Pastores praticam corrupção ao abandonarem suas igrejas: campanha eleitoral
Paulo Ayres.
É muito constrangedor nos depararmos com ataques, críticas ou denúncias contra nossos líderes religiosos. Em Rondônia, felizmente (mas com forte reprovação) nos deparamos com apenas dois padres que infelizmente esqueceram-se de sua missão e foram atraídos pelas vaidades do poder, por estas coisas rasteiras deste mundo. De vez em quando me deparo com um crente que se “achando” diz querer que Deus transforme a vida dos outros. Então, vamos começar por esta transformação interna nas inúmeras igrejas e pseudas igrejas evangélicas. Estou me referindo a participação vergonhosa destes tidos pastores na campanha eleitoral de 2012.
Acontece que efetivamente a pregação dos púlpitos tem se distanciado muito da prática religiosa. Aquela voz mansa cheia de temor e de religiosidade, sempre esmerada em apontar as falhas dos outros, na realidade se tem notícia que nos bastidores da política o comportamento tem sido muito diferente. Se faz barganha de todos os tipos. O importante é se arrumar e que se dane das pregações, os ideais, os ensinamentos, os mandamentos, o Livro da Sabedoria. Em todo país se constata lamentavelmente os escândalos de corrupção e quase sempre a presença de líderes religiosos. A política é como o Diabo, seduz.
Agora, mais do que reprovável e revoltante é o fato destes pseudos, não satisfeitos com suas façanhas, transformarem os cultos em verdadeiros comícios e as igrejas em comitês de campanha eleitoral. Agora a coisa não para por aí. Tem pastor dizendo ainda, tendo a coragem de afirmar que é candidato por missão e ordem de Deus. Não satisfeitos, alguns chegam a afirmar que foram orientados pelo Espírito Santo.
Aqui mesmo em Porto Velho, na campanha passada, um destes pastores de quinta categoria prometeu votos, vendeu a igreja e sapecou: “se tivermos um acerto aqui, vou dizer que você é o candidato a deputado estadual de Deus, com direito a foto ao lado do nosso líder maior, apóstolo tal”. Depois o mesmo pastor acabou fazendo um novo acertinho com outro político, que tinha a preferência por ser evangélico.
O ministério religioso, o sacerdócio é uma missão seríssima para se tratada com tamanha leviandade. Estes pastores “esfomeados” envolvidos em campanha eleitoral são antes de tudo levianos, traidores de seus pastoreios e de suas igrejas, e finalmente também corruptos.
O chamado de um homem por Deus ao sacerdócio é algo muito sério. Ao se charfundarem na promiscuidade política, eles acabam enlameando suas igrejas, e lamentavelmente comprometendo o Projeto de Salvação de Deus. A César o que é de César o de Deus o que é de Deus. Os pastores são consagrados para que pastoreiem seus rebanhos, e não para servir de trampolim para projetos políticos – vereador, vice-prefeito, prefeito, deputado estadual, deputado federal, senador, governador e outros cargos. Cuidado, muito cuidado, ao falarem estarem com o Deus verdadeiro.
O Executivo, Legislativo (que necessitam de campanha eleitoral), não precisa de pastores e padres. Isto acaba confundindo, e certamente afastando ainda mais os desviados. Estes deveriam seguir o exemplo de José de Arimatéia, que para não escandalizar o evangelho, pela corrupção que teria de viver no Senado, não deixava que ninguém soubesse que era seguidor de Jesus. Assustou até Pilatos ao reivindicar o corpo do Senhor para enterrá-lo.
Assim sendo é bom destacar que ao assim procederem estas pessoas colocam a política em primeiro lugar e Deus num plano qualquer, se é que efetivamente estão com Deus. Diz o Livro da Sabedoria, o Apóstolo Paulo diz de forma cristalina que a missão do Cristão é o de soldado do reino, e orienta Timóteo a não se envolver com os negócios desta vida. A nossa cidadania está nos Céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Somos cidadãos dos céus, e nossa pátria verdadeira está nos céus, somos apenas peregrinos em terra estranha, e estes pastores com certeza fizeram esta leitura na bíblia.
É impressionante a falta de vergonha na cara destes pastores. A imunidade parlamentar tem servido de instrumentação jurídica para sustentar muitos organismos criminosos com fachada de Igreja e facções de extermínio no meio evangélico a serviço dos políticos. A continuar esta malandragem fica difícil um crente querer a transformar a vida dos outros, quando não conseguem transformar as posturas de seus pastores. É correto um pastor trocar igreja por política?