A crise política do governo Rocha: um tiroteio dentro da própria trincheira

Se a crise de segurança já foi um desastre, a crise política do governo Marcos Rocha é um verdadeiro tiroteio entre aliados

Fonte: RUBENS COUTINHO, EDITOR DO TUDORONDONIA - Publicada em 04 de fevereiro de 2025 às 08:44

Se Rondônia fosse um reality show, Marcos Rocha (União Brasil) seria aquele participante que some na hora da treta e reaparece sorridente quando tudo já foi resolvido – de preferência, de farda e posando de herói. Mas a política não é um programa de entretenimento (embora, com Rocha, às vezes pareça), e a população não tem paciência para um governador que some nas crises e só aparece para encenar bravura tardia.

Recentemente, a posse do presidente da Assembleia Legislativa, Alex Redano (Republicanos), trouxe à tona um novo capítulo da tragicomédia do governo estadual. Nos bastidores do evento, o falatório girava em torno do clima de velório entre Rocha, seu vice, Sérgio Gonçalves (UB), e o secretário da Casa Civil, Júnior Gonçalves. O governador, que já tem fama de evitar decisões difíceis, foi acusado de tentar barrar os irmãos Gonçalves da cerimônia – um esforço inútil, já que ambos marcaram presença e reforçaram a narrativa de um governo que briga consigo mesmo antes mesmo da oposição entrar no jogo.

Se a crise de segurança já foi um desastre, a crise política do governo Marcos Rocha é um verdadeiro tiroteio entre aliados. A posse de Alex Redano como presidente da Assembleia Legislativa para o biênio 2025/2026 parecia um evento protocolar, mas virou palco de uma novela cheia de intrigas, fofocas e ressentimentos.

Nos bastidores, o assunto dominante não era a nova gestão da ALE-RO, mas sim a relação em frangalhos entre Rocha, seu vice, Sérgio Gonçalves, e o homem-forte da Casa Civil, Júnior Gonçalves. A boataria tomou conta: falava-se que Rocha teria pedido para que os irmãos Gonçalves nem fossem convidados para o evento – pedido, claro, ignorado. A tentativa do governador de isolar seus próprios aliados mostra um governo que parece um barco à deriva, onde cada um rema para um lado diferente e ninguém sabe para onde vai.

Outro burburinho que correu solto na posse foi a suposta demissão de Júnior Gonçalves, uma novela que já se arrasta há tempos. Dizem que Rocha, num raro momento de decisão, até chamou jornalistas para anunciar a exoneração do secretário, mas, na última hora, desistiu – como já fez em tantas outras ocasiões. Parece que a única coisa que ele decide rápido é o destino das suas férias.

E a cereja do bolo: Marcos Rocha pode estar cogitando abandonar a ideia de disputar o Senado em 2026 e ficar até o fim do mandato. Se essa hipótese se confirmar, ele enfrentará dois problemas: um governo ainda mais enfraquecido,  com uma antecedência de quase dois anos , antes mesmo do jogo sucessório começar,  desmoronando por dentro;   e uma base política que não sabe se o apoia ou se tenta se livrar dele o quanto antes.

A grande ironia disso tudo? A oposição sequer precisou fazer esforço. Rocha e seu grupo conseguiram, sozinhos, transformar o governo em uma arena de combate. O problema é que, diferente da crise de segurança, dessa vez não há farda ou encenação que possa salvá-lo da própria bagunça que criou.

Mas, convenhamos, Marcos Rocha já deixou claro que sua especialidade não é comandar crises, e sim fugir delas. Num dos  episódio escandaloso de sua gestão, quando facções criminosas como Comando Vermelho e PCC espalharam terror em Porto Velho, queimaram ônibus, decretaram toque de recolher e mataram policiais, Rocha estava onde? Nas praias do Nordeste, curtindo férias. Enquanto o povo vivia dias de terror, ele não deu um pio.

Preferiu o silêncio – e uma lavanderia em João Pessoa. Isso mesmo: enquanto a violência tomava conta de Rondônia, o governador gravava vídeos em uma lavanderia, como se fosse um mochileiro em busca de Wi-Fi, alheio ao caos em "seu" estado.

A pusilanimidade  deu lugar à farsa quando Rocha voltou a Rondônia e resolveu, do nada, vestir a farda da Polícia Militar. Depois de se omitir durante toda a crise, encenou um teatro patético de "comandante de guerra", como se sua ausência tivesse sido estratégica e não um ato de puro escapismo. Esse espetáculo tragicômico, digno de um "coronel maçaneta" – aquele que brilha no papel, mas nunca na ação –, virou motivo de chacota. A população não comprou a encenação.

Agora, em meio ao próprio governo rachado e com rumores de que pode desistir do Senado em 2026, Rocha segue cambaleando. Como Magalhães Pinto  dizia, "política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou". A de Marcos Rocha, no entanto, parece uma tempestade permanente – e, para azar dos rondonienses, o governador não tem coragem nem para abrir um guarda-chuva.

A crise política do governo Rocha: um tiroteio dentro da própria trincheira

Se a crise de segurança já foi um desastre, a crise política do governo Marcos Rocha é um verdadeiro tiroteio entre aliados

RUBENS COUTINHO, EDITOR DO TUDORONDONIA
Publicada em 04 de fevereiro de 2025 às 08:44

Se Rondônia fosse um reality show, Marcos Rocha (União Brasil) seria aquele participante que some na hora da treta e reaparece sorridente quando tudo já foi resolvido – de preferência, de farda e posando de herói. Mas a política não é um programa de entretenimento (embora, com Rocha, às vezes pareça), e a população não tem paciência para um governador que some nas crises e só aparece para encenar bravura tardia.

Recentemente, a posse do presidente da Assembleia Legislativa, Alex Redano (Republicanos), trouxe à tona um novo capítulo da tragicomédia do governo estadual. Nos bastidores do evento, o falatório girava em torno do clima de velório entre Rocha, seu vice, Sérgio Gonçalves (UB), e o secretário da Casa Civil, Júnior Gonçalves. O governador, que já tem fama de evitar decisões difíceis, foi acusado de tentar barrar os irmãos Gonçalves da cerimônia – um esforço inútil, já que ambos marcaram presença e reforçaram a narrativa de um governo que briga consigo mesmo antes mesmo da oposição entrar no jogo.

Se a crise de segurança já foi um desastre, a crise política do governo Marcos Rocha é um verdadeiro tiroteio entre aliados. A posse de Alex Redano como presidente da Assembleia Legislativa para o biênio 2025/2026 parecia um evento protocolar, mas virou palco de uma novela cheia de intrigas, fofocas e ressentimentos.

Nos bastidores, o assunto dominante não era a nova gestão da ALE-RO, mas sim a relação em frangalhos entre Rocha, seu vice, Sérgio Gonçalves, e o homem-forte da Casa Civil, Júnior Gonçalves. A boataria tomou conta: falava-se que Rocha teria pedido para que os irmãos Gonçalves nem fossem convidados para o evento – pedido, claro, ignorado. A tentativa do governador de isolar seus próprios aliados mostra um governo que parece um barco à deriva, onde cada um rema para um lado diferente e ninguém sabe para onde vai.

Outro burburinho que correu solto na posse foi a suposta demissão de Júnior Gonçalves, uma novela que já se arrasta há tempos. Dizem que Rocha, num raro momento de decisão, até chamou jornalistas para anunciar a exoneração do secretário, mas, na última hora, desistiu – como já fez em tantas outras ocasiões. Parece que a única coisa que ele decide rápido é o destino das suas férias.

E a cereja do bolo: Marcos Rocha pode estar cogitando abandonar a ideia de disputar o Senado em 2026 e ficar até o fim do mandato. Se essa hipótese se confirmar, ele enfrentará dois problemas: um governo ainda mais enfraquecido,  com uma antecedência de quase dois anos , antes mesmo do jogo sucessório começar,  desmoronando por dentro;   e uma base política que não sabe se o apoia ou se tenta se livrar dele o quanto antes.

A grande ironia disso tudo? A oposição sequer precisou fazer esforço. Rocha e seu grupo conseguiram, sozinhos, transformar o governo em uma arena de combate. O problema é que, diferente da crise de segurança, dessa vez não há farda ou encenação que possa salvá-lo da própria bagunça que criou.

Mas, convenhamos, Marcos Rocha já deixou claro que sua especialidade não é comandar crises, e sim fugir delas. Num dos  episódio escandaloso de sua gestão, quando facções criminosas como Comando Vermelho e PCC espalharam terror em Porto Velho, queimaram ônibus, decretaram toque de recolher e mataram policiais, Rocha estava onde? Nas praias do Nordeste, curtindo férias. Enquanto o povo vivia dias de terror, ele não deu um pio.

Preferiu o silêncio – e uma lavanderia em João Pessoa. Isso mesmo: enquanto a violência tomava conta de Rondônia, o governador gravava vídeos em uma lavanderia, como se fosse um mochileiro em busca de Wi-Fi, alheio ao caos em "seu" estado.

A pusilanimidade  deu lugar à farsa quando Rocha voltou a Rondônia e resolveu, do nada, vestir a farda da Polícia Militar. Depois de se omitir durante toda a crise, encenou um teatro patético de "comandante de guerra", como se sua ausência tivesse sido estratégica e não um ato de puro escapismo. Esse espetáculo tragicômico, digno de um "coronel maçaneta" – aquele que brilha no papel, mas nunca na ação –, virou motivo de chacota. A população não comprou a encenação.

Agora, em meio ao próprio governo rachado e com rumores de que pode desistir do Senado em 2026, Rocha segue cambaleando. Como Magalhães Pinto  dizia, "política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou". A de Marcos Rocha, no entanto, parece uma tempestade permanente – e, para azar dos rondonienses, o governador não tem coragem nem para abrir um guarda-chuva.

Comentários

  • 1
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    Cremildo 04/02/2025

    A oposição, o pessoal que faz crítica por que não está recebendo nada, pode achar o que quiser. Mas o governador Marcos Rocha pode candidatar até para um terceiro mandato se a lei permitisse, que não tinha pra ninguém. Eu queria ser vice dele em qualquer situação.

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