A marcha da insensatez
Se é verdade que saúde e economia andam juntas, como dizem alguns, por que o desespero para reabrir o comércio e colocar em risco a vida das pessoas?
Atribui-se a James Freeman Clarke a frase segundo a qual “um politico pensa nas próximas eleições; um estadista, na próxima geração”. Trazida para os dias de hoje, quando a população mundial se debate com uma pandemia de coronavirus, que já ceifou milhares de vida pelos quatro cantos do planeta, a frase do escritor americano não poderia ser mais atual para ilustrar a conduta de políticos e governantes.
Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades sanitárias defendem o isolamento social na luta para combater a proliferação do corovírus, políticos e dirigentes públicos, aqui e alhures, a serviço de interesses inconfessáveis, preferem seguir na contramão da história. É sempre assim. Os donos dos destinos dos povos urdem seus projetos malignos no silêncio sepulcral dos seus gabinetes refrigerados, esquecidos completamente dos sofrimentos e das dores que os acontecimentos dali decorrentes vão causar a milhares de pessoas.
A história da humanidade está cheia de exemplos que apontam nessa direção. É a chamada marcha da insensatez de que nos fala a famosa escritora e historiadora norte-americana Barbara Tuchman. Em todos os tempos foi assim e, assim, ainda será por muitas e muitas gerações. Para alguns, a economia é mais importante que a vida humana. Comportam-se como se a vida das pessoas fosse um papel inútil, que se joga na lata do lixo. Talvez ai resida um dos motivos mais plausível para nossas dificuldades em chegar a patamares respeitáveis de desenvolvimento alcançados por outras Nações. Enquanto as sociedades mais avançadas dispensam aos que produzem o respeito que eles merecem, ainda se pode testemunhar no Brasil a ocorrência de fatos lamentáveis.
Se é verdade que saúde e economia andam juntas, como dizem alguns, por que o desespero para reabrir o comércio e colocar em risco a vida das pessoas? Francamente, não sei o que a história reservará para essa gente, mas posso afirmar, sem medo de errar, que jamais nos tornaremos melhores aos olhos de Deus se nos deixamos guiar exclusivamente pela ganância desenfreada, quando deveriam buscar oferecer perspectivas estáveis de entendimento e condições de vida para o povo brasileiro.
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