Bares e restaurantes barulhentos podem causar danos à audição
Pesquisa mostra que em alguns estabelecimentos o barulho equivale ao de uma britadeira.
Quem nunca esteve em um bar ou restaurante que, de tão barulhento, não conseguiu estabelecer uma conversa com a pessoa à sua frente? Em todo o mundo, isso é mais comum do que se imagina. Tanto que um estudo feito pela Charity Action on Hearing Loss, do Reino Unido, revelou que em muitos estabelecimentos o ruído atinge mais de 100 decibéis (dB), em condições normais. De acordo com a instituição, alguns fatores colaboram para o barulho. Além das risadas e conversas em voz alta dos frequentadores, o arrastar das cadeiras e o tilintar dos talheres, junto com o piso duro do ambiente fechado contribuem para esse excesso de ruídos, bem como os sons que chegam da cozinha, ao estilo ‘americana’, e o fundo musical. Se formos falar de bares com música ao vivo então, o barulho fica bem acima dos 85dB, limite considerado tolerável pelos especialistas. Em todo o Brasil, o excesso de barulho nos estabelecimentos está no topo da lista de reclamações à polícia.
A pesquisa feita pela instituição britânica foi realizada durante a campanha Decibel Squad, que incentivou a população a medir, com um aplicativo de celular, o nível de ruído dos restaurantes. Alguns chegaram a registrar 108dB, o equivalente ao motor de uma britadeira. Diante desse cenário, um simples jantar a dois em um local barulhento pode ocasionar danos auditivos, como zumbido e perda auditiva temporária.
“Mesmo que por um curto tempo de exposição, o contato com níveis elevados de barulho, em vários ambientes frequentados no dia a dia, pode causar danos auditivos cada vez maiores, de forma contínua e elevada, ao longo da vida. Todo ruído acima de 85 decibéis é prejudicial à audição”, alerta Isabela Papera, fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas.
Os clientes costumam reclamar das condições acústicas de um restaurante, afinal, eles não saem apenas para comer e beber, mas também para conversar. “Já deixei de frequentar alguns restaurantes por saber que são locais muito barulhentos. Nas mesas, ninguém consegue conversar direito. Temos que aumentar o tom de voz, tornando o momento de lazer muito desconfortável e estressante”, diz a administradora de empresas Francisca Barbosa.
“O ideal é realmente evitar ambientes extremamente barulhentos em nosso cotidiano, pois o ruído em demasia pode afetar as células ciliadas, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Essas células, que morrem por causa do alto volume de decibéis, não se regeneram, causando a perda de audição, que pode ser cada vez mais severa, quanto maior for o número de vezes que a pessoa frequentar esses locais”, explica Isabela Papera, que é especialista em audiologia.
Os efeitos da exposição ao barulho começam às vezes no mesmo dia e também com o aparecimento de zumbido, problema que afeta cerca de 28 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas podem surgir também tontura, pressão nos ouvidos e dificuldade para ouvir. Essa sensação tende a passar naturalmente no decorrer de horas ou dias, mas se os sintomas persistirem é preciso consultar um médico otorrinolaringologista para avaliar se o dano auditivo é temporário ou definitivo, irreversível. Se tiver havido trauma acústico as consequências são ainda mais graves.
“Recomendo que ao primeiro incômodo para ouvir, se faça um exame chamado audiometria para detectar se há alguma lesão auditiva. A partir daí, é possível saber como proceder para evitar o agravamento da deficiência auditiva”, aponta a fonoaudióloga da Telex. “Quanto mais cedo for detectada a perda auditiva, mais fácil será para tratá-la”, revela.
Após o diagnóstico médico, o tratamento geralmente é feito por meio de aparelhos auditivos. Os modelos e funções são indicados de acordo com a necessidade de cada paciente. “Hoje em dia, a tecnologia e o design moderno das próteses auditivas estão ajudando a derrubar preconceitos. Já existe uma diversidade de modelos, como os da Telex; com tanta tecnologia quanto os mais modernos celulares, e trazem muitos benefícios a quem os usa”, conclui a fonoaudióloga.
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