Por questões alimentares, Yasmin Brunet se revoltou com Davi e fez um desabafo. “Não quero mais comer nada que ele faz. Tô com raiva desse cara! Não posso comer feijão, lentilha, e nem grão de bico, tenho síndrome do intestino irritável”, afirmou a sister em conversa com Wanessa e MC Bin Laden. Confira o vídeo do momento.
Afinal, o que é a SII?
A Síndrome do intestino irritável (SII) é um termo amplo usado para vários sintomas digestivos. Esses sintomas podem incluir dor abdominal, muco nas fezes, evacuações irregulares e alternância entre diarreia e prisão de ventre. Existem muitos gatilhos para a (SII), como fatores ambientais, estresse emocional, infecções e dieta.
Sintomas mais comuns da síndrome:
- Dor abdominal ou cólicas
- Alternando diarreia e constipação
- Inchaço abdominal
- Muco presente nas fezes
- Náusea e fadiga
Causas:
Intolerância alimentar: a absorção prejudicada do açúcar lactose (encontrado em laticínios e em muitos alimentos processados) é o gatilho dietético mais comum para a SII. Outros açúcares que se acredita desencadearem a SII são a frutose (presente em muitos xaropes) e o sorbitol.
Tatiane Schallitz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), explica que alguns alimentos que contêm sorbitol podem causar o problema, como maçãs, peras, pêssegos, cerejas, ameixas frescas, frutas secas (ameixas secas, damascos, uvas, ameixas, tâmaras, entre outras) e alguns alimentos sem açúcar que usam sorbitol como adoçante, como por exemplo, geleias e gomas de mascar.
O glúten também pode contribuir para a SII?
Tatiane explica que o glúten pode contribuir para a Síndrome do Intestino Irritável (SII) em algumas pessoas. Isso é conhecido como sensibilidade ao glúten não celíaca. O processo envolve uma resposta anormal do sistema imunológico ou uma intolerância ao glúten, uma proteína encontrada em trigo, cevada e centeio.
Quando pessoas sensíveis ao glúten consomem alimentos que o contém, pode desencadear uma série de sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, inchaço, diarreia ou constipação. Acredita-se que essa sensibilidade não celíaca ao glúten possa contribuir para os sintomas da SII, embora não haja danos observáveis no intestino, como ocorre na doença celíaca.
É importante notar que a relação entre glúten e SII varia de pessoa para pessoa, e nem todos os indivíduos com SII apresentam melhora ao seguir uma dieta sem glúten. Se você suspeitar de sensibilidade ao glúten, consulte um profissional de saúde para avaliação e orientação adequadas.
Dieta geral:
Alimentos modernos altamente processados e dietas pobres em fibras podem agravar a constipação. Os alimentos processados muitas vezes carecem das fibras necessárias para manter um sistema digestivo saudável. A fibra desempenha um papel crucial na promoção da regularidade intestinal, amolecendo as fezes e facilitando o movimento pelo trato digestivo.
Quanto aos alimentos picantes e açucarados, eles podem afetar algumas pessoas de maneiras diferentes. Alimentos picantes podem irritar o trato gastrointestinal e desencadear desconforto, especialmente em pessoas sensíveis. Por outro lado, dietas ricas em açúcares refinados podem contribuir para desequilíbrios da microbiota intestinal, potencialmente afetando a função intestinal - para pessoas com tendência à constipação, pode aumentar a fermentação, aumentando gases e piorando o quadro.
Em geral, uma dieta equilibrada com uma ingestão adequada de fibras, provenientes de frutas, vegetais, grãos integrais e legumes, é benéfica para a saúde digestiva. Além disso, é importante manter-se hidratado, pois a água desempenha um papel crucial na prevenção da constipação, ajudando a amolecer as fezes. Um fator pouco considerado e muito importante é o estresse - saúde mental e intestino estão totalmente ligados, finaliza Tatiane Schallitz.
Estresse emocional:
Emoções fortes, como ansiedade ou estresse, podem afetar os nervos intestinais em pessoas suscetíveis. O estresse também pode diminuir a função imunológica e os níveis de serotonina.
Higor Caldato (@drhigorcaldato), médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares, ressalta que o intestino é muitas vezes chamado de "segundo cérebro", devido à complexa rede de neurônios presentes no sistema nervoso entérico, que controla as funções gastrointestinais. Essa conexão entre o cérebro e o intestino é conhecida como eixo cérebro-intestino.
O estresse pode afetar os nervos intestinais, levando a alterações na motilidade intestinal, secreção de fluidos e sensibilidade visceral. Isso pode resultar em sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, diarreia ou constipação.
O estresse crônico pode suprimir a função do sistema imunológico. Isso ocorre porque o cortisol, um hormônio liberado em resposta ao estresse, tem efeitos imunossupressores. A supressão do sistema imunológico pode tornar o corpo mais suscetível a infecções.
Os níveis de serotonina estão associados à alimentação e absorção intestinal adequadas, quando a saúde emocional está afetada, podemos ter uma influência direta na ação intestinal e com isso prejuízos na produção de serotonina, que por sua vez também podem agravar ainda mais os quadros emocionais.
Medicações:
Antibióticos, antiácidos e analgésicos, por exemplo, podem causar distúrbios digestivos?
Sim, certos medicamentos, incluindo antibióticos, antiácidos e analgésicos, podem causar distúrbios digestivos como efeito colateral.
O uso de antibióticos pode alterar o equilíbrio da flora intestinal, resultando em distúrbios digestivos como diarreia. Isso ocorre porque os antibióticos podem não apenas eliminar as bactérias patogênicas, mas também afetar as bactérias benéficas no trato gastrointestinal.
Antiácidos são usados para neutralizar o ácido estomacal e aliviar a azia. No entanto, o uso excessivo de antiácidos pode alterar o pH gástrico normal, interferindo na digestão adequada dos alimentos e potencialmente levando a problemas como constipação ou diarreia.
Certos analgésicos, como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), podem causar irritação no revestimento do estômago e do intestino, levando a efeitos colaterais como úlceras gástricas, hemorragias gastrointestinais e desconforto abdominal.
Serotonina pode ser a chave do tratamento?
O tratamento da SII geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo mudanças na dieta, manejo do estresse, medicamentos e, em alguns casos, terapia psicológica. Como se trata de um transtorno com causas multifatoriais, dificilmente o tratamento terá um fator específico como chave, mas o tratamento com uso de antidepressivos principalmente com ação em serotonina é bastante evidente e promissor para o controle dos quadros emocionais e para estabilização da SII.
A SII pode ser considerada mais emocional do que alimentar?
A síndrome do intestino irritável (SII) é uma condição complexa e multifatorial, e tanto fatores emocionais quanto alimentares desempenham um papel significativo no desenvolvimento e na manifestação dos sintomas. A relação entre fatores emocionais e alimentares pode variar de pessoa para pessoa, e é comum observar uma interação complexa entre esses aspectos, finaliza o psiquiatra especialista em transtornos alimentares.
REFERÊNCIAS:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4154827/
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2394324/
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0083672916300474
FONTES:
Tatiane Schallitz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais) e graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Além disso, é pós-graduada em Fitoterapia pela UNIFATEC. Antropometrista ISAK I e com experiência em Nutrição Esportiva, Comportamental e Vegetarianismo.
Higor Caldato (@drhigorcaldato), médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares.
Graduado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA) e fez sua residência médica em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como suas especializações de psicoterapias e transtornos alimentares também pela universidade carioca.
|
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook