A parte que cabe aos bilionários nesta pandemia
"Já passou da hora dos que ganharam bilhões com a ciranda financeira darem sua parte de "sacrifício". Fazendo isso, não só irão reduzir o sofrimento de milhões de brasileiros, mas irão ajudar a reduzir o tempo de espera para vencermos o coronavírus"
Nos últimos anos, enquanto as reformas da previdência e do trabalho retiravam direitos, reduziam salários, ampliavam o desemprego e jogavam trabalhadores na informalidade, os mais ricos nadavam de braçada na crise econômica brasileira. Só no ano passado, o lucro dos quatro maiores bancos brasileiros foi de R$ 60 bilhões. Já o faturamento da agropecuária foi recorde: R$ 630 bilhões. E a fortuna estimada dos 10 homens mais ricos do país alcançava, segundo a Revista Forbes a soma de R$ 410 bilhões, o equivalente ao PIB anual do Equador.
A ganância por lucro especulativo era tanto que ninguém do mercado financeiro esperava um tombo tão grande e surpreendente que colocasse a galinha dos ovos de ouro na UTI junto com as vítimas do coronavírus.Com cidades e estados isolados, comércio fechado, empresas e serviços públicos adotando o home office (trabalho em casa), a expectativa de crescimento para 2020 foi zerada pelo governo federal. E a previsão dos bancos JP Morgan e Goldman Sachs é ainda pior para o Brasil: recessão que pode chegar a uma retração do Produto Interno Bruto de 3,5% ainda no primeiro trimestre do ano. Os investidores fogem do Brasil como o diabo da cruz. Pelo menos R$ 57 bilhões deixaram o país rumo a mercados mais seguros.
Para sairmos do atoleiro que Guedes e o clã Bolsonaro nos enfiaram, precisamos urgentemente de recursos para enfrentar o surto do coronavírus. Dinheiro para investir em unidades hospitalares improvisadas em grandes espaços públicos de atendimento dos enfermos. Recursos para subsidiar o comércio e a indústria, que tiveram que fechar suas portas. É necessário, ainda, dinheiro para garantir a sobrevivência das pessoas que perderam seus empregos ou tiveram seus salários reduzidos por conta da liberação do trabalho. O Congresso Nacional estuda um corte de 20% nos vencimentos do funcionalismo, que está parado como todo o país.
Já passou da hora dos que ganharam bilhões com a ciranda financeira darem sua parte de "sacrifício". Fazendo isso, não só irão reduzir o sofrimento de milhões de brasileiros, mas irão ajudar a reduzir o tempo de espera para vencermos o coronavírus. Se não fizerem isso espontaneamente, que a sociedade cobre dos poderes da Nação a criação de taxas e impostos imediatos sobre as fortunas.
O Brasil, quando sair desta crise, tem tudo para voltar a crescer produzindo alimentos para um mundo cada vez mais faminto. Mas que esta riqueza seja compartilhada entre todos, com distribuição de renda, bons serviços públicos na saúde, educação, transportes, moradias e emprego.
Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e integrante do Jornalistas pela Democracia
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