Trabalhadores protestam contra assembleia sobre venda de empresas da Eletrobras

Cerca de 90 trabalhadores das seis distribuidoras de energia da Eletrobras e integrantes de movimentos sociais fazem na tarde de hoje (8) um protesto contra a realização da assembleia geral extraordinária da companhia.

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
Publicada em 08 de fevereiro de 2018 às 15:53
Trabalhadores protestam contra assembleia sobre venda de empresas da Eletrobras

Cerca de 90 trabalhadores das seis distribuidoras de energia da Eletrobras e integrantes de movimentos sociais fazem na tarde de hoje (8) um protesto contra a realização da assembleia geral extraordinária da companhia. A reunião da empresa, marcada para as 14h desta quinta-feira, tem como principal ponto de pauta decidir pela venda ou liquidação das distribuidoras do grupo Eletrobras: Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Boa Vista Energia, Amazonas Distribuidora de Energia (Amazonas Energia), Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e Companhia Energética de Alagoas (Ceal).

Caso os acionistas decidam pela venda, o governo estipulou, em novembro do ano passado, o valor mínimo de R$ 50 mil para cada uma das distribuidoras. Até as 16h20, a assembleia ainda não havia começado.

Na pauta da assembleia também está a discussão sobre se a Eletrobras deve assumir as dívidas das distribuidoras, estimadas em mais de R$ 11,2 bilhões, além dos R$ 8,477 bilhões devidos aos fundos setoriais. No início de janeiro, a diretoria da empresa votou para que a Eletrobras assumisse somente os R$ 11,2 bilhões em débitos, deixando o passivo dos fundos setoriais para o futuro comprador.

Os acionistas também decidirão sobre a delegação de poderes ao Conselho de Administração da Eletrobras para, em até seis meses, deliberar sobre o exercício de opção da empresa de aumentar a participação em até 30% no capital das distribuidoras cujas transferências do controle acionário forem aprovadas.

Em nota, a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) disse que entrou com pedido na Justiça para suspender a assembleia. “Qualquer uma das decisões - privatizar ou liquidar as seis distribuidoras - será desastrosa para a população desses respectivos estados e para o país”, disse a entidade.

Auditoria do TCU

Ontem (7), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo pediu à área técnica do órgão que faça uma auditoria no processo de diluição do controle da Eletrobras. A intenção é verificar se o lance mínimo, calculado em R$ 12 bilhões, condiz com o tamanho e a importância da empresa. O ministro também quer saber se o calendário de privatização proposta pelo governo é suficiente para que o processo seja devidamente fiscalizado pelo TCU.

Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), presente à manifestação, a privatização da Eletrobras é entrega de patrimônio do povo brasileiro para empresas que não teriam compromisso em investir em regiões de pouco retorno financeiro, como a Região Norte, devido aos custos com a distribuição de energia.

“Eles [o governo] querem vender as distribuidoras pelo valor irrisório de R$ 50 mil e a Eletrobras ainda tendo que assumir as dívidas dessas empresas. E estamos falando de distribuidoras que levam energia para lugares onde não há retorno financeiro. Ou seja, o que se busca é entregar o patrimônio do povo brasileiro”, disse a deputada à Agência Brasil. “Se se vender esse patrimônio, vamos ter um grande contingente de brasileiros sem condições de ter energia”, acrescentou.

De acordo com a deputada, parlamentares contrários à privatização pediram uma audiência para debater o tema com o ministro. “O ministro tem dito que esse preço é estranho em razão do valor dos ativos da Eletrobras. Só uma usina como Belo Monte representou um investimento de mais de R$ 50 bilhões e se quer vender por um valor mínimo”, disse Erika.

Paralisações

De acordo com o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal, Victor Frota da Silva, os trabalhadores das distribuidoras também cruzaram os braços nos estados onde as empresas atuam. Para o sindicalista, a privatização das distribuidoras ocasionará um impacto socioeconômico, prejudicando as populações das regiões Norte e Nordeste.

“Essas distribuidoras têm uma importância para o desenvolvimento socioeconômico da região, bem como atender às populações nas regiões de fronteira. O governo tentar vender essas distribuidoras há, pelo menos, dois anos. O outro passo é vender as outras 15 empresas de geração, pesquisa e transmissão de energia”, disse à Agência Brasil. “A gente acredita que, com a dificuldade que o governo está tendo em votar a reforma da Previdência, o foco passa a ser Eletrobras”, afirmou Silva.

Comentários

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    josé pedro 08/02/2018

    o ministério publico federal precisa investigar a diretoria da ceron. estão todos ricos com empresas e propriedades de fachadas. investigue fundo ministério público e você vai ver a falcatrua que existe lá.

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    caio cesar 08/02/2018

    Povo de Rondônia, abra os olhos. essas vendas de empresas de energia elétrica é tudo um roubo só. O governo Michel Temer e seus colegas de classe querem as malas de dinheiro, apenas isso. Os diretores da ceron estão ricos, são donos de empresas, de hotel em porto velho, de locadora de carros. Não estão nem aí pra privatização. O povo vai sofrer com tarifas caras e sem ter acesso a empresa nunca mais.

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