Adoniran pede licença para emocionar
Todos personagens dos sambas, digo, crônicas de Adoniran tendo São Paulo e seu universo rico de tipos que o compositor conhecia como ninguém
Baseado em composições do mestre do samba paulistano, Adoniran Barbosa, o cineasta Pedro Serrano roteirizou e dirigiu o maravilhoso curta-metragem “Dá licença de contar”. No elenco, Paulo Miklos é Adoniran, em ótima atuação e caracterização (a voz rouca, a gravata borboleta, o chapéu). Gero Camilo, faz Mato Grosso. Todos personagens dos sambas, digo, crônicas de Adoniran tendo São Paulo e seu universo rico de tipos que o compositor conhecia como ninguém.
O curta tem ainda o Joca (vivido por Gustavo Machado, que foi Ronaldo Bôscoli no longa Elis), Iracema, Arnesto, todos oriundos de composições imortais de Adoniran, entre elas, “Saudosa maloca” (Se o senhor não tá lembrado, dá licença de contar), Samba do Arnesto (O Arnesto nos convidou prum samba, ele mora no Brás), a lírica e trágica Iracema (Iracema, meu grande amor foi você). Tem o hilário “Um samba no Bexiga” e a romântica “Prova de carinho” e claro, um dos maiores sucessos do compositor, “Trem das onze”.
Contada em flashback, “Dá licença de contar” por Adoniran que está olhando para um edifício alto e o garçom pergunta se ele não vai participar da roda de samba. Então, ele conta as aventuras e desventuras dos amigos Joca e Mato Grosso, apaixonado pela bela Iracema, que recebe do amigo Joca a corda mi do seu cavaquinho em forma de anel, como o conquistador lhe diz - prova de carinho (lembrando que cavaquinho não tem corda mi). Mas quem vai discutir com um poeta? Quando Joca entra em cena, ele diz - Bom dia, tristeza. Referência a parceria de Adoniran e Vinicius de Moraes no samba homônimo. Detalhe. Eles nunca se encontraram para compor e a parceria nasceu à revelia, graças a um pedido feito por Aracy de Almeida a Adoniran.
No meio de uma batucada, chega Ernesto ou Arnesto, convidando a todos para um samba em sua casa, com direito a muita cerveja. No dia marcado, porém, lá vão Adoniran, Mato Grosso e Joca, mas não tem festa. Houve um imprevisto. Ernesto deixou até um bilhete, porém o vento o levou embora. Os três amigos chateados voltam sem desfrutar da festa. Adoniran diz que a falseta do amigo dá samba. Daí nasce o antológico Samba do Arnesto.
Mato Grosso havia recebido uma ordem de despejo, no entanto, não presta atenção. Quando voltam, a maloca está sendo demolida. Mato Grosso quis gritar, mas Adoniran o acalma dizendo- “Os homens tão com a razão nois arranja outro lugar”, diálogo retirado de Saudosa maloca. Sensacional. Maravilhoso. Imperdível.
No final, Adoniran deixando as más lembranças de lado, se aproxima do pessoal da roda de samba e diz – “Nois viemo aqui pra beber ou pra conversar”. Sua famosa fala de um antigo comercial de cerveja protagonizado por ele pelos idos dos anos 1970.
O curta ‘Dá Licença de Contar’ já conquistou o título de ‘Melhor Curta-Metragem Júri da Crítica’ e ‘Prêmio Canal Brasil de Curtas’ no Festival de Cinema de Gramado, Prêmio do Público Zinebi e Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. “As músicas do Adoniran sempre foram narrativas muito visuais para mim, nas quais ele construiu enredos e personagens muito fortes, que fazem parte do imaginário da maioria dos brasileiros. Foi um prazer juntar as peças desse quebra-cabeças”, afirma Serrano.
Não conhecia essa joia compartilhada por minha amiga jornalista e colega de trabalho, Andréa, que reservou um minuto do seu final de domingo para enviar este lindo presente para mim. Viva Adoniran Barbosa. Viva a música brasileira. Viva o cinema nacional.
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