A alegria dos incendiários

Com temperaturas diárias superiores aos 40 graus, Porto Velho mostrou por que é chamada a “antessala do inferno”

Fonte: Professor Nazareno - Publicada em 05 de agosto de 2024 às 11:55

Assim é o estado de Rondônia. O fogo intenso neste verão amazônico encobre de fumaça tóxica, mais uma vez, todas as 52 cidades do estado. No último dia 2 de agosto de 2024 todo o céu do jovem estado estava totalmente encoberto e “cinza-chumbo”. Porto Velho foi considerada como a capital do país que tem o pior ar para se respirar. A visibilidade nesse dia não chegava sequer a 50 metros. Prédios encobertos pela fuligem, pessoas tossindo, trânsito prejudicado, luzes acesas em pleno dia. Mesmo sem voos regulares, o acanhado aeroporto da cidade ficou fechado e os poucos e raros hospitais da cidade estavam lotados de velhos e de crianças principalmente. Pessoas com problemas respiratórios sofriam para encontrar oxigênio na atmosfera. Com temperaturas diárias superiores aos 40 graus, Porto Velho mostrou por que é chamada a “antessala do inferno”.

Todo esse caos contrasta, no entanto, com o hino “Céus de Rondônia”, que além de ser muito feio, também é mentiroso e com uma letra cheia de hipocrisia e de enganação. “Azul, nosso céu é sempre azul. Que Deus o mantenha sem rival. Cristalino muito puro. E o conserve sempre assim”. Joaquim Araújo Lima, o autor dessa letra hoje mentirosa, talvez não tivesse vivido a realidade de desastre ambiental que nós vivemos nos dias atuais. Por isso escreveu essas palavras sem nenhuma dor na consciência. É preciso mudar urgentemente esse hino e adaptá-lo melhor à realidade de hoje. A criminosa fumaça que tanto incomoda os rondonienses sempre “viaja” para o sul do Brasil provocando assim um bloqueio atmosférico que, em tese, é o maior responsável pelas inundações que ocorreram no Rio Grande do Sul em maio último. Rondônia tem que parar com esse fogo!

O agronegócio de Rondônia pode estar por trás de toda essa tragédia. É preciso abrir mais espaço para as pastagens e para a produção de soja e de outros alimentos, por exemplo. E o fogo não se manifesta de forma tão espontânea assim. Alguém tem um fósforo na mão e já sabe perfeitamente que os órgãos “que se dizem de defesa do meio ambiente” não têm muita competência nem determinação para deter os incendiários. Os pecuaristas lucram cada vez mais e o povo, que aceita quase sem nada reclamar, paga o pato. Entre o governo Lula e o governo Bolsonaro, não se sabe quem mais incendiou a Amazônia. Só que todo esse fogaréu não é de hoje. O Coronel Jorge Teixeira, um Deus para muitos dos rondonienses, dizia que fumaça era sinal de progresso. “Estão plantando o futuro”, costumava dizer quando via fumaça. Até hoje o rondoniense taca fogo em tudo.

Dessa forma, sem punição e sem sofrer nenhuma consequência aparente por parte do poder público e também por parte de “órgãos invisíveis”, que deviam defender o meio ambiente, os grandes pecuaristas e produtores rurais se aliam ao fogo todos os anos. Por isso, os incendiários se esbaldam na alegria, no prazer, na satisfação e também na certeza do dinheiro que ganharão exportando as comodities que produzem todo ano ao custo do sofrimento alheio. E a classe política de Rondônia e de Porto Velho faz alguma coisa para diminuir esse Armagedon anual? Absolutamente nada. Até porque muitos desses mesmos políticos representam o agronegócio e muitas vezes são eles próprios donos de grandes extensões de terra no estado. Porto Velho tem o pior hospital público do Brasil, tem a pior qualidade de vida dentre as 27 capitais e agora tem o pior ar para se respirar no país. Você já viu ou ouviu algum deles mostrar alguma preocupação durante sua campanha eleitoral?

 

*Foi Professor em Porto Velho.

A alegria dos incendiários

Com temperaturas diárias superiores aos 40 graus, Porto Velho mostrou por que é chamada a “antessala do inferno”

Professor Nazareno
Publicada em 05 de agosto de 2024 às 11:55

Assim é o estado de Rondônia. O fogo intenso neste verão amazônico encobre de fumaça tóxica, mais uma vez, todas as 52 cidades do estado. No último dia 2 de agosto de 2024 todo o céu do jovem estado estava totalmente encoberto e “cinza-chumbo”. Porto Velho foi considerada como a capital do país que tem o pior ar para se respirar. A visibilidade nesse dia não chegava sequer a 50 metros. Prédios encobertos pela fuligem, pessoas tossindo, trânsito prejudicado, luzes acesas em pleno dia. Mesmo sem voos regulares, o acanhado aeroporto da cidade ficou fechado e os poucos e raros hospitais da cidade estavam lotados de velhos e de crianças principalmente. Pessoas com problemas respiratórios sofriam para encontrar oxigênio na atmosfera. Com temperaturas diárias superiores aos 40 graus, Porto Velho mostrou por que é chamada a “antessala do inferno”.

Todo esse caos contrasta, no entanto, com o hino “Céus de Rondônia”, que além de ser muito feio, também é mentiroso e com uma letra cheia de hipocrisia e de enganação. “Azul, nosso céu é sempre azul. Que Deus o mantenha sem rival. Cristalino muito puro. E o conserve sempre assim”. Joaquim Araújo Lima, o autor dessa letra hoje mentirosa, talvez não tivesse vivido a realidade de desastre ambiental que nós vivemos nos dias atuais. Por isso escreveu essas palavras sem nenhuma dor na consciência. É preciso mudar urgentemente esse hino e adaptá-lo melhor à realidade de hoje. A criminosa fumaça que tanto incomoda os rondonienses sempre “viaja” para o sul do Brasil provocando assim um bloqueio atmosférico que, em tese, é o maior responsável pelas inundações que ocorreram no Rio Grande do Sul em maio último. Rondônia tem que parar com esse fogo!

O agronegócio de Rondônia pode estar por trás de toda essa tragédia. É preciso abrir mais espaço para as pastagens e para a produção de soja e de outros alimentos, por exemplo. E o fogo não se manifesta de forma tão espontânea assim. Alguém tem um fósforo na mão e já sabe perfeitamente que os órgãos “que se dizem de defesa do meio ambiente” não têm muita competência nem determinação para deter os incendiários. Os pecuaristas lucram cada vez mais e o povo, que aceita quase sem nada reclamar, paga o pato. Entre o governo Lula e o governo Bolsonaro, não se sabe quem mais incendiou a Amazônia. Só que todo esse fogaréu não é de hoje. O Coronel Jorge Teixeira, um Deus para muitos dos rondonienses, dizia que fumaça era sinal de progresso. “Estão plantando o futuro”, costumava dizer quando via fumaça. Até hoje o rondoniense taca fogo em tudo.

Dessa forma, sem punição e sem sofrer nenhuma consequência aparente por parte do poder público e também por parte de “órgãos invisíveis”, que deviam defender o meio ambiente, os grandes pecuaristas e produtores rurais se aliam ao fogo todos os anos. Por isso, os incendiários se esbaldam na alegria, no prazer, na satisfação e também na certeza do dinheiro que ganharão exportando as comodities que produzem todo ano ao custo do sofrimento alheio. E a classe política de Rondônia e de Porto Velho faz alguma coisa para diminuir esse Armagedon anual? Absolutamente nada. Até porque muitos desses mesmos políticos representam o agronegócio e muitas vezes são eles próprios donos de grandes extensões de terra no estado. Porto Velho tem o pior hospital público do Brasil, tem a pior qualidade de vida dentre as 27 capitais e agora tem o pior ar para se respirar no país. Você já viu ou ouviu algum deles mostrar alguma preocupação durante sua campanha eleitoral?

 

*Foi Professor em Porto Velho.

Comentários

  • 1
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    Bento Arruda 06/08/2024

    PREZADO SR. LEONARDO MASCARENHAS, ACHO QUE O PROBLEMA NAO É QUEM ELE FOI MASSIM QUEM ELE É ATUALMENTE, NÃO LI ATE HOJE UMA COMENTARIO BOM SOBRE RONDDONIA DESSE SENHOR , SEMPRE JOGANDO RONDONIA PRA BAIXO, NÃO GOSTO QUE FALEM MAL DE NOSSO ESTADO SE OSENHOR GOSTA É PROBLEMA SEU, LEVE ELE PRA SUA CASA, O QUE ELE JÁ FOI - JÁ FOI, HOJE É UM MONSTRO QUE AJUDA A DESTRUIR NOSSO ESTADO .

  • 2
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    João Cavernoso 06/08/2024

    Não concordo muito com o que o Professor Nazareno escreve, mas toda vez leio os textos dele com muita atenção, pois são intrigantes, provocativos e cheios de verdades que incomoda muita gente ignorante. Não entendo como o BENTO ARRUDA e o CREMILDO têm coragem de desmentir o que leram no texto do professor. Porto Velho está cheio de fumaça de queimada e isso devia incomodar todo rondoniense inclusive os que não gostam dos textos do referido professor. Se esse professor Nazareno é aposenado, ele não recebe dinheiro do suor de ninguém, mas de tudo o que ele contribuiu durante toda a vida em que trabalhou. De onde o CREMILDO tirou essa ideia que o professor recebe dinheiro do suor do povo de Rondônia? Tem burro de toda espécie que lê os textos do professor Nazareno: BENTO ARRUDA e CREMILDO são dois desses jumentos.

  • 3
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    Leonardo Mascarenhas 06/08/2024

    Conheço o Professor Nazareno desde que ele chegou a Porto Velho. Sempre atuou na Educação, como Professor de Língua Portuguesa, Literatura, Gramática e Redação. Também foi Diretor de Escolas, sempre atuando com competência e dedicação pública. Ao aposentar-se, também atuou como professor em escola particular. Portanto, que coloca em dúvida a competência do professor Nazareno, das duas, uma: Ou é desinformado, ou é mal-intencionado, espalhando mentiras.

  • 4
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    Cremildo 05/08/2024

    Aposentadoria que você recebe todo mês é fruto e suor deste povo que tanto você crítica. Durante o tempo que esteve em Porto Velho o que fez para melhorar a cidade. Qual foi a sua contribuição para o Estado de Rondônia?

  • 5
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    Bento Arruda 05/08/2024

    PROFESSOR NAZARENTO, VAI EMBORA, RONDONIA PARA O SENHOR É O PIOR EM TUDO., VAI PRA SUA PASSARGADA QUE O SENHOR TANTO CANTAVAM E PROSA E VERSO ANTES DE SE APOSENTAR. SOME DO MAPA.

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