Confúcio sabia que cunhado e Bocão faziam esquema no Governo, mas proibiu investigações

O alerta a Confúcio foi feito pelo seu ex-assessor Rômulo da Silva Lopes, que, inclusive, morava junto com o chefe do Poder Executivo Estadual, e acabou preso pela Polícia Federal. OUÇA GRAVAÇÃO.

Publicada em 10/02/2012 às 19:43:00

DA REPORTAGEM DO TUDORONDONIA


O governador Confúcio Moura (PMDB) sabia, muito antes da Operação Termópilas, da Polícia Federal, que seu cunhado, Francisco de Assis Moreira de Oliveira, e o secretário adjunto de finanças do Estado, Wagner Luiz de Souza, o Wagner Bocão, faziam e fazem “correrias” nos órgãos estaduais.

"Correria"  é o termo utilizado para designar atividades ilícitas envolvendo licitações, processos, pagamentos a fornecedores, entre outras atividades criminosas.

Confúcio mandou a Casa Militar do Governo de Rondônia parar qualquer investigação interna sobre as atividades ilícitas de seu cunhado e do secretário Wagner Bocão (DEM) dentro do Governo.

O alerta a Confúcio foi feito pelo seu ex-assessor Rômulo da Silva Lopes, que, inclusive, morava junto com o chefe do Poder Executivo Estadual, e acabou preso pela Polícia Federal como um dos principais envolvidos no esquema criminoso desbaratado pela Operação Termópilas no dia 18 de novembro.

Antes, uma assessora de Confúcio, identificada por Vilma, o havia alertado para as atividades ilícitas do próprio Rômulo e de Rafael dos Santos Costa. A reação de Confúcio: “Rômulo, vai trabalhar”. E Rômulo continuou a agir criminosamente até ser preso no dia 18 de novembro.

Segundo gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, Rômulo diz que contou para o governador Confúcio Moura que o major Maurício Marcondes Gualberto, chefe da Casa Militar do Governo de Rondônia, “ pegou as informações das correrias do ASSIS e do WAGNER e entregou pra o Ministério Público”.

Rômulo diz que Confúcio se irritou e mandou Gualberto “ parar de mexer com isso”, ou seja, monitorar as atividades do cunhado do governador e de Wagner Bocão no Governo.

Rômulo diz que arrebentou o major Gualberto junto a Confúcio. Ele pediu que o governador chamasse o militar para conversar porque este havia grampeado, entre outras pessoas, Rafael dos Santos Costa, Assis, Bocão e outros membros do Executivo. A reação de Confúcio, segundo Rômulo: “ Você tá brincando? Meu Deus!, o GUALBERTO tá louco. Mas como é que o GUALBERTO está dando isca para peixe”.

Por orientação de Rômulo, Confúcio enquadrou o major.

Sobre a conversa com o major, Confúcio disse ao então assessor: “conversei com ele (Gualberto). Falei com ele: você tá louco, louco, louco. Saiu de lá pianinho, rabinho no meio das pernas, tranquilinho”.


Trecho das gravações da Polícia Federal em que Rômulo, ao conversar com outro membro da máfia, Rafael dos Santos Costa, mostra que Confúcio impediu investigação da Casa Militar sobre seu cunhado, Assis, e Wagner Bocão.