ideia de incapacidade para o trabalho, lazer e prazer. No que diz respeito à sexualidade, esse é um dos temas que mais desperta tabus e estereótipos, principalmente devido às transformações corporais durante o envelhecimento.
“As mudanças físicas e hormonais, como a diminuição da testosterona nos homens e a menopausa nas mulheres, podem reduzir a libido e afetar a função sexual, como disfunção erétil ou secura vaginal. No entanto, é possível contornar esses desafios”, explica a profissional da área de Geriatria e Clínica Médica do AmorSaúde, Haydeia Leite Ciraulo. Apesar dessas transformações, existem modos e tratamentos que ajudam os idosos a exercer sua sexualidade sem intercorrências ou tabus.
Principais mitos e tabus
Quando se fala em sexualidade na Terceira Idade, está disseminado pelo senso comum que idosos não têm ou sentem prazer. De acordo com a médica, essa crença é um dos diversos mitos que rondam o tema. “A sexualidade pode ser mantida ativa e prazerosa na terceira idade. Além disso, existe o tabu de que os idosos não têm mais capacidade de reprodução ou desejo sexual, o que ignora a diversidade de experiências de vida sexual ativa na terceira idade”, salienta.
Ciraulo adiciona que essas ideias no imaginário popular são reforçadas pois acredita-se que a sexualidade está atrelada somente à juventude. “O prazer sexual não tem idade. Embora os corpos mudem com o tempo, o prazer está ligado a fatores emocionais, psicológicos e físicos que podem ser mantidos em qualquer fase da vida”, pontua.
Tratamento e medicações
Mesmo com as mudanças fisiológicas, existem tratamentos médicos que auxiliam na libido e na lubrificação, como reposição hormonal e medicamentos para disfunção erétil. A profissional do AmorSaúde também indica o uso de lubrificantes e outros tratamentos para aliviar a secura vaginal.
“Para a disfunção erétil, é importante que o médico avalie a causa subjacente (como problemas cardiovasculares) antes de prescrever qualquer tratamento. No caso da reposição hormonal, também é essencial considerar os riscos e benefícios, pois nem todos os idosos são candidatos adequados. O acompanhamento médico é fundamental para garantir a segurança e eficácia desses tratamentos”, explica. Ainda sobre essa questão, Ciraulo acrescenta que a supervisão médica é indispensável pois a recomendação não é para todos os idosos já que podem possuir efeitos colaterais ou interações com outros medicamentos.
Dicas para manter a saúde sexual
Além dos tratamentos médicos, é possível incorporar outros hábitos ou meios para manter a saúde sexual na Terceira Idade e evitar possíveis disfunções ou problemas com a lubrificação vaginal, conforme aponta a médica.
- Saúde física: o combo de atividades físicas regulares e alimentação balanceada é benéfica para o idoso, pois melhora a saúde cardiovascular e hormonal, controla o sobrepeso e reduz as chances de desenvolver obesidade;
- Tabagismo e álcool: o abuso dessas substâncias interfere diretamente na circulação e a função sexual;
- Comunicação: de acordo com a Ciraulo, falar abertamente com o parceiro sobre as expectativas e desejos auxilia na melhora da experiência sexual para ambos. Os medos e as inseguranças também podem ser compartilhados, de forma que a comunicação seja respeitosa, empática, acolhedora e sem julgamentos;
- Experimentação: uma das estratégias para estimular e aproveitar a sexualidade é experimentar novas formas de prazer e intimidade, adaptadas às mudanças do corpo;
- Saúde emocional: além da parte física, é essencial o cuidado com o emocional. Segundo a médica, sentimentos de ansiedade, depressão ou baixa autoestima podem diminuir o desejo sexual. “A autoestima, especialmente à medida que envelhecemos, está diretamente relacionada à libido, pois pessoas que se sentem confortáveis e confiantes com seu corpo tendem a ter uma vida sexual mais satisfatória”, destaca;
- Ajuda profissional: seja no âmbito físico ou emocional, buscar amparo de profissionais auxilia na manutenção de uma vida sexual plena ao longo do envelhecimento;
Educação sexual: Ciraulo ressalta a relevância da educação sexual também entre os idosos, principalmente para prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Mesmo durante a Terceira idade, os usos de preservativo e lubrificantes devem ser estimulados. Além disso, ela aponta que, por meio da educação sexual, é possível desmistificar certas crenças e oferecer informações sobre como lidar com as mudanças físicas e emocionais relacionadas ao envelhecimento.
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