A Estrada de Ferro Madeira- Mamoré, a Unesco, a pirâmide francesa e o mexicano

*Ricardo Leite

Publicada em 16 de October de 2013 às 09:48:00

 Pirâmide diáfana na porta do museu do Louvre, Paris 

Mexicanos entre os 20 mil trabalhadores da EFMM 
 Em 2007, um sol nascia para a combalida Madeira Mamoré. Aproximadamente 100 anos depois do início das obras da impossível estrada de ferro, e quatro décadas de sua desativação comercial, a construção da moderna hidrelétrica de Santo Antonio garantia, através de suas indenizações, os recursos que dificilmente -- sejamos sinceros e práticos -- governos federal, estadual ou municipal investiriam, para a sonhada e justa revitalização do pátio ferroviário da EFMM, até então, já bastante degradado, lugar de botecos, barracas esfarrapadas e bebedeiras, ambiente nada familiar ou turístico. Registre-se para a história que o dinheiro das compensações ia todo para o meio ambiente, se não fosse a interferência do Iphan local naquela hora H.

Agora, cerca de três anos depois da inauguração da primeira fase da restauração, a esperança volta a iluminar os destinos da mãe do Estado de Rondônia. Sob o signo confiável e forte do Sesi e Senai, outro sol aparece no horizonte da margem direita do rio Madeira para iluminar, com segurança institucional e jurídica, uma das mais fantásticas páginas da história do Brasil e da engenharia mundial. E para dar essa boa nova, uma grande festa é preparada com esmero. É o Viradão Digital, no próximo sábado e domingo -- uma leve degustação tecnológica do que vem por aí.

 Creiam, o futuro próximo é mesmo belo. Ao lado da estação ferroviária, o galpão 2 e seus 50x20 metros, hoje vazios de projetos, vai dar um salto espetacular para o futuro, capaz de empolgar na hora o pai da EFMM, o visionário empreendedor americano Percival Farquhar. A informação é de dentro. Não se está medindo esforços para produzir uma obra educacional inovadora e perene. Tudo do bom e do melhor. Pessoal e equipamentos de alto nível trabalham em velocidade, entrelaçados num ambiente produtivo que harmoniza criatividade e respeito à integridade física do galpão tombado pela União Federal.
>> Em resumo, vejam que beleza... nascerá forte um aquário retangular translúcido de dois andares, afastado dois metros e meio das paredes do velho galpão de carga. Ali, em todos os dias da semana, centenas de jovens de todos os cantos farão um mergulho sensitivo educacional. Vídeo, música, games, mecatrônica, robótica e muito mais, gerando conhecimento, curiosidade e esperança. O trilho centenário que corta o espaço será realçado, visível no vidro e iluminado solenemente. Quem entrar pelos grandes portões verá todo o galpão até o teto. Nada ficará escondido.

Quem vê o projeto detalhado e ama a EFMM se empolga. Os artesãos que estavam lá ganham o galpão da antiga Enaro (ao lado do estacionamento) reformado para ser seu lugar permanente. O Iphan e o SPU vêem suas preocupações reduzidas pela chegada do confiável consórcio Sesi Senai para proteger o valioso patrimônio público e histórico. A Prefeitura se desonera de pesado fardo de manutenção e os órgãos de controle podem dormir tranquilos.

Se a EFMM foi o cartão de visitas do colete elegante de Farqhuar, o Centro de Inspiração Tecnológico será o cartão de visitas de ouro do Sesi, Senai, de Porto Velho e de Rondônia. O patrimônio histórico mundial e a melhor educação evoluída, enfim juntos, numa destinação pública imbatível para o coração da capital.É o futuro interferindo no passado para valorizar o presente, como a moderníssima pirâmide diáfana do venerando museu do Louvre em Paris, exemplo de uma fusão bem sucedida do velho e do novo, do clássico e rude e o ultramoderno. 

 Em outras palavras, estamos perto de presenciar um inacreditável golaço, de finalzinho de jogo de vida ou muerte, no estádio Azteca lotado, como fez de bicicleta, ou chilena no espanhol, o jogador mexicano Jamirez, salvando na sexta-feira passada heroicamente a seleção El Tri de ficar fora da copa. E por uma coincidência do destino, quem anseia sinceramente fazer outra pintura como aquela é o engenheiro-chefe da nova obra da Madeira Mamoré, o mexicano Jean Paul Rodriguez Sanchez, nascido no distrito federal, Cidade do México. Ele e toda a grande equipe multidisciplinar vão certamente repetir no ferro e vidro a beleza estética do lance esportivo futebolístico, e reviver, com homenagens, os compatriotas mexicanos que estiveram naquela selva brutal no início do século 20, ao lado de 50 outras nacionalidades, construindo a inacreditável EFMM. Assim, nesse embalo de vitória de arrepiar, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, de mãos dadas com a educação e a cultura, e aberta à população, atende aos inspetores da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e vira oficialmente patrimônio da humanidade! 

*Ricardo Leite é procurador federal e coordenador do comitê pró-candidatura da EFMM a patrimônio da humanidade. 


Para ver o golaço mexicano, acesse http://youtu.be/S6dOcQEI7c0  
Ver a pirâmide do museu do Louvre pt.wikipedia.org/wiki/Pirâmide_do_Louvre 

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