Bolsonaro minimiza crise e não critica “fura-tetos”

Bolsonaro minimizou o movimento da ala militar e dos chamados ministros “fura-teto” para descumprir o limite e usar recursos que sobraram do orçamento da pandemia em obras

Helena Chagas
Publicada em 12 de agosto de 2020 às 12:46

O ministro Paulo Guedes usou a debandada dos secretários Salim Mattar (Privatizações) e Paulo Uebel (Desburocratização) – com base na constatação de que o programa liberal que previa privatizações e reforma administrativa está fazendo água – para encostar Jair Bolsonaro na parede. Hoje, a bola está com o presidente, a quem cabe decidir se esse programa continua ou não, anunciando o que vai fazer concretamente com o teto de gastos e com as estatais. Bolsonaro já reafirmou seu apoio à agenda nesta manhã de quarta, via redes sociais, mas sua primeiras afirmações não tiveram a força desejada pelo pessoal da Economia.

O presidente postou o óbvio, que tem compromisso com a responsabilidade fiscal — que, junto com o teto, seria o “norte”do governo —  e com as privatizações, mas ficou no plano genérico, sem tratar mais especificamente do tema ou aprofundar definições. Bolsonaro minimizou o movimento da ala militar e dos chamados ministros “fura-teto” para descumprir o limite e usar recursos que sobraram do orçamento da pandemia em obras. “Num orçamento cada vez mais curto, é normal os ministros buscarem recursos para obras essenciais”, desculpou ele.

Mais adiante, também minimizou a debandada dos secretários, dizendo ser normal que alguém queira sair do governo: “Em todo governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais. Todos que nos deixaram voluntariamente vão para uma outra atividade muito melhor”. 

Ou seja, até agora Bolsonaro contemporizou e não deu a sinalização cabal que os defensores da agenda liberal – e não apenas Guedes – esperavam.

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