Bolsonaro segue seu espetáculo contra o voto popular
"A hipocrisia dos militares pela lisura do sistema de votação é pretexto destinado a questionar uma possível vitória de Lula", escreve Paulo Moreira Leite
Lula e Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Ricardo Stuckert | Reuters)
Horas depois de exigir acesso com o superlativo "urgentíssimo", a cúpula militar do bolsonarismo enfrentou um novo vexame do ano -- foi informada pelo TSE que os dados que diz procurar já estavam disponíveis desde o ano passado, e podem ser acessados a partir de hoje.
Sabemos que o voto eletrônico representou um progresso imenso em relação a apuração manual. Nas primeiras décadas de nossa República, ocorriam eleições "à bico de pena", expressão que designava um sistema escancarado de acerto e falsificação da vontade do eleitor.
O processo era assim: abertas as urnas, os votos reais eram deixados de lado, sendo substituídos pela contagem "à bico de pena", expressão adequada para descrever um sistema eleitoral vergonhoso. A contagem final era negociada pelas mesas apuradoras, controladas pelos representantes das oligarquias que dominaram as primeiras décadas da República, marginalizando a maioria da população -- a começar pela exclusão de analfabetos num país onde mesmo o ensino básico era um privilégio do andar de cima ou do andar do meio, na melhor das hipóteses.
No "bico de pena", a contagem de cada candidato podia ser negociada e finalizada de acordo com a poder de barganha dos candidatos concorrentes. Décadas mais tarde, quando foi possível implantar controles efetivos sobre a apuração, a contagem de votos era feita de forma manual, à vista de todos, numa mesa com representantes credenciados pelos partidos políticos. Era um progresso real, ainda que não fosse à prova de erros -- e até coisa pior, por parte dos mesários.
Em comparação com as alternativas conhecidas, portanto, está claro que o voto eletrônico é o meio mais seguro para se apurar e proteger vontade do eleitor. O problema real em 2022 é outro.
Quando todas as pesquisas eleitorais apontam para uma derrota de Jair Bolsonaro, a mobilização de militares de sua confiança para investigar um sistema de apuração que nunca mereceu questionamentos sérios serve à uma opção conhecida. Ameaçado por uma derrota, inclusive em primeiro turno, o que se quer é encontrar pretextos para questionar um resultado desfavorável, numa tentativa óbvia de criar um impasse institucional com a posse de Lula.
Alguma dúvida?
Paulo Moreira Leite
Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA
Só resta a Bolsonaro melar o jogo
"Resta a opção pela violência. A ideia é provocar uma convulsão social, que lhe permitirá decretar Estado de Defesa ou de Sítio", prevê Eduardo Guimarães
CMAS lança edital para eleição dos novos membros para a diretoria de 22-24
A votação ocorre no dia 31 de agosto, no auditório da Biblioteca Municipal
Prefeito assina projeto para adequação salarial aos servidores efetivos
Com a mudança, valor do salário-base passa de R$ 938,32 para R$ 1.212
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook