Após quase morrer de câncer, a solidariedade

Por esse motivo, é tão valiosa a campanha Outubro Rosa, pois tem como objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença

Jaqueline Chagas
Publicada em 13 de outubro de 2021 às 15:30

Jaqueline Chagas, paciente de câncer e fundadora do Instituto “Unidas para Sempre”  

O câncer de mama é uma das doenças malignas que mais acometem mulheres ao redor do mundo. Receber o diagnóstico não é fácil e, a partir dele, a vida se mostra repleta de desafios. Por esse motivo, é tão valiosa a campanha Outubro Rosa, pois tem como objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença.    

Em março de 2016, quando estava com 35 anos, descobri o câncer de mama. O meu marido foi peça fundamental para a desconfiança e incentivo para procurar por ajuda. Quem descobriu foi ele, que sentiu um caroço na mama e ficou preocupado.    

Na época, demorei três meses para fazer o exame. Trabalhava bastante e tinha pouco tempo. Mas aceitei a ideia de fazer o exame. No total, demorou seis meses para descobrir, pois foram três meses para o exame e mais três meses para ser diagnosticada. Parte do tratamento foi muito sacrificante. Na quarta quimioterapia, fui internada com infecção generalizada e neutropenia gravíssima, no qual os médicos me deram somente de quatro a cinco dias de vida.    

Perder meus cabelos foi a parte mais difícil. No desespero, cheguei a passar cola no meu cabelo, para não perdê-los. Foi quando realmente caiu a ficha que estava com câncer. Perdi 27 quilos na radioterapia, tive queimadura de terceiro grau e na garganta. Porém no tratamento da quimioterapia, engordei 30 quilos, por conta da grande quantidade de corticoide.     

Após essa fase, achei que estava bem, pois tinha terminado o tratamento. Mas veio a suspeita de um novo tumor que demorou seis meses para ser diagnosticado no ovário. Era um tumor benigno, porém estava com várias complicações devido ao tratamento. Tive que retirar o útero e o ovário, o que me tirou o sonho de ser mãe. Foi uma histerectomia radical, levei quarenta e dois pontos na vertical.    

Mesmo após tanto sofrimento encontrei forças e motivação para ajudar outras pessoas. Fundei o Instituto “Unidas para Sempre”. Em janeiro de 2018, criei o grupo junto com amigas que também enfrentavam o câncer. Era um grupo nas redes sociais. Naquele espaço, mulheres com câncer puderam compartilhar suas dores. O número de participantes foi aumentando e tivemos a participação de profissionais que se apresentavam como voluntários. Hoje, o Instituto cresceu e pode ajudar muito mais pessoas.    

A iniciativa não ajuda só mulheres com câncer de mama. Crescemos numa proporção que hoje são mulheres com vários tipos de câncer. Também recebemos casos de homens e crianças. A instituição oferece vários serviços gratuitos como micropigmentação, acompanhamento com nutricionista, psicóloga, dermatologista, mastologista, terapeuta sexual, oncologista entre outros.    

Temos parceria com o projeto “Cabelinhos do bem”, que aplica mega hair em pacientes gratuitamente com doações de cabelo. Fazemos doações de cesta básica. Esse ano, conseguimos doar duas toneladas de alimentos. Também estamos com parceiros que oferecem tratamento dentário gratuito.  

Da minha dor, fiz uma bandeira. Por meio desse trabalho, cuido de todas como se fossem minhas filhas. Acredito que existe milagre e faço todos acreditarem que é possível. Para mim, pessoas são milagres, pessoas que ajudam a aliviar essa dor são milagres! E o futuro vai ser bem melhor para todos nós.  

(*) Contabilista, paciente de câncer e fundadora do Instituto Unidas para Sempre, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias  

Winz

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