A questão do Pix e os embates de fake news em redes sociais
"Não se trata apenas de comunicação, mas como enfrentar uma máquina ideológica extremamente controlada", avalia Arnóbio Rocha

Pix (Foto: Divulgação/BC)
Hábitos saudáveis para pessoas públicas, especialmente as de esquerda:
Publicidade
- Ir ao supermercado
- Ir à feira livre
- Andar de transporte público
- Tomar café na padaria
- Ir à periferia, tomar café, comer feijoada
- Ligar em call-center de operadoras (Internet, telefone, cartão de crédito)
- Ir à missa, culto, mesmo sendo ateu, se for o caso
Saber como a maioria das pessoas vive ajuda a entender a importância do Pix (por exemplo), não por intermediários, por gráficos, planilhas, tutoriais de YouTube, mas por experiência real.
O Pix é a nova moeda, meio de pagamento, troca, compra, venda, uma sensação de não depender de bancos e suas taxas, ainda que ilusória, mas é algo que as pessoas entendem plenamente, sabem como funciona e criam modalidade de negócios baseados na ideia simples. É isso que determina o apego e apelo do Pix.
A derrota do governo na questão do Pix por obra de um espertalhão mentiroso, bem orientado por marqueteiro, diz mais sobre nós do que sobre ele. Não é a primeira vez que fazemos um grande recuo desmoralizante em medidas corretas, mas sem uma preparação para um enfrentamento brutal na arena deletéria das redes sociais, em que a verdade é apenas um mero detalhe, que não conta para o resultado final dos embates.
O maior dos problemas, e de soluções, dos governos de esquerda no Brasil sempre foi de política, de como transformar em ação através de comunicação, cair no gosto popular, no dia a dia das pessoas. Houve grandes vitórias nesse sentido, o Bolsa Família é uma delas, o PAC, crescimento, a correção do salário-mínimo. Outras não soube se explicar, como em ações de educação e saúde, por exemplo, assim como perdeu a bandeira de combate à corrupção.
Apenas para comparar, quase por inércia, governos desastrosos, como o do Capitão Tarcísio de Freitas, sem nenhuma comunicação estratégica, mantêm boa avaliação, conta também que não tem oposição ou espaço de combate na mídia.
O enfrentamento contra os governos de centro-esquerda é ideológico, mesmo nessa versão Lula III, de uma composição ampla até a direita, tendo como vice Geraldo Alckmin, ministros de direita. Nem assim há arrego. A conotação para o capital é que é um governo de esquerda que quer um Estado baseado no bem-estar Social, em contraposição ao ultraliberalismo.
Por mais que a Economia tenha sensível melhora, muitas políticas públicas retomaram a pauleira da extrema-direita, em maioria no parlamento e com uma máquina ideológica destruidora, poucas vezes vista na história. Transforma em pó as iniciativas, mantendo o governo sob pressão diariamente, não lhe rendendo dividendos em suas ações.
Essa arena política disruptiva ainda é um terreno extremamente árido para a esquerda. Não se trata apenas de comunicação, mas como enfrentar uma máquina ideológica extremamente controlada, com peculiaridades completamente diferentes de tudo o que se fez em política em séculos. Há experiências importantes, como a do México, mas se aplicaria ao Brasil?
Uma dura lição e sem saber as suas consequências no futuro.
Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".
151 artigos
Haddad em seu labirinto
"Fernando Haddad é um sujeito honesto. É, ao revés, um sujeito extremamente vaidoso", escreve Ruy Nogueira
Parem Nikolas Ferreira, ou suas mentiras vão parar o Brasil
"Se o diabo é o pai das fake news, Nikolas é o seu primogênito", escreve Ricardo Nêggo Tom
Bolsonaro foi buscar lã e saiu tosquiado
"Depois dessa dura decisão de Moraes, a situação de Bolsonaro ficou mais complicada e seu indiciamento pela Justiça, apenas uma questão de tempo", diz Solnik
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook