Brasil vai usar tecnologia para recuperação de ecossistemas nativos

O Brasil perdeu cerca 10% de áreas de vegetação nativa, entre os anos de 1985 a 2019, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

Janary Bastos Damacena/Brasil 61
Publicada em 08 de novembro de 2020 às 17:44
Brasil vai usar tecnologia para recuperação de ecossistemas nativos

O Brasil perdeu cerca 10% de áreas de vegetação nativa, entre os anos de 1985 a 2019, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Os mapas e dados apresentados pela organização não governamental mostram que o Brasil perdeu 87,2 milhões de hectares dessas regiões, com um ritmo de perda de vegetação nativa mais acelerado entre 2018 e 2019.

Por isso, com vista neste tipo de problema enfrentado pela biodiversidade brasileira, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) lançou a Iniciativa Regenera Brasil, uma estratégia que tem objetivo de contribuir com a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico e a inovação para a geração de diretrizes que venham a promover a recuperação efetiva dos ecossistemas nativos brasileiros.



De acordo com a proposta do Regenera Brasil, de início, serão três projetos-pilotos em parceria com unidades de pesquisa vinculadas ao ministério, sendo dois na Amazônia, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG); e um na Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).

Com isso, o governo federal pretende promover a sustentabilidade ao mesmo tempo em que reforça o cumprimento de compromissos internacionais por meio do desenvolvimento de novas ferramentas, como explica o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes.

“Qual a missão do ministério? Produzir conhecimento; produzir riquezas para o país através de produtos, serviços, empresas e tecnologia; e contribuir com a qualidade de vida das pessoas. Tentamos colocar através de programas que são espalhados ao longo de uma escala de desenvolvimento de tecnologia, de maturação de tecnologia em uma escala utilizada ou criada pela NASA, de 9 itens começando no 1 como um conceito e chegando até o 9 como um produto final”, disse o ministro.

Apesar da iniciativa, para a pesquisadora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UNB), Carmem Regina Correia, preservar e conservar são ações mais importantes para os ecossistemas brasileiros, pois demandam menos recursos financeiros e tempo, uma vez que ao falarmos de regeneração ou restauração, significa dizer que houve uma degradação anterior aos recursos naturais.

“Tem que ser feito um grande esforço no sentido de recuperar. E é um grande esforço não só de recursos, mas de tecnologia, de pesquisa, porque uma coisa foi a construção desses ambientes naturais por milhões de anos, outra é a gente ter que recuperar em pouco tempo. Então se falar em regeneração, são 10 anos, 20 anos para você começar a ver um início de restauração de uma área.”  

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A necessidade de preservação e regeneração dos ecossistemas nativos brasileiros se mostra mais relevante quando explicado que a variedade de biomas nacionais reflete a enorme riqueza da flora e da fauna do país, uma vez que o Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta. É uma abundante variedade de vida – que se traduzida em mais de 20% do número total de espécies do mundo.

Por isso, segundo o ministério, para definir as diretrizes que contribuirão para a iniciativa, será prestado a ajuda de um comitê de especialistas de notório saber com experiência em recuperação de vegetação.  De acordo com o projeto, serão priorizadas as áreas de recuperação com melhor relação custo-eficiência; a definição de metodologias adequadas de recuperação para cada situação de degradação; o monitoramento científico das áreas em recuperação; a redução da perda de biodiversidade; e a ampliação dos serviços ecossistêmicos associados.

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