Bife na manteiga para alguns, cuia de farinha para a maioria: o escárnio dos abonos milionários em Rondônia

A analogia com Auto da Compadecida é inevitável: enquanto alguns servidores desfrutam de privilégios equivalentes ao "bife na manteiga", a maioria é obrigada a contentar-se com a "cuia de farinha"

Fonte: RUBENS COUTINHO, EDITOR DO TUDORONDONIA - Publicada em 27 de novembro de 2024 às 14:01

Bife na manteiga para alguns, cuia de farinha para a maioria: o escárnio dos abonos milionários em Rondônia

Jornalista Rubens Coutinho, editor do Tudorondonia 

A recente decisão da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) de conceder R$ 5 mil a cada servidor, efetivo ou comissionado, somada à iniciativa do Tribunal de Contas de Rondônia (TCE-RO) de dobrar esse valor para R$ 10 mil, escancara um cenário de privilégios incompatíveis com a realidade enfrentada pelo funcionalismo público estadual e municipal. Tal como na obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, onde a cachorra da mulher do padeiro desfrutava de bifes passados na manteiga enquanto João Grilo reclamava insistentemente sobre a cuia de farinha, essa decisão reflete a disparidade de tratamento entre servidores públicos rondonienses.

Embora legal, essa concessão imoral revela uma gestão que favorece um seleto grupo de servidores em detrimento da grande maioria, que amarga anos de defasagem salarial. Categorias essenciais, como saúde e educação, sofrem com condições precárias de trabalho, enquanto veem seus pleitos ignorados por sindicatos que, muitas vezes, atuam mais como aliados do poder do que como defensores de suas bases.

A situação causa revolta. Profissionais que enfrentam o caos diário em hospitais superlotados, como o João Paulo II, e professores que lidam com a precariedade das escolas públicas assistem, indignados, ao privilégio concedido aos "barnabés", como eram chamados os servidores públicos em tempos antigos. Para os beneficiados, o Natal será gordo, enquanto a grande massa do funcionalismo público terá de se contentar com migalhas.

Essa política de abonos vultosos é um reflexo da desconexão entre as elites do poder público e as reais necessidades da sociedade. Vivendo em suas "torres de marfim", dirigentes dessas instituições parecem alheios à realidade de um estado que ostenta o vergonhoso título de ter a pior saúde pública do país. Ao mesmo tempo, dão um péssimo exemplo em tempos de ajuste fiscal e discursos de austeridade, demonstrando um completo desprezo pelo princípio da moralidade administrativa.

Além da insensibilidade social, essas decisões abrem margem para questionamentos jurídicos. O Ministério Público - se é que seus membros também não estão neste maravilhoso trem da alegria natalino -  precisa investigar a legitimidade e a ética dessas medidas, que não refletem o interesse público. Afinal, o dinheiro utilizado para esses bônus é público, e sua destinação deveria priorizar investimentos em áreas essenciais.

A analogia com Auto da Compadecida é inevitável: enquanto alguns servidores desfrutam de privilégios equivalentes ao "bife na manteiga", a maioria é obrigada a  contentar-se  com a "cuia de farinha". Resta saber até quando a população rondoniense e os servidores desamparados aceitarão esse tipo de gestão que, mesmo travestida de legalidade, fere os princípios básicos de justiça e equidade.

Bife na manteiga para alguns, cuia de farinha para a maioria: o escárnio dos abonos milionários em Rondônia

A analogia com Auto da Compadecida é inevitável: enquanto alguns servidores desfrutam de privilégios equivalentes ao "bife na manteiga", a maioria é obrigada a contentar-se com a "cuia de farinha"

RUBENS COUTINHO, EDITOR DO TUDORONDONIA
Publicada em 27 de novembro de 2024 às 14:01
Bife na manteiga para alguns, cuia de farinha para a maioria: o escárnio dos abonos milionários em Rondônia

Jornalista Rubens Coutinho, editor do Tudorondonia 

A recente decisão da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) de conceder R$ 5 mil a cada servidor, efetivo ou comissionado, somada à iniciativa do Tribunal de Contas de Rondônia (TCE-RO) de dobrar esse valor para R$ 10 mil, escancara um cenário de privilégios incompatíveis com a realidade enfrentada pelo funcionalismo público estadual e municipal. Tal como na obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, onde a cachorra da mulher do padeiro desfrutava de bifes passados na manteiga enquanto João Grilo reclamava insistentemente sobre a cuia de farinha, essa decisão reflete a disparidade de tratamento entre servidores públicos rondonienses.

Embora legal, essa concessão imoral revela uma gestão que favorece um seleto grupo de servidores em detrimento da grande maioria, que amarga anos de defasagem salarial. Categorias essenciais, como saúde e educação, sofrem com condições precárias de trabalho, enquanto veem seus pleitos ignorados por sindicatos que, muitas vezes, atuam mais como aliados do poder do que como defensores de suas bases.

A situação causa revolta. Profissionais que enfrentam o caos diário em hospitais superlotados, como o João Paulo II, e professores que lidam com a precariedade das escolas públicas assistem, indignados, ao privilégio concedido aos "barnabés", como eram chamados os servidores públicos em tempos antigos. Para os beneficiados, o Natal será gordo, enquanto a grande massa do funcionalismo público terá de se contentar com migalhas.

Essa política de abonos vultosos é um reflexo da desconexão entre as elites do poder público e as reais necessidades da sociedade. Vivendo em suas "torres de marfim", dirigentes dessas instituições parecem alheios à realidade de um estado que ostenta o vergonhoso título de ter a pior saúde pública do país. Ao mesmo tempo, dão um péssimo exemplo em tempos de ajuste fiscal e discursos de austeridade, demonstrando um completo desprezo pelo princípio da moralidade administrativa.

Além da insensibilidade social, essas decisões abrem margem para questionamentos jurídicos. O Ministério Público - se é que seus membros também não estão neste maravilhoso trem da alegria natalino -  precisa investigar a legitimidade e a ética dessas medidas, que não refletem o interesse público. Afinal, o dinheiro utilizado para esses bônus é público, e sua destinação deveria priorizar investimentos em áreas essenciais.

A analogia com Auto da Compadecida é inevitável: enquanto alguns servidores desfrutam de privilégios equivalentes ao "bife na manteiga", a maioria é obrigada a  contentar-se  com a "cuia de farinha". Resta saber até quando a população rondoniense e os servidores desamparados aceitarão esse tipo de gestão que, mesmo travestida de legalidade, fere os princípios básicos de justiça e equidade.

Comentários

  • 1
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    Marcos Britto 27/11/2024

    Tem que ser exposto em mídia nacional,é uma vergonha🤬🤔😷

  • 2
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    Marcos Britto 27/11/2024

    Tem que ser exposto em mídia nacional,é uma vergonha🤬🤔😷

  • 3
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    Mirian Penha Franco 27/11/2024

    Opinião irretocável, Rubinho. Pena que muitos não enxergam que vão se fartar com a grana que falta para os outros, mesmo sendo tudo saído do mesmo caixa (Público). Pena ainda por ver uma instituição que poderia aventar em fazer algo, o Ministério Público, mas que não pode tomar a frente porque a folha de pagamento de seus membros também avilta a ordem pública, com penduricalhos salariais que vão inventando regularmente, que ultrapassam o teto constitucional, mas que não há justiça para isso. Aliás, à Justiça também não interessa discutir seus contracheques, que já ganhou repercussão nacional e seus planos de carreira. Só nos resta a indignação e a cuia de farinha.

  • 4
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    Maria Aparecida de Souza 27/11/2024

    Texto realista e muito coerente. Pinheiro de Souza e NORMANDO só reclamaram por que talvez sejam comissionados em alguma instituição. Tomara que não sejam. O jornalista Rubinho foi preciso e cirúrgico na sua análise. Dinheiro público tem que ser respeitado. Trem da alegria num momento de vacas magras é absurdo, atemporal, incoerente e sem sentido. PARABÉNS, RUBINHO! Tomara que seu texto seja lido e bem refletido pelas "otoridades" judiciárias de Rondônia. Que vergonha, hein NORMANDO e Pinheiro de Souza?

  • 5
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    Maria Aparecida de Souza 27/11/2024

    Texto realista e muito coerente. Pinheiro de Souza e NORMANDO só reclamaram por que talvez sejam comissionados em alguma instituição. Tomara que não sejam. O jornalista Rubinho foi preciso e cirúrgico na sua análise. Dinheiro público tem que ser respeitado. Trem da alegria num momento de vacas magras é absurdo, atemporal, incoerente e sem sentido. PARABÉNS, RUBINHO! Tomara que seu texto seja lido e bem refletido pelas "otoridades" judiciárias de Rondônia. Que vergonha, hein NORMANDO e Pinheiro de Souza?

  • 6
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    Pinheiro de Souza 27/11/2024

    Falou e disse normando . Pau no lombo desse jornalista de ataque invejoso. 

  • 7
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    NORMANDO 27/11/2024

    Jornalista ? Essa desgraça nunca foi jornalista e sim jornaleiro. Sujeito invejoso, pobre, miserável desgraçado. Morre de inveja por isso vivi na miseria não tem onde cair morto tás reclamando porque num tá ganhando também pork não tem competencia pra passar em concurso e vivi metendo o pau em todo mundo. tá com inveja o miseravel porque vai apssar o natal na merda. e tão pobre esse desgrassado que anda de onibus nao tem dinheiro pra comprar uma magrela de uma bique. vai te lascar rubinho.

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