Bolsonaro sobreviverá ao ano da pandemia e da luta mundial contra o racismo?
"A crise do governo está só no começo", escreve o sociólogo Emir Sader. "Uma vez aprofundada por grandes mobilizações populares pelo Fora Bolsonaro, a crise pode desembocar numa situação aberta, seja pela anulação da chapa e as eleições de 2018, seja por acusações do STF, que também podem levar ao fim do governo Bolsonaro"
(Foto: Alan Santos/PR | Mídia Ninja)
Há meses já houve quem anunciasse que a pandemia seria o fenômeno fundamental do século XXI, como a crise de 1929 foi do século XX. De fato, a pandemia chacoalhou ao mundo inteiro, a todos os fatores de poder, afeta a vida de todo mundo. O próprio mercado sucumbe seus efeitos, corre pedir ajuda ao Estado, tão diabolizado por ele, para que todos possam se defender, através do SUS e dos centros públicos de pesquisa, da terrível pandemia.
Até a poderosa hegemonia norte-americana no mundo sofre duramente, dentro e fora do país, incapaz de resolver tudo com grana, como é da sua mentalidade. A sociedade norte-americana é sacudida pelas maiores manifestações da sua história, indignada por mais um assassinato brutal de um negro nas mãos de policiais brancos.
Tudo dá errado para o Trump. A economia norte-americana andava bem, o desemprego diminuía, o clima de relativa prosperidade, o candidato democrata parecia fraco para enfrentá-lo, nesse cenário político. De repente chegou a pandemia e os EUA foram incapazes de enfrentá-la, pela debilidade do setor de saúde pública no país. O governo despejou todo o dinheiro que tem e que não tem, achando que com isso pudesse correr atrás do prejuízo.
Não bastasse isso, as reações a mais um crime contra os negros, esta vez filmado nos seus detalhes, desatou mobilizações populares em todo o país. Diante das quais o Trump, que só pensa nas pesquisas para as eleições presidenciais de novembro, reagiu da pior maneira possível, ameaçando apelar até para as FFAA para reprimir. O apoio às manifestações chega a 72%, enquanto Biden livra 10 pontos de vantagem contra ele nas pesquisas.
À pandemia se soma o alastramento das manifestações antirracistas pelo mundo afora, chegando à Europa e também o Brasil. O ano não é apenas o ano da pandemia e todos os seus efeitos. Ele se torna também o ano da luta mundial contra o racismo. As manifestações das torcidas organizadas, as manifestações em Curitiba e em Manaus, se desatam mobilizadas pelo antifascismo e o antirracismo.
O governo brasileiro sucumbe diante da falta de política contra a pandemia. A militarização do ministério da saúde é um desastre, para o povo brasileiro, antes de tudo, que fica abandonado diante do aumento exponencial das vítimas e das mortes pelo coronavírus. Um desastre também para as FFAA, despreparadas para assumir uma responsabilidade dessa dimensão, mas que passa a ser responsável pelas catástrofes que se abatem sobre o Brasil. Os militares fracassam e demonstram que são incompetentes para assumir responsabilidades de governo, ainda mais com um tema agudo como a saúde, em um momento de uma pandemia.
Mas pode ser um desastre também para o governo Bolsonaro. Incapaz já, antes da pandemia, de recuperar a economia, vai se ver às voltas com a maior recessão da história brasileira, com desemprego recorde. Sobre a qual agem os resultados da pandemia e o clima de mobilizações políticas, que já foram reiniciadas e que devem ter, no domingo, um momento de generalização das respostas populares, contidas até aqui pela quarentena.
Bolsonaro trata de se defender no apoio dos empresários, enquanto ele consiga manter a política econômica neoliberal do Paulo Guedes, em processo de ser sepultada pela pandemia e pela recessão. Se apoia nos militares, que jogam uma parada decisiva no ministério da saúde. E se apoia no Centrão, que substitui a presença do Sérgio Moro, com que ele pode contar enquanto consiga contornar os processos contra ele e seus filhos.
Este, o ano da pandemia e também da recessão e da luta contra o racismo, será um obstáculo difícil para o Bolsonaro. A direita não o quer mais? É uma interrogação. Setores da direita se mobilizam, porque ele é um obstáculo para a recuperação da economia. O que eles querem é se garantir que, no caso em que seja impossível a continuidade do Bolsonaro, eles possam contar com o Mourão no seu lugar ou uma sucessão definida por uma Câmara conservadora, impedindo a realização de novas eleições.
O certo é que a crise do governo está só no começo. Uma vez aprofundada por grandes mobilizações populares pelo Fora Bolsonaro, a crise pode desembocar numa situação aberta, seja pela anulação da chapa e as eleições de 2018, seja por acusações do STF, que também podem levar ao fim do governo Bolsonaro.
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