Anderson Benvindo: A Ressonância de Rondônia no cenário internacional sem apoio do poder público
"Afluências" em Paris: triunfo artístico sem o devido suporte público
Anderson Benvindo, proveniente de Porto Velho, Rondônia, tem desempenhado um papel fundamental na perpetuação e na inovação da tradição musical de sua família, estabelecendo-se como um multi-instrumentista influente no cenário global.
Filho do compositor pós-tropicalista Aderson Benvindo Pereira, que deixou sua marca com colaborações notáveis, como a com Tom Zé e a banda Perfume Azul do Sol, Anderson absorveu a essência musical que reverbera em seu trabalho diversificado e rico. Este último, uma figura lendária no cenário musical local, deixou um legado de composições inesquecíveis e jingles que se tornaram trilha sonora da vida dos rondonienses, como os temas da Papelaria Prisma e Eletrotel, e a marchinha para a banda do Vai Quem Quer.
Anderson possui um sólido embasamento acadêmico, sendo licenciado em música pela Universidade Federal de Rondônia e especialista em Trilha Sonora pela Academia Internacional de Cinema. A amplitude de seu talento se reflete na diversidade de seus projetos, que abrangem desde a direção musical em teatros e filmes até a composição de trilhas sonoras envolventes. Em 2021, ele lançou dois álbuns, "Terra Firme" com a banda Benvindo ao Pacífico e "Entortando o Clichê" com a Soda Acústica, ambos demonstrando sua habilidade de transcender os gêneros musicais tradicionais.
Além de suas contribuições para o cinema e o teatro, Anderson se destaca também no campo acadêmico e comunitário. Ele atua como diretor musical na School of Rock Porto Velho, onde inspira jovens músicos, e colabora em pesquisas sobre paisagens sonoras amazônicas. Seu engajamento em projetos como o “Mapa Sonoro de Porto Velho” evidencia sua dedicação em capturar e preservar a riqueza sonora de sua região.
Recentemente, Anderson teve a oportunidade de levar sua arte para um dos maiores palcos mundiais com a exposição na França, onde apresentou sua obra em um festival renomado. A peça, uma fusão de concerto e performance sonora, explora a música acusmática e convida à uma experiência de escuta profunda, tanto para músicos quanto para o público.
Essa exposição não apenas solidifica sua reputação como artista inovador, mas também como um embaixador da cultura de Rondônia.
A trajetória de Anderson, embora recheada de sucessos, também ilustra a negligência frequente por parte das autoridades locais de Rondônia e Porto Velho no apoio a artistas que levam a cultura regional ao mundo. Artistas do calibre de Anderson, que atuam como verdadeiros diplomatas culturais, deveriam receber suporte consistente do governo, incluindo cobertura de despesas básicas como passagens aéreas, hospedagem e alimentação em eventos internacionais. O apoio insuficiente sublinha a necessidade urgente de uma política cultural mais robusta e atenciosa que valorize e promova os talentos locais no palco global. Faltou sensibilidade por parte do presidente da Fundação Cultural de Porto Velho (Funcultural), Godofredo Gonçalves Neto; e Lourival Júnior de Araújo Lopes, mandatário da Secretaria de Estado da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel).
Anderson Benvindo personifica a riqueza musical e cultural de Rondônia. Sua capacidade de integrar e inovar dentro de sua arte merece não apenas reconhecimento local, mas um apoio governamental que esteja à altura de seu impacto cultural. É essencial que as autoridades reavaliem e fortaleçam suas políticas de fomento cultural para assegurar que artistas como Anderson possam continuar a enriquecer o patrimônio cultural de Rondônia e do Brasil.
CREDENCIAIS DO MÚSICO:
Formação Acadêmica: Licenciado em música pela Universidade Federal de Rondônia e técnico em Trilha Sonora pela Academia Internacional de Cinema (2021).
Atuação Profissional: Professor de contrabaixo e musicalização infantil, e Diretor Musical na School of Rock Porto Velho.
Projetos de Banda: Instrumentista e compositor nas bandas Benvindo ao Pacífico e Soda Acústica, com álbuns notáveis como "Terra Firme" e "Entortando o Clichê" (2021), além do EP "Água Turva" (2018).
Pesquisa em Sonologia: Membro do Grupo AHATA, com foco no registro de paisagens sonoras amazônicas.
Exposições e Prêmios: Premiado com a obra "Vernissage Sonora" no 13° Salão de Artes de Rondônia (2017) e diversas outras premiações ao longo de sua carreira.
Contribuições ao Cinema e Teatro: Diretor musical e sound designer de várias produções teatrais e filmes, incluindo o premiado "Ela Mora Logo Ali" (2022), que ganhou 3 Kikitos no 51º Festival de Cinema de Gramado, incluindo o de Melhor Filme pelo júri popular.
Produção Musical e Instrumentista: Participação em vários projetos e festivais, destacando-se no Carioca Prog Festival e no Festival Nacional da Canção.
Pesquisa e Educação Musical: Fundador e pesquisador do Centro de Estudos Ahata, focado em educação musical e sound healing.
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