Ministra aponta individualismo como base da corrupção no Brasil

Ela destacou que a incapacidade para pensar no coletivo impede que se desenvolva uma ética social. “Hoje em dia, aquele que está pensando somente em si, está pensando em nada”.

Publicada em 11 de December de 2013 às 16:19:00

A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, proferiu palestra sobre o tema “Ética e Regulação” durante as celebrações do Dia Internacional contra a Corrupção, na última segunda-feira (9), em Natal.

A magistrada, diretora-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo (Enfam), apontou a cultura do individualismo como a base da corrupção no Brasil, gerando o “patrimonialismo entre o estado e a sociedade, ensejando a apropriação de recursos públicos para fins pessoais”.

Eliana Calmon destacou que a incapacidade para pensar no coletivo impede que se desenvolva uma ética social. “Hoje em dia, aquele que está pensando somente em si, está pensando em nada”, afirmou.

A palestrante admitiu que é difícil criar uma mecanismos 100% eficazes para combater as irregularidades, mas apontou avanços como a criação da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), em 2003, e as iniciativas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

“Alguns juízes ainda hesitam em utilizar as informações oriundas dessas instituições. Mas elas permitem mapear as atividades financeiras em todo país e descobrir várias irregularidades”, informou.

Legislação
Outro avanço, segundo Calmon, foi a criação de diversas leis, como a Lei de Improbidade Administrativa, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei da Ficha Limpa. Segundo a ministra, tais iniciativas criaram um arcabouço legal para combater os corruptos.

“Também devemos lutar contra a burocracia e o anonimato, duas grandes ferramentas de corruptores e corruptos”, concluiu.

O Dia Internacional contra a Corrupção foi criado em 2003, com a assinatura da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, em Mérida, México. No Brasil, o evento é celebrado desde 2006, com o objetivo de conscientizar agentes públicos e cidadãos sobre a importância de evitar a corrupção.

Além do Rio Grande do Norte, foram promovidos eventos pela Controladoria Geral da União e pelo Movimento Articulado de Combate à Corrupção no Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará e vários outros estados.


Com informações do STJ