Alunos PcDs comemoram formatura em Educação Física

A UNIR mantém política acadêmica de assistência a alunos durante todo o período de graduação

Ascom/UNIR
Publicada em 15 de outubro de 2022 às 10:51
Alunos PcDs comemoram formatura em Educação Física

Uma cerimônia de colação de grau é sempre importante por representar a conclusão de uma etapa de um projeto de vida, pessoal e profissional, que requer anos de dedicação. E para os formandos Ricardo Silva de Souza e Francisco Felix da Silva, concluintes do curso de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), a cerimônia ocorrida na última segunda-feira (10), em Porto Velho, foi ainda mais especial, pois representa a superação de diversas barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência (PcD).

Francisco Felix é surdo, tem 53 anos e ingressou no curso de Educação Física da UNIR em 2017. Como faz questão de frisar, a formação acadêmica foi muito importante para seu crescimento pessoal, pois ampliou suas perspectivas para novas possibilidades e ideias. “Me fez ver que posso superar os obstáculos, isso me tornou mais forte. Apesar de não ligar para as opiniões e olhares preconceituosos, fiquei muito feliz de ter mostrado o contrário do que muitos pensaram: que eu não ia conseguir. Mas sei que não consegui essa vitória sozinho, pois recebi muita ajuda de intérpretes e dos professores”.

Felix é professor de taekwondo, faixa preta 3º dan, e pretende, com o conhecimento técnico proporcionado pelo curso de graduação, abrir sua própria academia em parceria com outro amigo, também professor na modalidade. “Nessa jornada foram muitas as dificuldades, mas superei. Parentes, amigos e intérpretes me ajudaram muito, e agradeço também aos professores pela paciência”, comemora.

Ricardo Silva, de 46 anos, ingressou na UNIR em 2018 e também pretende atuar profissionalmente na sua área de formação, seja como professor ou auxiliando os docentes nas escolas. “Tive dificuldades, mas graças a Deus consegui [me formar]. Por enquanto estou dando aula para idosos toda sexta e sábado”, comenta.

Sempre muito interessado e participativo nas aulas, Ricardo apresenta alguns comprometimentos cognitivos que requereram mais atenção por parte dos docentes e o suporte dos monitores especiais para que ele pudesse assimilar melhor os conteúdos ministrados em sala de aula. Os monitores especiais são alunos de outros cursos da UNIR, muitas vezes até da mesma sala de aula, que recebem bolsas para auxiliar os estudantes PcDs nas atividades de ensino, durante as aulas e também em atividades extraclasse.

Papel inclusivo da Universidade - Segundo a servidora Luciana Oliveira Monteiro, intérprete de Libras da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis (Procea), que acompanhou os alunos ao longo dos últimos cinco anos, desde o início, a Universidade buscou meios para garantir a acessibilidade tanto de Felix e de Ricardo, como dos demais alunos com deficiência na Instituição, com interpretes de Libras e monitores especiais para os auxiliarem nas atividades.

Ela comenta que a dificuldade com a língua é a principal barreira enfrentada pelos surdos durante a formação acadêmica. “Como a Libras é muito diferente da Língua Portuguesa, os intérpretes fazem a tradução, mas os materiais didáticos, por exemplo, continuam na língua padrão. Por isso é necessário um suporte muito maior do que apenas o intérprete”, explica, acrescentando que “para nós, servidores que acompanhamos a trajetória desses alunos desde o início, ajudando-os a superarem as barreiras físicas e sociais, é muito gratificante e também emocionalmente vê-los se formando e concluindo o curso superior”.

A pró-reitora da Procea, professora Lorena Candice Andrade, destaca o papel inclusivo da universidade pública ao promover o acesso, a permanência e a formação de alunos com necessidades especiais. “Buscamos dar todo o suporte necessário para esses alunos e vê-los se formando é incrível, uma celebração que deve ser comemorada por toda a UNIR. Fico feliz de saber que dispomos de meios e contribuímos para a concretização desse momento na vida dos alunos”, concluiu a pró-reitora, que também acrescentou a necessidade de manutenção e mesmo a ampliação dos recursos destinados à Universidade a fim de garantir a assistência necessária para as ações de recepção e inclusão de alunos.

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