UNIR e IFRO pesquisam produção inédita de carne de Tambaqui enlatada

Os projetos são desenvolvidos no município de Ariquemes pela doutora Juliana Minardi Galo, docente do IFRO – Campus Ariquemes, e pela mestre Débora Francielly de Oliveira, docente do Curso de Engenharia de Alimentos do campus de Ariquemes da UNIR.

Publicada em 30 de September de 2016 às 12:28:00

       

Dois projetos de pesquisa que estão sendo realizados em parceria entre pesquisadores da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) estudam a viabilidade técnica e financeira da fabricação e comercialização de carne de Tambaqui enlatada em Rondônia. Os projetos são desenvolvidos no município de Ariquemes pela doutora Juliana Minardi Galo, docente do IFRO – Campus Ariquemes, e pela mestre Débora Francielly de Oliveira, docente do Curso de Engenharia de Alimentos do campus de Ariquemes da UNIR.

            A ideia surgiu a partir dos esforços das comunidades industrial e científica em desenvolver novos produtos cárneos que, além de atenderem à crescente demanda por alimentos de rápido e fácil preparo, pudessem também oferecer benefícios à saúde do consumidor, conforme explicou Oliveira.

           Como Rondônia está atualmente entre os maiores produtores de peixe em cativeiro do país e a carne de peixe apresenta consideráveis níveis de gordura insaturada, com destaque para as concentrações de ácidos graxos ômega 3, as pesquisadoras vislumbraram a possibilidade de oferecer no mercado novos produtos com peixes da região.

Pesquisas com Tambaqui in natura e enlatado

            A pesquisa é composta por dois projetos diferentes e conta com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Grupo Gomes da Costa.


            O Projeto 1, denominado “Produção de Tambaqui orgânico e convencional para a fabricação de enlatados como alternativas de comercialização para piscicultores na região Vale do Rio Jamari-RO”, tem dois objetivos principais: produzir Tambaqui orgânico e convencional de 200g, 600g e 2Kg; e determinar o custo de produção e rendimento desses produtos.

         

Já o segundo projeto, intitulado “Fabricação de tambaqui enlatado: uma nova alternativa para os produtores da região do Vale do Jamari (RO)”, visa à produção para comercialização de tambaqui inteiro com 200g, moído com 600g, filés de peixes com peso médio de 2,3 Kg, além de enlatados e esterilizados.

            É no Projeto 2 que são desenvolvidas as formulações de filé de Tambaqui enlatado e de Tambaqui moído enlatado. Na oportunidade, as pesquisadoras desenvolveram 12 formulações de Tambaqui em conserva com diferentes molhos, orgânicos e convencionais, bem como o processo de enlatamento de peixes de água doce. Em outra etapa do projeto, determinaram as características nutricionais das formulações desses produtos e fizeram também a análise da aceitação pelo público consumidor e da eficiência do tratamento térmico (esterilização comercial) das diferentes formulações.

            De acordo com a pesquisadora Debora de Oliveira, a aceitação dos produtos pelo público consumidor “ficou acima de 80% para todas as formulações, algo raro em se tratando de desenvolvimento de novos produtos”, disse ela acrescento que “segundo metodologia específica da análise sensorial de alimentos, novos produtos com aceitação acima de 70% têm 95% de chance de se fixarem no mercado”, ou seja, a produção de tambaqui enlatado tem grande potencial de comercialização.

            A produção das primeiras unidades de tambaqui enlatado foi realizada recentemente. As próximas etapas da pesquisa são calcular o custo de produção dos produtos industrializados e comercializá-los em escala industrial.

            “No momento, a equipe de pesquisa, com o apoio do Governo do Estado de Rondônia, através da Superintendência do Desenvolvimento (SUDER) e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES), está em negociação com empresa do setor privado para a comercialização e distribuição dos produtos desenvolvidos, com previsão de chegada no mercado nacional em 2018”, adiantou a professora Débora Francielly de Oliveira.

Patentes depositadas

            Desde o início da pesquisa, em 2014, até agora foram depositadas 13 patentes no total, sendo “12 de novos produtos e uma patente de processo, o processo de enlatamento de peixes de água doce, todas inéditas em nível mundial”, informou a professora Débora Francielly de Oliveira.

            As patentes, aceitas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), incluem as formulações de Tambaqui ao molho de tomate, ao molho de tomate sabor defumado, em óleo comestível e em óleo comestível sabor defumado.

Outros projetos

            Concomitantemente à execução das pesquisas com o Tambaqui, a equipe desenvolve outros projetos de inovação tecnológica na área de pescados. Tais projetos já renderam outros dois depósitos de patentes, a do Pirarucu desidratado e defumado (1) e a do Processo de defumação do pirarucu (2).

            Atualmente, a equipe aguarda o aceite do depósito de patentes de oito novos produtos, pelo INPI, entre eles formulações de almôndegas em diferentes molhos e de patês cremoso e pastoso, de moquecas e de “bacalhau” da Amazônia, produtos a base de Tambaqui, Pintado e Pirarucu, respectivamente.



            “Todos esses produtos são enlatados e esterilizados, portanto, sem a necessidade de armazenamento em sistema refrigerado, com alto valor agregado e longa vida de prateleira” informou a professora Débora Francielly de Oliveira, acrescentando que “esses produtos também estão sendo desenvolvidos com o apoio financeiro do CNPq e do Grupo Gomes da Costa”.

Fonte: UNIR

Fotos: Divulgação