A grande mídia e as omissões da guerra
Não são poucos que se revelam tristes e incomodados com a forma cosmética com que a grande mídia europeia tem realizado a cobertura jornalística da guerra na Ucrânia
Em primeiro lugar, cumpre destacar a CONDENAÇÃO A SER FEITA À INVASÃO RUSSA.
Nada, absolutamente nada, justifica a guerra, a morte e a destruição de um país por outro.
Isso vale para qualquer parte do mundo.
A guerra é o momento mais escrachado, vexatório e grotesco de nosso fracasso como sociedade dita civilizada.
TODO O NOSSO REPÚDIO À GUERRA PATROCINADA PELA RÚSSIA.
Sob a clareza desse ângulo, passemos a outros fatos perturbadores.
Salta aos olhos a forma pouco profissional, apaixonada e submissa com que grande parte da mídia europeia aceitou (e aceita) a narrativa americana da absurda guerra na Ucrânia.
Os quadros atuais de imagens aterrorizantes, da destruição de cidades inteiras e de mortes em nada diferem dos patrocinados pelos Estados Unidos mundo afora, com o objetivo de derrubar Governos, semear o caos, destruir economias e de se apropriar de riquezas locais.
Segundo o livro "MATANDO A ESPERANÇA: Intervenções Militares dos EUA e da CIA desde a Segunda Guerra Mundial", o escritor William Blum (com prefácio de Noam Chomsky) descreve, com riqueza de detalhes, um rastro de terror sempre ignorado (e/ou tolerado) pela Europa submissa.
Em menos de três décadas, os governos americanos (segundo o autor) patrocinaram, com sangue, treze operações de mudança de regime: Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, Haiti, Somália, Honduras, Líbia, Síria, Ucrânia (2014), Iêmen, Irã, Nicarágua, Venezuela.
A cada análise feita pela mídia da atual Guerra (desprezando a raiz do problema, sem nomear todos os atores responsáveis, sem denunciar a submissão e a omissão dos líderes europeus) deixamos de buscar a verdade e nos afastamos da solução do problema.
Os grandes interesses da geopolítica americana, em sua grande maioria, estão distantes dos interesses da Europa. Então, por qual razão aceitar ser instrumento desse objetivo predador?
A retomada do comércio internacional, por fora do uso obrigatório do dólar, provocará um terremoto nos EUA e tal realidade está na base da instabilidade semeada por Washington, particularmente, com China, Rússia e suas áreas de influência.
A decisão pelo comércio em moedas alternativas de países como a China, Rússia, Índia, Arábia Saudita entre outros representa uma revolução e um passo importantíssimo na transformação do mundo em um necessário espaço "multipolar", obrigatoriamente mais democrático e seguro.
É fundamental ir mais fundo e responder: quem ganha e quem perde com uma guerra prolongada na Ucrânia?
Por quais razões tal realidade acontece?
Quem ganha e quem perde com a "ampliação das fronteiras da guerra"?
Para finalizar, quero deixar, como sugestão, a leitura do texto do Professor Boaventura Santos, da Universidade de Coimbra (publicado por "Outras Palavras", no último dia 07 de abril), com o título "Três Guerras e o Futuro do Planeta".
Com seu habitual talento, o professor descreve o contexto da Guerra Militar; da Guerra Econômica; e da Guerra Midiática com os respectivos efeitos devastadores na manipulação social.
A GUERRA PRECISA PARAR, POIS ESTÃO A SEMEAR ODIOS E A CEIFAR VIDAS ÚNICAS.
... E SE FOSSEM AS NOSSAS CASAS DESTRUÍDAS, AS NOSSAS ESCOLAS ARRASADAS, OS NOSSOS SONHOS BANHADOS EM SANGUE????
A Europa não pode ser instrumento de manipulação dos interesses americanos, muito menos capitular diante dos horrores da guerra... qualquer guerra!
A invasão da Ucrânia não começou em 20 de fevereiro. Foi um processo ocorrido com a pacata conivência dos governantes do Velho Continente em relação, entre outras coisas, às pautas belicistas da OTAN.
Há que sentar, focar nas causas verdadeiras, negociar e encontrar saídas.
Quanto à grande mídia (sustentada pelos interesses americanos), a sociedade necessita exigir mais pluralidade, qualidade e transparência. Somente desta forma, ela cumprirá o seu papel.
Urge buscar a verdade, desmascarar covardes, revelar omissos e irresponsáveis dentro de um processo criminoso, no qual os únicos inocentes são os cidadãos e cidadãs da Ucrânia.
Professor David Nogueira
Foi fundador e dirigente do Sindicato da Educação/RO
Foi Assessor Técnico no Senado Federal e na ALE/RO
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