Porto Velho: um barco à deriva - Valdemir Caldas

Os tripulantes falam, discordam, se acusam, sem que ninguém se entenda nem surja uma proposta comum de solução para a crise em que o município está mergulhado.

Publicada em 22 de August de 2014 às 09:15:00

A imagem que se tem de Porto Velho, hoje, é a de um barco à matroca, em pleno mar revolto, em noite de tempestade, com
seus passageiros atônitos e perplexos, sentindo-se órfãos de tudo, de comando de liderança, de proteção e até mesmo de exemplos orientadores.

A balbúrdia é geral. Os tripulantes falam, discordam, se acusam, sem que ninguém se entenda nem surja uma proposta comum de solução para a crise em que o município está mergulhado, enquanto os viajantes da nau mostram que perderam a confiança e o respeito pelos seus comandantes, em cuja capacidade realizadora ninguém mais tem fé.

Recentemente, uma emissora de televisão mostrou a anarquia que se instalou no centro comercial da capital, onde marginais se espalham pelas ruas mais movimentadas, fumando drogas e assaltando transeuntes, em plena luz do dia, afrontando os mais comezinhos princípios de civilidade e decência desejáveis.

A omissão do poder público, nessa e noutras circunstâncias, é inaceitável. O povo elege o prefeito exatamente para que
ele assuma com coerência política, coragem e determinação o equacionamento dos eventuais problemas que o afligem, independente de as soluções encontradas agradarem ou não categorias sociais ou grupos políticos.

É sabido que, para a cura de grandes males, os remédios são quase sempre amargos, mas nem por isso não devem ser
ministrados, para falar numa linguagem que o prefeito Mauro Nazif entende muito bem. O importante é atender ao interesse da coletividade como um todo e não permitir que privilégios outros se sobreponham às legitimas aspirações sociais.

O centro de Porto Velho, como de resto toda a cidade, está precisando de uma faxina. Essa é uma realidade que o prefeito
e muitos que o cercam fingem ignorar ou não sabem como resolver. Por isso, a revolta da população com os que têm a
responsabilidade de conduzir o barco a um porto seguro, mas que se revelam incompetentes para a missão.