Até onde vai Daniel Silveira?
"O que importa é que o próximo Congresso não tenha tantas aberrações que agridem a democracia e ameaçam trazer de volta uma ditadura vingativa e sanguinária"
(Foto: Reprodução | Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)
Daniel Silveira, o musculoso, parece decidido a romper todo e qualquer limite para alcançar dois objetivos: agradar Jair Messias e seu bando, e levar o Supremo Tribunal Federal a um beco sem saída.
Ao se negar a receber um mandado de intimação da Justiça informando que por se recusar a usar tornozeleira eletrônica foi multado em 405 mil reais e que o ministro Alexandre de Moraes mandou bloquear 25% de seu salário de deputado e congelar suas contas bancárias, o troglodita argumentou que não vai mesmo usar o tal aparelho por estar “cumprindo o decreto do presidente da República”, ou seja, a tal “graça” concedida por Jair Messias.
Ao afrontar pela milésima vez uma decisão de Alexandre de Moraes, Silveira não se limita a subir ainda mais no conceito do bando de Jair Messias, filharada e demais asseclas: ele põe não apenas o Supremo, mas o próprio quadro político brasileiro em cheque. Afinal, até quando será permitido ao brutamontes agredir de maneira cada vez mais descarada uma instituição francamente detestada pelo presidente e os militares, tanto de pijama como da ativa, espalhados pelo seu governo?
Onde Silveira quer chegar? Ou melhor: onde quem o estimula quer que ele chegue?
Que semelhante figura – e tantos outros da sua laia – tenha sido eleito mostra o que se revelou em 2018: a sólida, olímpica ignorância do brasileiro na hora de votar.
Essa ignorância se deve à destruição da Educação pela ditadura, e foi fortalecida pelos ares daquela que foi das maiores farsas jurídicas da história recente, a Lava Jato de um juiz manipulador e desonesto chamado Sérgio Moro e a quadrilha de procuradores chefiada por Delton Dallagnol.
Com apoio dos meios hegemônicos de comunicação, a cumplicidade de um Supremo Tribunal poltrão, dos donos do dinheiro e das Forças Armadas, a criminalização da política levou à presidência um desequilibrado sem remédio. E, com ele, foi eleito um Congresso ainda mais apodrecido que os anteriores.
Quais os antecedentes de Daniel Silveira? Sabe-se que foi cobrador de ônibus durante cinco meses, e que nesse período apresentou seis falsos atestados médicos para justificar suas faltas ao trabalho. Sabe-se que entrou na Polícia Militar graças a um mandato judicial, depois de ter sido reprovado. Sabe-se que enquanto foi da PM levou uma enxurrada de punições.
Ah!, sim: graças a ele fiquei sabendo que tanto cobrador de ônibus e PM, ao contrário do que acontece no resto do país, ganham muito bem em Petrópolis. Tanto que ele tem residência em Bonsucesso, um distrito elegante – e caro – da cidade.
Agora sabemos todos do que gente como ele é capaz de fazer, do risco que esse pessoal significa concretamente.
Seu comportamento, bem como o de dezenas de outros deputados e senadores, deve servir para alertar o eleitor em outubro. Porque manter o Congresso do jeito que está impedirá o país de tentar se recuperar da destruição causada pelo pior presidente da história da República.
Não importa o que vai acontecer com Daniel Silveira, se será – ou não – de novo punido e de novo perdoado pelo Genocida.
O que importa é não deixar que o próximo Congresso tenha tantas aberrações que agridem a democracia e ameaçam abrir caminho para trazer de volta uma ditadura vingativa, raivosa e sanguinária.
Que, aliás, é tudo que gente como Silveira, Jair Messias, filharada e os militares empoleirados no governo querem.
Eric Nepomuceno
Eric Nepomuceno é jornalista e escritor
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