Bolsonaro, o inimigo público número um da nação
Em quatro anos de mandato, ele conduziu o País de forma desastrosa durante a pandemia e parece ter atuado para o genocídio dos Yanomami
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
A cada dia que passa, se confirma factualmente a noção de que o ex-presidente Jair Bolsonaro é um criminoso de relevância histórica talvez sem precedentes neste quadrante tropical da América Latina. As trapalhadas do aloprado senador Marcos do Val (Podemos-ES), bolsonarista raivoso de quatro costados, constituem, portanto, mais um conjunto de evidências ou provas de que Bolsonaro de fato conspirou para dar um golpe. A corte bolsonarista queria impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se perpetuar no poder.
Em entrevista concedida ao jornalista Kennedy Alencar, nesta quinta-feira (02), o próprio Lula dizia não ter dúvidas da materialidade do envolvimento de seu antecessor em sucessivas tramas golpistas. Ocorre que essa declaração é de uma gravidade capital, pois se trata de acusação feita pelo presidente da República contra a conduta de um ex-presidente. Como observou Alex Solnik, analista do 247, se Lula disse ter certeza é porque tem certeza mesmo, tendo sido informado de que há um conjunto probatório robusto incriminando o Jair.
Nesse sentido, a encenação histriônica e grotesca do parlamentar do Podemos é mais um elemento desfavorável ao ex-presidente de extrema-direita, uma das personalidades nacionais e internacionais mais desprezadas do momento. Como se sabe, Marcos do Val relatou que Bolsonaro o teria recebido no Palácio da Alvorada, para tratar de mais um “plano infalível” destinado a executar o golpe por meio de um grampo induzido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que, nesta versão, terminaria preso.
Genocídio e golpe
Recapitulando, do Val estaria na companhia do ex-deputado federal Daniel Silveira, novamente preso pela Polícia Federal (PF). Depois, o senador extremista voltou atrás, tentando livrar o pescoço de Bolsonaro e reiterando que seu objetivo é derrubar Alexandre de Moraes. Agora, aguarda-se cenas dos próximos capítulos talvez versados na revelação do que promete ser o conteúdo bombástico do celular de Silveira, apreendido pelos agentes da PF. Como se vê, é muita implicação de Bolsonaro em supostos crimes desde o genocídio a tentar golpe.
Senão, vejamos: durante o processo eleitoral de 2022, o ex-presidente reuniu embaixadores de dezenas de países no Brasil para anunciar que as urnas eletrônicas não são confiáveis e portanto, caso não fosse reeleito, teria havido fraude, de acordo com o torto raciocínio bolsonarista. Ao longo do ano passado, apostando na própria reeleição, ele institui o chamado Orçamento Secreto, destinando bilhões de reais, de forma sigilosa, a parlamentares da base governista.
Tal manobra configura maior caso de abuso do poder político e econômico durante um processo eleitoral. A candidatura do Jair foi impulsionada pelo mais intenso fenômeno de disparos em massa de que se tem notícia, tanto para denegrir a candidatura de Lula quanto para promover sua própria. Em quatro anos de mandato, ele conduziu o País de forma desastrosa durante a pandemia e parece ter atuado para o genocídio dos Yanomami, acossados por desnutrição, mercúrio, garimpeiros assassinos e estupradores. Inimigo público nº 1?
Sérgio Fontenele é jornalista e comentarista político
Enterrando o bolsonarismo
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