Biojoias fabricadas por pacientes hansênicos surpreendem

A oficina de biojoias com pacientes do grupo de autocuidado, realizada pela Agevisa em parceria com a ONG NHR Brasil

Vanessa Moura - Fotos: Frank Néry e arquivo Agevisa | Secom
Publicada em 20 de setembro de 2019 às 15:56
Biojoias fabricadas por pacientes hansênicos surpreendem

Em Rondônia, o conceito de saúde vai muito além do diagnóstico e tratamento, se aplica também a dar dignidade aos pacientes com oportunidade de participar de negócios sustentáveis que tem despertado o interesse até de países estrangeiros e levou membros da ONG Holandesa NHR Brasil, que já é parceira do estado desde 1992 no combate a hanseníase, a conhecer esta semana, in loco, o que é feito pelos pacientes quanto à confecção de biojoias e bioalimentos.

‘‘Esse projeto tomou uma proporção muito grande e tem empoderando essas pessoas que sofrem com o estigma social. Dar a elas a condição de produzir, ter o próprio recurso, tudo isso utilizando produtos naturais, é muito importante. Certamente nós continuaremos apoiando essas atividades. É um prazer manter essa parceria com o estado de Rondônia’’, disse o diretor nacional da ONG Holandesa NHR Brasil, José Alexandre Menezes da Silva, que planeja replicar o modelo rondoniense em outras partes do mundo.

Com toda essa repercussão, membros da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa/RO), da ONG e da Superintendência Estadual de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (Sedi) se reuniram na manhã de quinta-feira (19) para alinhar ações que possam permitir a organização dos pacientes em uma cooperativa para comercialização das biojoias.

A oficina de biojoias com pacientes do grupo de autocuidado, realizada pela Agevisa em parceria com a ONG NHR Brasil, começou em março e em apenas seis meses ganhou proporções surpreendentes.

‘‘É um projeto que avaliamos positivamente, principalmente quando se fala de mercado externo porque sabemos que nos Estados Unidos e na Europa existe um interesse muito forte pelos produtos amazônicos. Enxergamos um potencial muito grande de mercado lá fora com essa produção de joias com sementes da região’’, considera o coordenador de Comércio Exterior da Sedi, Anderson Fernandes.

A oficina de biojoias dos pacientes do grupo de autocuidado da Agevisa teve início em março e produtos tem potencial para o mercado externo

‘‘Esse trabalho faz parte de um projeto de inclusão social dos pacientes que tiveram problemas no mercado de trabalho devido à hanseníase. São dois projetos, uma na área da gastronomia e outro de biojoias, e neste último foi identificado um potencial muito grande. A partir daí eles foram participar de exposições, e isso tem chamado atenção de grupos dentro e fora do nosso estado. Até o mercado europeu tem interessados em comprar’’, explica gerente técnica de Vigilância Epidemiológica da Agevisa, Arlete Baldez.

Não só os servidores da Agevisa estão envolvidos em fazer o projeto dar certo, mas a iniciativa tem provocado uma nova e positiva realidade para os pacientes. ‘‘Os pacientes estão muito entusiasmados porque em pouco tempo estão vendo o retorno disso e estão felizes em estar contribuindo na renda da família e produzindo verdadeiras obras de artes’’, revela Arlete.

COOPERATIVA

A gerente técnica de Vigilância Epidemiológica explica o planejamento para fazer o BioHans se projetar de forma mais efetiva no mercado. ‘‘A nossa proposta é organiza-los em cooperativa, fortalecendo esse trabalho, inclusive já tem grupos interessados em exportar essas biojoias, levar para o mercado europeu e isso abre um leque enorme de possibilidades para esses pacientes, para as instituições do estado de Rondônia e para o artesanato de um modo geral’’, assegura.

A partir das discussões de hoje, Arlete espera que as parcerias estejam alinhadas para que se consiga na pratica dar passos que concretize a criação da cooperativa, assim também fortalecer os grupos de autocuidados que trabalham na produção das biojoias em vários municípios para que possam produzir em grande escala. O coordenador de Comércio Exterior reforçou a necessidade dos produtores se organizarem com a formação de uma cooperativa para atender o mercado interno e externo.

A projeção das biojoias produzidas pelos pacientes de hanseníase estão inseridas em um projeto maior do Governo de Rondônia intitulado: Rondônia Day. ‘‘A proposta desse programa é mostrar Rondônia para o mundo e trazer o mundo para Rondônia. Nós tivemos um evento grande na Fiesp, em São Paulo, no mês passado, inclusive o governador Marcos Rocha participou e levamos os artesão da BioHans. Houve uma procura muito grande e assim a gente vai abrindo mercados’’, afirma o coordenador.

Encomendas de produtos dos artesãos rondonienses podem ser feitas pelo Instagram: Art’s BioHans.

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