A voz da maioria: Somos Democracia
Jornalista Helena Chagas elogia a manifestação de torcedores corintianos em defesa da democracia. "Um bom precedente, que pode animar outros setores da sociedade a pegar suas máscaras e, sim, ir às ruas por uma causa tão ou mais importante do que a ida ao supermercado para alimentar a família: fazer valer a vontade da maioria", escreve
Pode parecer pouco, mas traz algum alento: torcedores do Corinthians foram para a Avenida Paulista no sábado, no mesmo horário, e melaram uma manifestação que os bolsonaristas tinham marcado para defender intervenção militar. A faixa que apareceu mais foi a dos corinthianos: “Somos Democracia”. Eram bandos de gatos-pingados dos dois lados, assim como têm sido pífios quase todos os protestos antidemocráticos das últimas semanas, turbinados com dinheiro de empresários ligados ao bolsonarismo e apoiados pelo próprio presidente da República. Com as ruas vazias, porém, fazem muito barulho.
Como fazem barulho, ocupam certo espaço na mídia e são usados pelo presidente da República como exemplo de que teria “apoio popular”. Afinal, o outro lado, o antibolsonarista, tem, ajuizadamente, ficado em casa para respeitar o isolamento para escapar à pandemia do coronavírus. No máximo, bate algumas panelas no fim da tarde.
Com isso, somado à estridência dos bolsominios na Internet, alimentada por seus robôs e por uma agressividade inaudita, muita gente boa e bem informada tem a impressão de que Jair Bolsonaro tem uma fatia razoável de apoio social para ir contra a democracia – e tem medo de enfrentá-lo, inclusive nos altos escalões do Legislativo e do Judiciário. Tudo indica que já não é bem assim.
Daí a importância do gesto da torcida do Corinthians. Pequeno, quase ignorado, mas firme e destemido: “Somos Democracia!”. Um bom precedente, que pode animar outros setores da sociedade a pegar suas máscaras e, sim, ir às ruas por uma causa tão ou mais importante do que a ida ao supermercado para alimentar a família: fazer valer a vontade da maioria.
A cenoura e o pastel de vento de Moro
Para a jornalista Tereza Cruvinel, o depoimento inconsistente de Sérgio Moro deixou mais remota a possibilidade de afastamento de Jair Bolsonaro. "Não que faltem crimes a Bolsonaro. Os de responsabilidade formam uma penca, mas teriam de ser investigados pelo Congresso, onde o presidente da Câmara recusa-se a autorizar a abertura de impeachment"
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