Redes pública e particular de saúde alertam que Porto Velho chegou na capacidade máxima de leitos de UTI para Covid-19

Mesmo com recurso e intensivos esforços, gestores não conseguem adquirir no mercado mundial itens necessários para montar unidades para tratamento de pacientes graves da doença

Vanessa Moura - Fotos: Edcarlos Carvalho e Frank Néry | Secom - Governo de Rondônia
Publicada em 05 de junho de 2020 às 16:17
Redes pública e particular de saúde alertam que Porto Velho chegou na capacidade máxima de leitos de UTI para Covid-19

No Hospital de Amor foram ativados 12 leitos de UTI na quarta-feira (3), mas ocupação já chega a 75%

Rondônia já registra 6.459 casos confirmados de Covid-19 e 194 óbitos, e está nesse momento em uma curva acelerada de crescimento, com 745 novos casos em 24 horas. A capital, Porto Velho, concentra 67% do total de casos confirmados (4.343) e a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no município chegou à capacidade máxima não só na rede pública, mas também na privada.

Mesmo com recurso e intensivos esforços, gestores não conseguem adquirir no mercado mundial itens necessários para montar unidades para tratamento de pacientes graves da doença. As indústrias não tem conseguindo fabricar em alta escala todos os produtos necessários para a criação de leitos, devido à demanda súbita mundial ocasionada pela pandemia.

‘‘Em Porto Velho é muito similar o que passa o serviço público e o que passam os serviços privados, os leitos de UTI estão muito escassos, devido à dificuldade de disponibilização de equipamentos no mercado mundial e isso é preocupante para todos os cidadãos rondonienses’’, esclarece o secretário de Estado da Saúde (Sesau), Fernando Máximo, na tarde de quinta-feira (4), em coletiva à imprensa.

‘‘Chegamos no limite tanto na rede pública quanto na rede privada’’, acentuou o presidente do Sindicado dos Estabelecimentos Privados de Saúde do Estado de Rondônia, o médico Rafael Augusto Oliveira. ‘‘Não importa a sua condição financeira, não há mais capacidade de dar assistência em uma Unidade de Terapia Intensiva. Em Porto Velho, todos os hospitais chegaram na capacidade máxima. Quem puder ficar em casa, que fique’’, completa.

Gestores das redes pública e privada reforçaram o alerta para que a população fique em casa

Ele ainda afirma que mesmo querendo adquirir e tendo recurso, falta insumos no mercado e profissionais para manter pacientes na UTI. ‘‘A população que pensa que para o rico vai ter leito, fique ciente que para o rico também não vai ter. Não vai ter para quem tem e não tem plano de saúde. Está todo mundo no mesmo barco’’, assegura o presidente do Sindicado dos Estabelecimentos de Saúde Privada.

Uma realidade crítica vivenciada e atestada por gestores de unidades particulares de saúde da capital, que pedem à população que siga rigorosamente as recomendações para não se expor ao vírus.

‘‘Já está sinalizado o colapso. Mais que dobramos a capacidade de UTI, acredito que todos fizeram a mesma coisa, mas há uma dificuldade no mundo de montar uma UTI. Investimentos todos fizeram, inclusive o Governo, mas estamos com dificuldade de aquisição no mundo, nós temos remessa de ventilador prometida só para a agosto, hoje todos estão necessitando de equipamentos, medicamentos e insumos’’, reforça o médico e presidente de um hospital privado, em Porto Velho, Robson Bezerra.

Robson corrobora ainda que a situação chegou a um ponto que, independente da classe social, faltam condições para ampliar e oferecer leitos para atender a demanda. ‘‘A questão não é financeira, e sim de disponibilidade. Independente de situação social, fiquem em casa. O isolamento é extremamente necessário. Quero pedir que as pessoas se conscientizem mesmo, porque as unidades estão no seu limite’’, alerta.

O coordenador da Comissão Covid-19, de outro hospital privado, médico Rafael Horácio de Brito, destacou todo o esforço que está sendo feito para ampliação de leitos e o desafio que é atender as demandas geradas pela pandemia. ‘‘Aumentamos a capacidade de internações e até dentro da terapia intensiva, fizemos todos os protocolos que tínhamos condições, mas não há condições de termos medicações e outros adendos necessários para atender a demanda de pacientes graves. Nós já ultrapassamos o nosso limite, estamos controlando casos na enfermaria’’, explica.

O médico pede que a população siga as recomendações para evitar o contágio.‘‘Estamos com dificuldades. As pessoas hoje que precisam de leito de terapia intensiva e não temos como oferecer. É uma situação realmente preocupante, é grave e reforço a solicitação a todos que tenham os cuidados, quem pode, que permaneça em casa, não se exponha, use máscara, para que consigamos vencer essa batalha’’, afirma Rafael.

VELOCIDADE DE OCUPAÇÃO DAS UTI’S

O governo de Rondônia, através da Sesau, trabalha intensamente para dar assistência aos rondonienses na pandemia, onde antecipou a compras de equipamentos, que permitiu chegar à estrutura que se tem hoje. ‘‘Antes de não ter casos de Covid-19, já havíamos nos antecipado em muitos coisas, inclusive foram comprados ventiladores, equipamentos de proteção individual’’, conta o secretário.

‘‘Mesmo com todo esse déficit de leitos, só agora, depois de mais de dois meses de pandemia, estamos apresentando o caos. Nós conseguimos montar muitos leitos, exclusivamente para Covid-19”, afirma Fernando Máximo. Conforme relatório de ações do Sistema de Comando de Incidentes – Sala de Situação Integrada (SCI),  há 425 leitos hospitalares da Rede Estadual para atender casos de Covid-19, desses 134 são leitos de UTI.

Mesmo com leitos criados, a velocidade com que a população está se contagiando e ocupando os leitos hospitalares é considerada assustadora. Para se ter uma ideia no Hospital de Amor onde foram ativados 12 leitos de UTI na quarta-feira (3) já chega a 75% de ocupação, conforme a direção da unidade. Os gestores pedem o máximo de cautela da população.

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