A covardia é a marca registrada
A covardia parece estar no DNA da família

Eduardo Bolsonaro (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Imagine-se no front, com o calor torrando seus miolos, um banheiro químico malcheiroso e pneus que não exibem qualquer reação diante dos seus cânticos e orações. Sua expectativa é de que algo de concreto vá se realizar. “Esperem só mais 72 horas”, dizem seus líderes. Nada acontece, mas sua certeza supera qualquer calendário. Você se mantém firme. Então, recebe uma convocação: no dia 8 de janeiro, deve se incorporar à infantaria que poria fim àquela guerra na batalha das batalhas - na tomada, enfim, do poder.
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Enquanto isso, após todo o plano ser traçado, seu comandante abandona o teatro de guerra e vai passear em território aliado com seus amigos do mundo de Walt Disney. Seu quartel-general está lá, devidamente decorado com os personagens ficcionais que inspiram o projeto de país idealizado por ele. Está seguro, protegido por Mickey, Minnie, Pato Donald, Dumbo, Pluto e, claro, o Pateta.
Mas essa covardia não lhe abate. Você, como os bois de piranha que são jogados ao rio para salvar parte da manada, cumpre seu papel e avança de peito aberto contra as baionetas inimigas. Pouco lhe importa se, como resultado desse ataque desesperado, apenas você morreria. Ou seria preso na Papuda. Tanto faz. Você estava ali por algo que acreditava ser maior. Mas o resultado? Você e centenas de parceiros de batalha acabam presos. Alguns, após tentarem fugir com a ajuda de coiotes, são capturados ao tentar entrar naquele país que seu líder dizia ser território aliado.
E depois de ser abandonado pelo comandante no momento mais crucial do seu delírio, agora é um dos principais generais do seu exército que pica a mula e vai morar com o Mickey. Bem-feito para você. Porque para Eduardo Bolsonaro, assim como para seu pai, farinha pouca, meu pirão primeiro. Você foi abandonado mais uma vez pela mesma família. Em vez de ficar no Brasil e enfrentar a luta ao seu lado, o Zero Três aproveita as regalias que tem como deputado e decide ir morar na terra de Trump. Não me pergunte de onde ele vai tirar dinheiro para se manter por lá.
A covardia parece estar no DNA da família. Assim como a capacidade de construir narrativas ficcionais. O discurso de Eduardo Bolsonaro ao anunciar sua mudança para os Estados Unidos mais pareceu um menino criando seu mundo no Minecraft.
Ele sabe exatamente a participação que teve na tentativa de golpe de 8 de janeiro. E sabe que Cid também sabe. Logo, Alexandre de Moraes, também. Portanto, o que ele fez foi nada mais, nada menos do que fugir para não responder pelos crimes que cometeu, ou contribuiu para que ocorressem, contra a democracia brasileira. Simples assim!
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político.
Oliveiros Marques
Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas
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