Bolsonaro e o paradoxo do mentiroso
"Quem votará no chefe do executivo que mente e declara que mente?", questiona Marcia Tiburi
Foto: Instagram/Projetemos)
Vivemos submetidos a jogos de poder que incluem cálculos sobre o psiquismo das populações. É o que chamamos de psicopoder: técnicas, espontâneas ou programadas com o objetivo de retirar dos indivíduos a sua capacidade de pensar e de tomar decisões por conta própria, ou seja, de ter livre-arbítrio. Pesquisadores ajudaram a especializar essas táticas a serviço de Estados (o francês, o estadunidense e o brasileiro, entre outros) e demonstraram como funciona a mais famosa delas que é a lavagem cerebral. Muitos Estados empregaram torturadores que usaram tais técnicas na guerra contra opositores.
O que estudiosos do fascismo chamaram de “caráter manipulador” faz parte disso tudo. O atual presidente do Brasil é um tipo desses, um natural agente do psicopoder e da lavagem cerebral. Mas ele não surgiu sozinho. Ele mesmo foi esvaziado da capacidade de pensar e de sentir e, assim, transformado em robô a serviço do sistema. Estereótipo do torturador psicológico, há algo de autômato nele. Espantalho do que vem sendo chamado de partido militar, ele segue com sua operação clássica de produção de medo e pânico na direção das massas. Ele sabe hipnotizar muito bem, pois foi programado para isso por especialistas cuja inteligência inescrupulosa administra a sua burrice e grosseria.
Em “Alien, o oitavo passageiro”, filme de Ridley Scott de 1979, há um androide entre os ocupantes da nave. Sua função é salvar o capital e deixar que todos os outros ocupantes da nave morram. Ele mesmo não se importa em morrer, pois está programado para não se importar com isso. Ele imita humanos, pois parecer humano é essencial ao processo de proteção do capital, mas não tem empatia por eles. Tudo esta organizado em um sistema, e sairá vivo dele quem tiver coragem de enfrentar o monstro.
Assistimos nessa semana a um evidente pane do autômato que serve ao sistema: ao dizer que o chefe do executivo mente, sendo ele mesmo o chefe do executivo, o presidente do Brasil desmascarou-se mais uma vez. Não foi apenas um ato falho psicanaliticamente compreensível. Com sua fala, o presidente androide atualizou o que em filosofia se chama “paradoxo de Epimênides”, ou paradoxo do mentiroso, pelo qual uma frase com pretensão de verdade, demonstra que o emissor dessa frase é o próprio mentiroso e, desse modo, o que ele diz não tem validade.
O que os brasileiros farão com um cidadão como Bolsonaro é o problema, diante da lavagem cerebral diária a evitar a capacidade de reflexão. Quem ainda acredita no mentiroso? Quem votará no mentiroso?
Marcia Tiburi
Professora de Filosofia, escritora, artista visual
Se tentar o golpe, Bolsonaro pode se complicar mais do que Jeanine Añez
"Bolsonaro deve ser o único tirano que se olha hoje no espelho e vê refletida imagem de uma mulher destruída pelo golpe que não deu certo", avalia Moisés Mendes
Superávit: Assembleia Legislativa de Rondônia repassa R$ 63 milhões para o Iperon
Isso é parte de um acordo feito entre os três poderes estaduais para garantir a saúde financeira da previdência estadual
Alesp mantém processo de cassação de Arthur do Val
Deputado estadual renunciou no dia 20 de abril
Comentários
Jornal está replicando matérias !!! quem estará pagando ?
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook