A população precisa voltar às ruas
Valdemir Caldas (*)
Estou com saudade da população ocupando as ruas, praças e avenidas de Porto Velho. A sociedade precisa voltar às ruas para exigir padrões éticos na política. O que tem sido trazido à baila, nos últimos meses, em termos de bandalheiras, clama aos céus e repugna a consciência de cidadãos decentes.
A última vez que a população pôs os pés nas ruas foi para pedir a cassação de deputados estaduais acusados de corrupção. Dos envolvidos, apenas um perdeu o mandato. Os demais continuam zombando da cara do povo.
Nem quando o então prefeito Roberto Sobrinho foi afastado do cargo, por decisão judicial, sob a acusação de haver metido a mão na cumbuca do erário, o povo saiu às ruas para reclamar a perda de seu mandato.
Com a frustração colhida pela não cassação dos parlamentares, apanhados pela Polícia Federal, durante a operação Termópilas, é natural que o sentimento de descrença e desânimo tenha tomado conta da maioria da população, fazendo, assim, aumentar o ceticismo diante do comportamento da maioria dos políticos, para os quais o exercício de um mandato não passa da oportunidade de amealhar recursos financeiros impossíveis de serem alcançados por esforço mais árduo e consequente.
Não é de hoje que a população rondoniense reclama contra a reiteração de condutas absolutamente oportunistas e denotadoras do mau caratismo de políticos e dirigentes públicos, que atuam na contramão dos interesses dos segmentos que dizem representar. A consolidação da democracia passa, necessariamente, pela mobilização social contra os que insistem em colocar seus interesses menores acima dos da população.
Avançar é preciso! Um avanço aqui, um recuo acolá, e as forças próprias da sociedade vão alcançando patamares cada dia mais elevados em sua escalada. Desanimar, nem pensar! Jamais!
Nos momentos em que parecemos enfrentar uma encruzilhada, além de madura reflexão, é importante assumirmos a postura exigida de verdadeiros cidadãos, de quem será sempre cobrada conduta ética que evidencie o ingrediente moral indispensável em qualquer atividade humana, inclusive na vida política. Saudável, portanto, se a sociedade porto-velhense voltasse às ruas para cobrar ética na política.