Artista é o que não falta

Com tanto político fazendo palhaçada, a nós, da arquibancada, resta-nos resistir e não rir, para que amanhã o choro não nos consuma

Edson Lustosa
Publicada em 20 de agosto de 2019 às 10:29
Artista é o que não falta

Parece mesmo que em Rondônia os políticos estão tão conscientes da conveniência de proporcionar pão e circo ao respeitável público que, na falta do primeiro, concentram-se no segundo. E o que é mais interessante: dispõem-se a ser eles mesmos os palhaços. É o mínimo que se pode dizer do quadro que está aí, diante dos olhos de quem se disponha a enxergar.

Há de tudo e mais um pouco nesse louco cenário de alvoroço e fantasia. E a situação tende a ficar ainda mais ridícula na medida em que se aproxima a realização de eleições municipais. Há trupe pra todo gosto. Com direito a ventríloquos, marionetes, malabaristas, pessoal que anda no arame e, até mesmo, engolidores de espada e “mulher barbada”, se bem que isso já mais para os lados do CPA.

Quem se debruçar sobre as proposituras encaminhadas nesse primeiro semestre na Assembleia Legislativa, verá que há parlamentares que, em que pese anunciarem aos quatro ventos que pretendem disputar as eleições de 2020, decidiram deliberadamente carnavalizar seus mandatos, alguns abraçando tal causa momesca ao ponto de sacrificarem até mesmo sua vida familiar, deixando de estar em comunhão com o que defendiam e partilhavam.

De tal sorte que se pode mesmo afirmar que no quadrilátero compreendido entre as avenidas e ruas Farqhuar, Padre Chiquinho, Presidente Dutra e Calama, zona nobre de Porto Velho, o teatro Palácio das Artes rivaliza com o anexo teatro Guaporé na desdita de serem os próprios públicos estaduais que menos abrigam performances artísticas. Por que será? Não era pra ser assim.

Há muita coisa que precisa ser feita para que se possa dizer que nossos políticos estejam levando seus mandatos a sério. Não há dor mais doída do que a que segue o riso irresponsável. Com tanto político fazendo palhaçada, a nós, da arquibancada, resta-nos resistir na racionalidade e não rir de suas, para que amanhã o choro não nos consuma.

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