Agevisa recomenda cuidados na preparação de alimentos para evitar botulismo
Família vítima de botulismo segue internada
No dia 10 de fevereiro um churrasco em família em São Miguel do Guaporé terminou de forma inesperada e grave. Segundo a gerente técnica da Vigilância Epidemiológica da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Arlete Baldez, das pessoas expostas à alimentação, cinco apresentaram quadro clínico compatível com botulismo e foram internadas no Hospital de Urgência e Emergência Regional em Cacoal. Três delas ainda estão na UTI respirando com ajuda de aparelhos, outra está na enfermaria e uma recebeu alta.
‘‘Foram coletadas amostras de sangue das cinco pessoas. O material foi encaminhado para a referência que é o Instituto Adolfo Lutz [em São Paulo] e em quatro o resultado deu positivo e um negativo, que foi o último caso que apresentou sintomas dois dias depois daquele almoço, mas foi confirmado por critério clinico epidemiológico, pois foi exposto a mesma alimentação, teve os mesmos sintomas graves, foi intubado, foi para o respirador, então concluímos cinco casos’’, afirma a gerente.
O botulismo causado pela bactéria Clostridium botulinum é considerado uma doença rara, porém grave e tem como principal causa de transmissão a ingestão de alimentos contaminados. Os principais sintomas são dificuldade de engolir e falar, visão turva ou dupla; pálpebras caídas; dificuldade para respirar e paralisação dos músculos.
O caso foi acompanhado pela Vigilância Estadual que desencadeou em investigação minuciosa para identificar o alimento contaminado. ‘‘Nós tivemos duas coletas de alimento. Esse almoço aconteceu no domingo e na segunda-feira pela manhã a equipe de Vigilância Sanitária de São Miguel do Guaporé coletou várias amostras. Na terça-feira chegou a Vigilância Estadual e coletou o que ainda restava de alimentos que foram servidos naquele almoço’’, conta Arlete.
Esse material também foi encaminhado para a referência, Instituto Adolfo Lutz, mas o laboratório não conseguiu isolar a toxina ou a bactéria de nenhum dos alimentos que foram coletados. ‘‘Eu conversei com o responsável pelo laboratório de botulismo confirmando uma questão que já é colocada na literatura, que o alimento pode não ser todo contaminado, apenas parte dele e as pessoas que consumiram aquele alimento podem ter consumido toda a parte contaminada’’, considera.
Para ela, essa situação explica a gravidade da manifestação dos sintomas. ‘‘Os cinco casos foram internados, foram para UTI, foram para o respirador. Nós relutamos muito em encerrar esse caso, mas não existe outra chance de fazer qualquer análise dos alimentos. Todas as análises foram feitas e não se conseguiu identificar a causa da contaminação em nenhum dos alimentos que foram servidos. Então o caso foi confirmado como botulismo e com entendimento de que a parte que estava contaminada foi consumida pelas pessoas’’, explica a gerente.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
A Agevisa também reforça em todo o Estado a importância da conscientização e adoção de boas práticas de manipulação e conservação de alimentos para evitar contaminações. ‘‘Tanto o município de São Miguel quanto a nossa equipe de Vigilância Sanitária trabalharam essa questão de educação em saúde, educação sanitária, orientando como manter na rotina das pessoas as boas práticas na manipulação de água, alimentos e na fabricação de produtos caseiros’’, disse.
Ainda segundo a gerente, os alimentos caseiros são hoje em dia os alimentos mais envolvidos com esses surtos, ao mesmo tempo que é menos recorrente casos associados à alimentos industrializados. ‘‘Cada vez mais temos encontrado menos relação com produtos industrializados, justamente porque a Vigilância Sanitária tem estado atenta a toda fase de produção desse alimento, então é mais difícil encontrar neles a contaminação’’, considera.
A Agevisa orienta e reforça a importância do cuidado não só na produção dos alimentos caseiros, mas também na armazenagem para manter a qualidade do produto. Segundo o Ministério da Saúde, os alimentos mais associados ao botulismo alimentar são as conservas vegetais artesanais, os produtos cárneos cozidos, os curados (geralmente temperados com uma mistura de sal, açúcar granulado e álcool e postos a secar vários dias ao ar livre) e os defumados de forma artesanal, queijos e pastas de queijos.
Segundo o Ministério da Saúde, as principais formas de prevenir o botulismo são:
– Evitar a ingestão de alimentos em conserva que estiverem em latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas ou com alterações no cheiro e no aspecto.
– Lave sempre as mãos.
– O preparo de conservas caseiras deve obedecer rigorosamente aos cuidados de higiene.
– Produtos industrializados e conservas caseiras que não ofereçam segurança devem ser fervidos ou cozidos por pelo menos 15 minutos antes de serem consumidos. Altas temperaturas podem eliminar as toxinas do botulismo.
– Não conserve alimentos a uma temperatura acima de 15ºC.
– O mel é um dos alimentos mais perigosos se for mal conservado. Nunca dê mel para uma criança com menos de um ano de idade.
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