Aniversário cabuloso

São 105 anos de desgraças e infortúnios.

Professor Nazareno*
Publicada em 02 de outubro de 2019 às 14:49
Aniversário cabuloso

Capital de Roraima, a cidade de Porto Velho está fazendo aniversário. São 105 anos de desgraças e infortúnios. Não se sabe como um lugar tão desprezível e inóspito consegue viver tanto tempo assim sem se autodestruir. Protegida pelo Satanás, seu padroeiro maior, a cidade sempre foi um arremedo de currutela sem eira nem beira. Com raros dois por cento de saneamento básico e praticamente sem água potável, o amaldiçoado lugar não consegue se livrar do nada honroso título de “a pior dentre as capitais do Brasil para se viver”. Os números do Instituto Trata Brasil a colocam num patamar bem pior do que as miseráveis cidades da África subsaariana. Se o mundo civilizado a conhecesse, seria classificada como uma espécie de Porto Príncipe tupiniquim. Uma Eritreia das Américas, uma Cabul ou uma Damasco da Amazônia.

Em termos de desgraceiras e de baixa qualidade de vida, Porto Velho é um lugar ímpar no mundo. Com mais de dez mil focos de queimadas, a fumaça dos incêndios nas suas florestas em 2019, por exemplo, assombrou o mundo civilizado e deu o tom da falta de qualidade de vida de seus desafortunados moradores. Envolta em uma nuvem de fuligem por mais de três meses seguidos, a “currutela fedida” ardeu sob o fogaréu apocalíptico. Viver por aqui só se for por obrigação, falta de sorte ou teimosia. Sem árvores, o calor é infernal. Porto Velho praticamente não tem transportes coletivos muito menos mobilidade urbana. O acanhado aeroporto faz raríssimos voos para os lugares civilizados e o custo das passagens é absurdo. Turistas não há, já que ninguém se aventura a visitar estas distantes terras. Sequer o marechal Rondon foi aqui enterrado.

A capital de Roraima é um lugar onde nada dá certo. Quando alguém daqui por acaso aparece na TV de fora é uma festa na cidade. Uma breguice sem tamanho. Dizer em cadeia nacional que Rondônia não é Roraima é um feito equivalente a ganhar um Prêmio Nobel. Logo depois, todos se esquecem e a vida volta a ser o que era antes: uma chatice só. Aqui tinha Expovel, que se transformou em ExpoPorto. Tem o Arraial Flor do Maracujá, mas ainda sem data e local definido depois de quase quarenta anos. Existe também uma banda de Carnaval que emporcalha de lixo e imundícies as ruas e avenidas por onde passa. Uma fedentina só. Aqui já teve também outra banda, a “Versalle”, que fez só um “sucesso” e praticamente desapareceu. Obras de arte e monumentos não existem. Só as pinturas mal feitas nos viadutos. Há um “açougue” e uma ponte escura.

Mas estranhamente muitos políticos querem administrar o lugar. São incontáveis os pré-candidatos que vão concorrer às eleições no ano que vem. Para se ter uma ideia, muitas crianças da zona rural do município ainda não começaram sequer o ano letivo de 2018 por falta de transporte escolar. Um verdadeiro crime contra a humanidade. Energia elétrica por incrível que pareça há, mas é uma das mais caras do Brasil, apesar das inúmeras hidrelétricas que o município se orgulha de possuir. Os apagões voltaram e é um desafio viver com os carapanãs. Nem precisa dizer que a cidade tem uma Câmara de Vereadores que para nada serve. Porto Velho é como aquele planeta gigante que os astrônomos descobriram recentemente, mas que segundo as teorias atuais, “não deveria sequer existir”. Ou então temos de admitir que estupros, lixo, lodo, fedentina, carniça, tapurus, merda, esgoto a céu aberto e violência são agora pré-requisitos de uma cidade.

*É Professor em Porto Velho.

Comentários

  • 1
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    James 04/10/2019

    Não entendo qual o motivo de Manter esse cara Detonando nosso estado nossa capital um negativismo sem fim .Insuportavel ele ta a Serviço de quem? Vamos fazer uma campanha fora esse cidadão dos meio de Comunicação. Desculpa o desabafo 👎 não suporto mais essas coisa acidas e Negativa .

  • 2
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    Francisco Plácido 03/10/2019

    Rabi, Nazareno suas palavras São como magma com um pouco de enxofre que lembrar mesmo o que se ouve falar sobre o Hades , de certo sua indignação é genuína .mas não angelical. vem de uma forma avassaladora sobre os sonhos dos que de alguma forma ainda acreditao que é possível transformar esse árido lugar em uma regozijante limpa organizada arborizada admirável cidade .para todos aqueles que com um espírito de corpo dedicando_se a conhecer zelar e promover este lugar que foi palco de tanta rica história , que merece uma auto proteção pela jóia que é .utilizando para isso .de conhecimentos ,bons costumes ,virtudes elevadas, igual aquela que une irmãos que lutam unidos em uma guerra prontos para a morte ou para a vida. mas com um desejo indelével de vencer suas visisitudes e contribuir para uma cidade modelo ,para as próximas gerações . não vivemos em vão . individual.ao pioneiro da Amazônia.rabi..nazareno meu respeito.tiago 3:00.

  • 3
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    Beto 03/10/2019

    REALMENTE, TÃO QUERENDO MUDAR O NOME DE PORTO VELHO PARA "NAZARENOPOLIS" PRA CONDIZER O NOME COM A DESGRAÇA.

  • 4
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    Mariana 03/10/2019

    A capital de Roraima é a pior do país em todos os indicadores, nosso Nazareno mostra a verdade nua e crua desta capital realmente sem as menores condições de ser chamada de capital. As cidades do interior dão show e os nossos representantes teimam em jurar que vão cuidar (Deixa eu cuidar de voce) desta senhora sofrida, humilhada, abusada por quase todos que aqui nasceram ou aqui aportaram!

  • 5
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    Mario Roberto 03/10/2019

    Ouso discordar do autor desse artigo, Porto Velho-RO, ao contrário do que o mesmo pejorativamente afirma ser, é uma capital pujante, sua população é ordeira, tem as praias do rio madeira e um por do sol maravilhoso (mirantes), é lugar de desbravadores e de oportunidades, tem diversas escolas de ensino superior, shopping e uma gastronomia a fazer inveja, terra de mulheres lindas e de boa pescaria, além de uma agricultura e pecuária excelente, tem balneários, tem passeios de barcos no rio madeira, praças, etc. Porto Velho-RO querido e não odiado.

  • 6
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    Mauricio 03/10/2019

    Caro Professor, sou fã de seu pessimismo, sarcasmo e ironia nada sutil, soa como poesia aos meus ouvidos. Ainda que que desperte a ira de muitos tolos, jamais pare de escrever, o mundo jornalistico necessita de textos excessivamente sinceros como os seus. Só os cegos ignorantes não sabem que é preciso rir da própria desgraça... rsrsrrs Parabéns.

  • 7
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    Mauricio 03/10/2019

    Caro Professor, sou fã de seu pessimismo, sarcasmo e ironia nada sutil, soa como poesia aos meus ouvidos. Ainda que que desperte a ira de muitos tolos, jamais pare de escrever, o mundo jornalistico necessita de textos excessivamente sinceros como os seus. Só os cegos ignorantes não sabem que é preciso rir da própria desgraça... rsrsrrs Parabéns.

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