Brasil e o Guaporé, tudo a ver!

O Badernaço e a Caçambada Cutuba, portanto, são ovos chocados pela mesma serpente: o Terrorismo Político

Antônio Serpa do Amaral Filho
Publicada em 17 de janeiro de 2023 às 19:57
Brasil e o Guaporé, tudo a ver!

A obra do jornalista Zola Xavier, Uma Frente Popular no Oeste do Brasil, que será lançada em breve na Casa da Cultura de Porto Velho, desponta hoje como um texto oportuno e providencial para o momento, principalmente em razão do contexto histórico que acabou de delineando. 

São muitas as similitudes e coordenadas simétricas entre o contexto que o livro vem a descortinar para seus leitores e esta página viva e contemporânea em que o país está mergulhado.  São dois cenários e dois roteiros, são dois mundos e duas realidades, duas experiências de tamanhos diferentes, mas assemelhadas.  

No Território Federal do Guaporé, Oeste do Brasil, - o microcosmo.  Lá, para fazer frente à força política de Aluízio Pinheiro Ferreira, foi composta uma Frente Ampla e Popular (a esquerda bossa-nova da direita, a UDN, democratas, socialistas, comunistas, perseguidos, desvalidos, idealistas, românticos, indignados e sonhadores perfaziam as hostes dos peles-curtas). 

No território federalizado do país – o macrocosmo. Aqui, para dar cabo ao fenômeno do bolsonarismo fascistoide, formou-se a maior frente política de toda a história do país.  Aluizismo e Bolsonarismo guardam entre si alguns intrínsecos elementos performáticos: o personalismo exacerbado do populismo bem talhado para embevecer as massas; o autoritarismo como principal ferramenta de argumentação e condução da gestão político-administrativa; o culto falacioso do nacionalismo, como doce ópio do povo, e as implícitas e explícitas as concepções fascistas a dar o tom da valsa no trato com as gestões do governo e de Estado.  

Aqui, tivemos o Badernaço de 08 de Janeiro, com a invasão e a vandalização das sedes do governo, Supremo Tribunal Federal e Câmara Federal. Entre mortos e feridos, saíram ilesos o Governo de Luís Inácio Lula da Silva e a Democracia Brasileira! 

Lá, ocorreu a famosa Caçambada Cutuba, de 26 de Setembro de 62, com o lançamento de um veículo caçamba sobre os participantes do comício de Relato Medeiros, líder da grande frente popular que se formou para vencer o aluizismo. 

O Badernaço e a Caçambada Cutuba, portanto, são ovos chocados pela mesma serpente: o Terrorismo Político. 

Os líderes de ambos os momentos históricos, Aluízio Ferreira e Jair Bolsonaro, embora guardem diferenças de pressão e temperatura entre si, sendo Aluízio um militar inteligente, qualificado para arte política e criativo (descendente de indígenas Kaetés, ele foi considerado pelo Marechal Rondon o último legionário do sertão), e sendo Bolsonaro uma personagem completamente ogra e com QI beirando a idiotice e a esquizofrenia, há entre eles traços umbilicais, tais como o poder de falaciosamente tocar os corações de seus correligionários, fazer a multidão delirar em suas aspirações e mitologias de pé de barro.  

Ambos fizeram do Comunismo um elefante branco que nunca existiu, nem na sala do Território Federal de Rondônia, nem na atual cena política que estamos vivendo. Mas o Elefante Branco inexistente, no delírio das massas inebriadas pelas catilinárias midiáticas construídas para esse fim, chegou a ser visto por muita gente. Conclusão: rendeu voto, fanatismo e poder. Aluízio Ferreira mandou para a cadeia vários líderes que supostamente estavam implantando a República Socialista do Guaporé. A polícia política territorial prendeu Medeiros, o engenheiro Wadih Darwich Zacarias e o médico Ary Tupinambá Penna Pinheiro. Bolsonaro fez do combate ao Comunismo seu veneno mais poderoso, contaminando vários setores sociais e vetores do Estado, principalmente os fardados.  

Bolsonaro e Aluízio Ferreira, Badernaço e Caçambada Cutuba, aluizismo e bolsonarismo, populismo e autoritarismo, a política local e a política nacional, o Brasil e o Território Federal do Guaporé! Sem querer querendo, o jornalista Zola Xavier vai bater todas essas polpas no liquidificador da sua resenha literária para mostrar ao público com quantos paus se faz a canoa da história! As duas frentes populares venceram! Brasil e Guaporé, tudo a ver! 

Quem viver e ler, verá!! 

Comentários

  • 1
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    edgard alves feitosa 18/01/2023

    Marx, no "18 de Brumário", escreveu: " a História se repete, a primeira vez como tragédia; a segunda como farsa"; guardadas as devidas proporções, a "caçambada" foi uma tragédia perpetrada pelo "Soba" Aluísio Ferreira; mas, a segunda é uma macro farsa: a farsa de "deus"; a farsa da "pátria"; a farsa da "liberdade"; a farsa de "deus", uma relação incestuosa entre política partidária e os evangélicos, em que o Sagrado Púlpito se traveste de palanque político partidário, e não mais de ouve HaleluYAH, mas o obsceno "mito"; farsa de "pátria", que encarnando o espírito "dominicanis", que via "hereges" em todos os lugares, assim os "patriotários" enxergam "comunistas" por todas as partes; a farsa da liberdade, em que destruímos tudo em nome da "liberdade".... em nome da "liberdade", querem a volta da ditadura, cuja primeira prisão e primeira morte, será justamente a Liberdade...... Liberdade, Liberdade, quantos crimes são cometidos em teu nome.................

  • 2
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    Decio Luiz 18/01/2023

    Bom comentário e de uma clareza pedagógica. Esse livro, com certeza vai chegar com essas informações e com a mesma clareza esperamos ansiosos.

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Winz

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